O objetivo foi evitar propaganda pessoal com recurso público. Outras 20 mil unidades confeccionadas foram incineradas. Motivo: uma foto proibida de Waldemir estampava uma das páginas.
A mais nova edição da revista da administração de Manoel Gaspar (PMDB) não terá o mesmo fim, porém, o Ministério Público (MP) quer impedir promoção pessoal. O vazamento da informação sobre a impressão do material provocou estranheza pelo fato de o mandato estar no fim.
Numa rápida fiscalização o promotor público teria orientado a não postar nenhuma foto de político, a logomarca da administração, bem como, desautorizou a publicação de duas páginas que apareceriam as supostas “conquistas históricas” para Tupã. No entendimento do MP se são históricas não deveriam compreender apenas o período das três administrações de Manoel Gaspar – 1997/2000, 2001/2004 e de 2013/2016.
Ou seja, existiriam outras conquistas históricas. Por exemplo, uma que o próprio prefeito fez estampar nas páginas dos jornais nesta quarta-feira (30) – sobre qualidade de vida – em que pesquisa da Sabesp comprovaria a qualidade do saneamento básico em Tupã.
A conquista é histórica e foi viabilizada a partir da gestão de Carlos Messas que foi visionário ao estabelecer parceria com a estatal. É evidente, que ao longo de mais de 30 anos, a empresa foi promovendo outros investimentos. Marília é exemplo de que o município não sustenta sequer a manutenção dos serviços de distribuição de água e de coleta e tratamento de esgoto do município. Bauru, idem. Portanto, estas páginas que poderiam aparecer na revista terão que ser suprimidas ou alteradas para não caracterizar promoção pessoal.
Outra pergunta que não cala: qual a importância institucional divulgar no apagar das luzes da administração eventuais feitos. É, ainda mais preocupante o assunto quando percebe-se a falta de recursos para, por exemplo, manter em funcionamento o sistema de ar condicionado do anfiteatro da Emef “João Geraldo Iori” (foto abaixo).
Além disso, funcionários reclamam o não pagamento de horas extras e até da falta de qualidade do papel higiênico que provoca constrangimento na hora da higiene pessoal dos trabalhadores da prefeitura.
Dia 19 de novembro, durante apresentação de alunos de um núcleo de dança, o sistema de ar condicionado estava sem operar por problemas técnicos. A direção da unidade informou que os aparelhos instalados no local eram incompatíveis com o sistema de energia elétrica do prédio, mas suspeita-se que o objetivo era contenção de gastos. Seria inconcebível imaginar que a administração teria instalado cinco enormes aparelhos de ar condicionado num prédio sem capacidade técnica do sistema elétrico suportá-los.
Só para lembrar, desde o dia 13 de outubro de 2015, a prefeitura e suas repartições públicas funcionam apenas em meio período, exatamente por falta de dinheiro. Confeccionar milhares de revistas para dar publicidade ao pouco que fez -, é no mínimo assinar o atestado de incompetência administrativa.
INCINERAÇÃO
Não é de se estranhar esse comportamento inusitado – lançar revista sobre o governo com a justificativa de que “se quisesse promoção o faria antes das eleições”. Até tentou e conseguiu a impressão de 20 mil unidades, mas tudo teria sido incinerado.
A incineração teve acompanhamento pessoal do prefeito Manoel Gaspar (PMDB). O “modus operandi” foi no melhor estilo da administração de sua criatura, para inutilizar gabaritos e correção de provas de concursos públicos fraudulentos. Já o criador – escondeu da fiscalização do Ministério Público milhares de revistas promocionais e literalmente queimou o dinheiro utilizado para pagar a confecção do material.
O motivo da incineração, também foi o próprio ex-prefeito. O objetivo da “publicidade” era enaltecer os primeiros feitos dos primeiros meses da administração. Gastança “turística” com Tupã Folia, Tupã Junina e parceria com a Exapit, sob a supervisão do vereador Antônio Alves de Sousa, “Ribeirão” (PP), responsável político pelas pastas de Turismo e Desenvolvimento Econômico e Comércio Exterior.
A propósito, como presidente da Câmara também teve que devolver dinheiro público pela impressão de uma revista que supostamente divulgava os feitos do parlamento e até mencionava os outros Dois Poderes para não dar conotação de IMPARCIALIDADE, mas a referência não sensibilizou o Terceiro Poder.
FOTO PROIBIDA
O motivo da incineração de milhares de revistas coloridas foi o surgimento de uma foto em que o desafeto político – Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB) aparecia todo sorridente expondo possivelmente uma realização. Gaspar ficou irritado e “arquivou” todo o material. Antes disso, exigiu explicações de seu staff político.
Para a surpresa de Gaspar a falha havia sido da própria filha – Maria Elisa Gaspar – secretária de Governo à época. Ela supervisionou toda a confecção da revista. Cuidou de cada foto e deixou “vazar” a foto do “inimigo” político do pai. Também foi ela e sua assessoria as responsáveis pela logomarca de governo plagiada da igreja Luterana.
FATO
Em verdade, não há muito o que ser mostrado nesta revista. Todos os “fatos” que não aconteceram na administração foram revelados em entrevistas coletivas convocadas pelo próprio prefeito: “não vai ter carnaval”, coletiva – “não vai ter Natal Iluminado”, coletiva – “não vai ter Semana da Solidariedade”, coletiva – “não vai ter reajuste para o funcionalismo”, coletiva – “a prefeitura não vai mais funcionar o dia inteiro”, coletiva. Convoca-se coletiva para anunciar novidade. Leia também: Prefeitura de Tupã recolhe marketing plagiado e lança outra logo
Esta foi a única administração que convocava coletiva de imprensa para dizer o que não ia acontecer. Era assim: o próprio prefeito dizia que algo ia acontecer e, em seguida, ele mesmo convocava a imprensa para dizer que não ia acontecer. Logo, o que pode ter acontecido de tão importante para estampar uma nova revista? Leia também: Semana da Solidariedade: coletiva pode cancelar a festa.
INVESTIGAÇÃO
A única possibilidade de eventualmente descobrir a possível incineração de 20 mil revistas entre o final de 2013 e o começo de 2014 é realizando um “pente fino” em documentos de empenhos em nomes de empresas de publicidade de Presidente Prudente ou do Paraná e ou de gráficas de Presidente Prudente. Alguém pagou pelo mal feito. Se fosse dinheiro do próprio bolso, não haveria necessidade de queimá-las. O contribuinte foi o responsável pelo pagamento.
A gráfica utilizada para a impressão das revistas, segundo consta, seria de Presidente Prudente e com estreita ligação com o ex-deputado federal Cândido Vaccarezza. Ele até aparecia em algumas reportagens como forma de “pagamento” pelas realizações ao município. Costumeiramente ele era calorosamente recepcionado com suculentos pratos de famoso ambiente gastronômico tupãense ao lado de agradáveis companhias (foto abaixo).