Promoter busca na solidariedade recursos para adquirir um novo triciclo
Enquanto alguns inventam desculpas esfarrapadas para não trabalhar, outros demonstram como é possível superar desafios mesmo quando a circunstância insiste em expressar o contrário. A diferença está no querer ser útil à sociedade e servir de exemplo a tantos homens e mulheres em condições perfeitas de saúde, mas optam pelas “facilidades” do ócio e vadiagem.
Em Tupã, são vários os exemplos de pessoas que nos ensinam todos os dias de que é preciso acreditar sempre! Um deles, é Claudomiro Pereira da Silva, 52 anos. Quem não o conhece? Talvez não seja conhecido como Claudomiro, mas quando falamos em Cláudio Silva, automaticamente nos vem à cabeça a imagem dele em seu triciclo – veículo que utiliza para trabalhar.
Suas “pernas” são as rodas do triciclo, com o qual percorre o comércio tupãense divulgando e ou buscando patrocínio para promover um evento (shows, quermesses, rodeios, entre outros).
O que o impulsiona é o trabalho e a solidariedade. Prestativo e convicto da importância que tem no contexto da comunidade, não há campanha realizada por grupos de voluntários sem a colaboração de Cláudio Silva. Foi assim que fundou a Associação em Defesa de Pessoas com Deficiência de Tupã e Região (APDETT) com amplo trabalho de sensibilização da população e autoridades sobre mobilidade e acessibilidade urbana. Presidiu esta entidade por dois mandatos e lutou para agilizar a criação do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Para buscar conhecimento sobre os direitos das pessoas com deficiência participou de congressos e conferências por toda a região e de reuniões do Conselho Estadual. Mas, por ironia do destino, Cláudio Silva perdeu a própria mobilidade com a quebra constante de seu triciclo. O veículo lhe proporcionava acesso ao trabalho e condições de se auto sustentar.
A saída encontrada é a de mobilizar amigos e a coletividade para ajudá-lo a superar este obstáculo. Apesar de aposentado, é no trabalho que Cláudio Silva encontra motivo para seguir adiante. Para complementar a renda, realiza serviços de locução na Band FM, mas está impossibilitado de exercer a atividade desde que o triciclo apresentou problemas mecânicos.
Divorciado e pai de três filhas, maiores de idade, Cláudio Silva reside sozinho na Rua Walter Campione, 30, Conjunto Habitacional “Antônio Pereira Gaspar”.
Quem quiser ajudá-lo a superar mais este mecânico obstáculo pode mobilizar seus amigos, colegas de trabalho a desenvolver ações para proporcionar a arrecadação de apenas cerca de R$ 20 mil para aquisição de um triciclo de fabricação nacional para o Cláudio Silva seguir sua missão de dedicação ao trabalho e de prestação de serviços à sociedade tupãense. Quem preferir pode fazer doação de qualquer valor na conta 013 – 81189-1 – agência 0362 – Caixa Econômica Federal, em nome de Claudomiro Pereira da Silva.
É com este propósito que o blog jotaneves.com inicia esta campanha. Para contato com o próprio Cláudio Silva, o telefone (14) 9 9704-4165.
A PARALISIA
Chamada hoje em dia de poliomielite – a paralisia infantil que acometeu Claudio Silva nos primeiros 9 meses de sua vida, o fez se locomover com muletas até os 25 anos de idade, quando casou-se. Sem nenhuma orientação médica, tornou-se obeso e desde então foi obrigado a utilizar cadeira de rodas.
A adaptação foi difícil à época. “Minha esposa me empurrava pela cidade para vender publicidade. Passamos por muitas necessidades. Um dia sob uma forte chuva o presidente da comissão de rodeio da Zona Leste, Albino de Oliveira, “Binão”, passava de carro com sua família e presenciou o sofrimento meu e de minha esposa. Ela me empurrava na subida de paralelepípedos da Rua Marília. Sensibilizado reuniu a comissão organizadora de um rodeio que estava acontecendo em janeiro de 1993, ao lado do Terminal Rodoviário com renda revertida para o carnaval e ficou definido que o próximo evento que aconteceria em maio, parte do recurso seria para comprar um triciclo para mim. Eu trabalhava no evento como locutor comercial e um dos integrantes da Comissão, Odair Victor, pediu que eu anunciasse esse fato”, relembra emocionado, Cláudio Silva.
Saudosista, Cláudio Silva não se esquece da campanha que mobilizou a cidade e sensibilizou o radialista Dorival Jorge que irradiava todos os dias sobre o assunto até que surgiu um triciclo que foi montado pela Moto Star e com manutenção por um ano.
OS ACIDENTES
Ao longo de 27 anos, conduzindo seu triciclo, Cláudio Silva gaba-se de nunca ter sido o causador de nenhum acidente, porém, foi vítima de vários provocados pela imprudência de terceiros. Em um deles, ocorrido em 2009, quase foi a óbito com uma hemorragia interna, após uma colisão traseira. O triciclo sofreu perda total.
Mas também foi a partir deste acidente que, Cláudio Silva conseguiu um triciclo importado. Foi doação de um primo que veio visitá-lo. “O triciclo importado de fabricação chinesa apresentou problemas mecânicos durante todo esse tempo, o que ensejou em processos no Procon e na Justiça. Hoje a empresa não existe mais e não há no mercado peças para reposição”.
O SONHO DE AJUDAR
“Esse sonho seguiu-se de um outro. Quando eu tinha 15 anos, me sentia triste sem poder andar. Era muito ouvinte de rádio. Naquela época só tinha AM. Pensava em ser um locutor famoso para ajudar as pessoas com as mesmas deficiências que eu tinha. Comecei a frequentar os programas das Rádios Piratininga (Tupã) e Clube, quando o saudoso gerente Pio de Almeida me autorizou a utilizar o microfone em um dos quadros – reportagem musical. Saia pelas ruas da cidade entrevistando as pessoas sobre qual música gostaria de ouvir no programa de Mauricio Sérgio, que em seguida passou a ser apresentado por Edson Ramos”.
Cláudio Silva também tentou seguir carreira no rádio em Dourados (MS), mas foi mesmo em Tupã como empresário da dupla Wando e Walcir que foi precursor de shows dos sertanejos durante as quermesses. Por 20 anos sobreviveu através do patrocínio de quermesses. O projeto deu tão certo que a região também adotou a ideia de se fazer shows com a dupla no encerramento desses tradicionais eventos.
Arrojado, Cláudio Silva também foi vendedor de espaço publicitário para os jornais de Tupã, realizou trabalhos de serviço de som na feira livre aos domingos e no Terminal Rodoviário “Geraldo Seiscentos”, anunciando a saída de ônibus.
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