Mais de 5 mil árvores foram derrubadas pelos ventos de até 100km/h. As ameaças de novos fenômenos deixam todos apavorados.
“Eu ainda estou traumatizado”, disse o morador na manhã do dia 4 de julho, quase uma semana depois da passagem do ciclone úmido sobre o distrito de Varpa, município de Tupã.
Sem identificá-lo, contamos apenas a narrativa vivida na escuridão da madrugada do domingo, dia 28.
– Fui acordado pela minha esposa dizendo que a casa estava caindo. Assustado me levantei, peguei uma lanterna e ameacei sair pra fora de casa. Já não tinha energia.
O morador conta que ao cair em si, percebeu que nada podia fazer e se tratava de uma tempestade. O ruído do vento arrancando e decepando árvores era intenso e assustador. Depois de 11 longos minutos, o silêncio e o pânico.
– Felizmente na minha casa e num depósito que possuo na propriedade poucos danos, ninguém sofreu um arranhão sequer, mas só na minha área, mais de 70 árvores foram derrubadas.
A prefeitura havia informado que o ciclone teria danificado cerca de 120 árvores. Essa quantidade é apenas nas vias públicas e praças. Segundo o morador, um levantamento entre os proprietários calcula-se que mais de 5 mil árvores de várias espécies, entre elas, eucaliptos foram destroçadas pelos ventos que atingiram até 100km/h.
“Com tanta madeira no chão, quem utiliza-se desse comércio, quer pagar mixaria. Muitos proprietários estão limpando suas chácaras e sítios e vão enterrar os galhos”, disse a testemunha de um fenômeno jamais visto até então, desde a fundação do distrito, em 1922.
GUARDA-ROUPAS
Depois da passagem do ciclone, enquanto se coloca a casa em ordem e se restabelece do susto, os causos contados provocam até uma sensação de alivio e motivo para distensionar.
Depois de enxugar as lágrimas, enquanto nos relatava a sensação de impotência diante da poderosa ação da natureza, outros testemunhos chegam a ser cômicos.
Ele conta que um casal escondeu-se dentro do guarda-roupas para escapar da fúria do ciclone. Já outro, foi parar embaixo da mesa, quando as primeiras telhas começaram a cair. “Ele disse que parecia a bateria de uma escola de samba a queda de telhas sobre a mesa que o protegia”.
Brincalhão, mas não menos assustado com o fato, o cidadão seguia no seu relato à testemunha. “Revelou que permaneceu escondido embaixo da mesa até às 5 da madrugada. O temporal teve início por volta de 1 hora. Só a partir de então disse ter saído em desabalada carreira para um campo aberto onde não existia nenhuma árvore para se refugiar do ciclone que já havia passado há horas, tamanho o susto”, observou o depoente.
NOVAS AMEAÇAS
Nesta semana que passou, entre terça-feira e quarta-feira, dia 1º, os moradores de Varpa, na sua maioria letos e descendentes voltaram a ficar apavorados com a ameaça de a região voltar a ser atingida pelo ciclone-bomba que provocou estragos e pelo menos 12 mortes no Sul do Brasil.
Equipes da concessionária de energia elétrica, da Defesa Civil Municipal e do Corpo de Bombeiros monitoravam a todo instante a trajetória do fenômeno para informar os moradores.
A ordem era pegar apenas o necessário e evacuar a área. “pediram pra gente pegar documentos e algumas peças de roupas e sair rapidamente. A cada telefonema a gente ficava de sobressalto, esperando o pior”, lembrou.
A preocupação era grande uma vez que pelo trajeto que o ciclone fazia poderia ir de novo na direção do distrito, mas felizmente as informações não se confirmaram e todos puderam descansar da tormenta.
Nesta semana, ainda que alguns meteorologistas garantem que o terceiro ciclone formado a partir do Sul não deve atingir o estado de São Paulo, a Defesa Civil faz alerta para ventos fortes de até 80km/h, para a região de Marília (veja ao lado).
Leia também: Tempestade tropical com ventos sustentados de até 100 km/h provocou pânico e estragos em Tupã