A Câmara que tem sido uma extensão da prefeitura, deu demonstração de racha na base aliada do prefeito.
A expressão “rabo de pato” nada mais é uma forma de denominar aquele puxadinho feito nos fundos da casa para encobrir ao menos o tanque de lavar roupas.
Já o “puxadinho” é uma extensão que faz num imóvel, em forma ilegal para aproveitar mais o espaço e poder utiliza-lo para mais um ambiente. A formação da palavra com diminutivo “inho” indica um sentido popular, de realizar algo nos limites entre o permitido e o não permitido.
Eis onde queríamos chegar. Quando o prefeito Caio aoqui (PSD) insistiu na eleição de Eduardo Akira Edamitsu, o “Shigueru” (PSD), presidente da Câmara, tinha em mente a expansão de seu poder, através do legislativo.
É natural que o prefeito eleito faça esforço para eleger um aliado seu também para a Câmara, com a finalidade de “harmonizar” as decisões políticas.
O atual líder do prefeito, Marcos Gasparetto (PSD) até tentou obter o apoio de seus pares, mas já de olho na cadeira do prefeito. Ele desmentiu depois, mas a primeira impressão foi a que ficou.
Mas a última impressão que fica mesmo é a desarmonia entre os dois poderes, seja nas ações ou na tentativa de verbalizar o discurso. Um indício de base aliada estremecida.
Foi dessa forma que o líder Gasparetto disparou “fogo amigo” contra os parceiros de partido e os chefes de dois poderes de Tupã – Caio Aoqui e “Shigueru”.
Literalmente jogou contra o patrimônio ou simplesmente cansou da pejorativa “tocada de porcos”, grupo de aplicativo ao qual o prefeito faz parte e governa através dele.
Gasparetto colocou em xeque a Irmandade da Santa Casa e ratificou que houve furada de fila da vacina contra Covid-19. Leia mais: DENÚNCIA: Presidente da Câmara de Tupã “furou” fila de vacinação contra Covid-19
– É preciso cobrar da Irmandade da Santa Casa que recebe muito dinheiro da prefeitura e dos deputados. A Irmandade não é só para furar fila da vacina, questionou.
O furador da fila da vacina estava na presidência da mesa diretora da Câmara – vereador Shigueru, como integrante da Irmandade.
A ideia inicial de Gasparetto era defender o prefeito contra as criticas da população que tem cobrado ação para resolver os problemas na saúde pública do município. “Engula o caroço”, esbravejou o parlamentar a uma munícipe presente no plenário.
Pouco antes do “desabafo” do líder, os vereadores Renato Fresneda Delmori, o “Renatinho da Garagem” (PL) e Claudia Aparecida da Silva, a “Claudinha do Povo” (PP) já haviam disparado contra o executivo pelos mesmos motivos que levaram o público à sessão da Câmara desta segunda-feira (6).
Renatinho exigiu que o prefeito “pare com conversa fiada” e resolva logo os problemas que afetam a população. Já Claudinha indicou ao prefeito Caio Aoqui “que não promova festa para causar aglomeração, em tempos de pandemia”.
– Eu não sou contra nenhum evento e sei das necessidades daqueles que tiram desses eventos o seu sustento, mas não pode o próprio poder público patrocinar a disseminação do coronavirus com quase 300 mortos.
A sessão de ontem demonstrou o quanto o atual governo se perdeu após pouco mais de 500 dias de administração e, quando a “casa cai”, arrasta também o “rabo de pato”.
Esse é o limite entre o permitido e o não permitido, o legal e o ilegal, mas nem tudo que é legal, é moral. Essa cumplicidade do legislativo cheira imoralidade e ineficiência, na Praça dos 2 poderes.
Foi por suposta falta de eficiência que a Câmara cassou o mandato de Ricardo José Raymundo (PV), em 28 de maio de 2019.
INFILTRADOS
Outro motivo que tem levado ao descontentamento de parlamentares, é a teia de infiltrados que Caio Aoqui levou para dentro do legislativo com a eleição de Shigueru.
Como integrantes da colônia japonesa, os dois se cercaram de outros aliados que comungam dos mesmos interesses. Estes têm sido “usados” como “espiões” sobre todos os diálogos e protocolos de indicação, requerimentos e projetos.
A ideia é furar e se antecipar as eventuais cobranças dos vereadores mas, para isso, Caio Aoqui favorece uma meia dúzia, de 12 que lhe apoiam na Câmara. É importante lembrar, que nem mesmo os demais fazem oposição ao prefeito.
Antônio Alves de Sousa, o “Ribeirão” (PP), Claudinha do Povo, do mesmo partido, e Paulo Henrique Andrade (PSDB), da mesma bancada, votam e se expressam no mesmo sentido das ações do executivo.
É no sentimento de desconfiança, ego inflado na supremacia dos votos e na falta de humildade, além de tentar controlar tudo e todos, que Caio Aoqui fracassa nas próprias pernas.
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