O “Saúde em Casa” foi implantado às vésperas das eleições municipais. O ônibus todo equipado foi localizado com aspecto de abandono.
Em meio as denúncias de corrupção, através de possíveis atos de improbidade administrativa praticados pela ex-diretora geral da Saúde, Amanda Ramos Berti Guilhen Calvo, o prefeito Manoel Ironides Rosa (MDB) abandonou uma de suas principais propostas – “Saúde em Casa”.
Lançado em 27 de dezembro de 2019, faltando pouco menos de um ano para as eleições de 2020, a prefeitura prometia através de um ônibus adaptado com gabinete dentário e médico levar à população da zona rural atendimento de qualidade.
– É um carinho nosso, cumprimento de uma meta para levar saúde de qualidade na casa da população da zona rural. Esse serviço já deveria estar funcionando desde 2007, mas as administrações anteriores optaram por desativá-lo por contenção de despesa e nunca quiseram colocar esse serviço à disposição da nossa comunidade. Nós estamos bancando isso pela prefeitura e ofertando um grande serviço de saúde para toda a população, dizia o chefe do executivo, à época do lançamento do programa.
Mas, de acordo com a última publicação feita pela página da Prefeitura de Bastos, em 6 de agosto de 2020, às vésperas das eleições, nunca mais se teve notícia da utilização da unidade móvel de saúde.
No dia 7 de agosto, o ônibus iria percorrer as proximidades da Granja Kakimoto, no período das 8 às 12 horas, “levando cuidados de enfermagem e atendimento bucal aos munícipes”, dizia a nota.
Quando da implantação do Programa “Saúde em Casa”, o presidente da Câmara de Bastos, Claudemir José dos Santos, o “Buchinha” (MDB) endossou o discurso do prefeito.
– Esse home care (assistência médica domiciliar) vai levar médicos e dentistas para o pessoal que não tem tempo e disponibilidade pra vir pra cidade. É uma promessa de campanha sendo cumprida, é um espetáculo o que está acontecendo. A administração do prefeito e a Câmara municipal, valorizando a saúde do município, enfatizou.
ESPETÁCULO
De fato, tudo não passou de um espetáculo, como se referiu ao programa, o presidente do legislativo. Uma encenação teatral que fechou a “boca de cena” e deixou a população da zona rural do município sem o relevante serviço de saúde.
A Câmara pegou carona no home care e também carrega na bagagem o descrédito pelo fracasso do investimento com dinheiro público, sem compromisso com a probidade.
A propósito, não por acaso, o município enfrenta o maior escândalo de possível desvio de dinheiro público que deveria ser destinado a salvar vidas, durante a pandemia de coronavírus.
Foi do comando da Diretoria Geral da Saúde que saiu ordens para contratar equipe de faz de conta, empresa terceirizada na prestação de serviços, compra de respiradores inúteis e arquitetado um esquema de desvio de verba federal.
O caso é investigado pela Justiça Federal e tramita em segredo de Justiça. A trama desenrolada na capital do ovo tem ingredientes de uma omelete à francesa.
“Esse é o compromisso do governo Manoel Rosa, indo além, dando acesso à saúde com qualidade e com grandeza”, discursou a ex-diretora da Saúde, Amanda Berti.
Na pratica, é grande o descaso e o descompromisso com a saúde pública dos bastenses.
OUTRO LADO
A atual secretária da Saúde, Vanessa Persigilli explicou que o Programa “Saúde em Casa” foi interrompido em 2021, por conta da pandemia, mas é pretensão da administração reutilizar o ônibus para levar atendimento aos bairros, sobretudo, relacionado a vacinação contra Covid-19.
– O ônibus foi reformado e estamos aguardando um orçamento para equipá-lo com maca e os equipamentos necessários para atender a população.
Apesar da suposta reforma informada, o ônibus foi “encontrado” no pavilhão do recinto de exposições da Festa do Ovo – “kisuke Watanabe”.
As fotos revelam que o veículo está com aspecto de abandonado e cheio de fezes de pombos.
O Programa “Saúde em Casa” foi considerado importante, por conta da atividade econômica de Bastos. Boa parte da população vive fora do perímetro urbano. De acordo com dados geográficos divulgados pelo portal da prefeitura, quase um quarto dos 20.588 habitantes vive na zona rural.
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