Em 2016, Fradique começou atraindo investidores através da venda de cosméticos
Três pessoas são indiciadas por crime contra a economia popular, lavagem de dinheiro e associação criminosa; esquema do grupo Samuel Fradique deixou uma série de vítimas.
Andréa Moroni
Lorena
O Seccold (Setor Especializado no Combate à Corrupção, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro), da Delegacia Seccional de Guaratinguetá, concluiu na segunda quinzena deste mês a investigação criminal envolvendo um suposto esquema de “Pirâmide Financeira” desenvolvido pelo grupo SFO Holding de Lorena, Região Metropolitana do Vale do Paraíba.
A investigação teve início em 2020, quando centenas de pessoas da cidade e região perderam suas economias aplicadas no grupo de propriedade do empresário Samuel Fradique de Oliveira.
De acordo com o inquérito policial, verificou-se a existência de indícios de crimes contra a economia popular, lavagem de dinheiro e associação criminosa, cometidos, em tese, pelos responsáveis legais da SFO Holding, em um esquema conhecido como “pirâmide financeira”.
Pirâmides financeiras são esquemas fraudulentos, que se caracterizam pela remuneração aos participantes, baseada principalmente na quantidade de novas pessoas incluídas, com promessa de fáceis e altos rendimentos. Por vezes, pode ser difícil de se identificar uma “pirâmide financeira” de imediato, uma vez que a conduta está camuflada sob a aparência de um investimento idôneo e lucrativo.
A investigação verificou altos rendimentos em curto, médio e longo prazo, oferecidos pela empresa SFO Holding Empreendimentos e Participações Ltda, sem grandes riscos e sem a necessidade de qualquer outra conduta além de se investir um capital.
A polícia apontou a discrepância de rendimentos dos investimentos oferecidos pelo grupo lorenense, como no caso da opção (RU-24), que no período de 24 meses, renderia 210% do capital investido. Já a Poupança e CDI renderiam cerca de 13% e 15%, respectivamente, o que totaliza 15 vezes menos. A Ibovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) ofertou, no mesmo período, quase 47% de rendimento (quase cinco vezes menos do que o ofertado pela empresa alvo das investigações).
O inquérito indiciou três pessoas pelos crimes contra a economia popular, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A polícia pediu ainda a prisão preventiva do empresário Samuel Fradique de Oliveira, que está foragido. O inquérito foi encaminhado ao juiz da Comarca de Lorena e para o Ministério Público.
PROVAS CONTRA O GOLPE
Na tentativa de reunir provas sobre o esquema de pirâmide financeira que lesou cerca de sete mil moradores da região, a Polícia Civil apreendeu documentos e computadores em imóveis do empresário de Lorena, Samuel Fradique, proprietário do grupo SFO Holding. Apesar de ainda não ser considerado foragido pela Justiça, o acusado não é mais visto desde o início de abril, de 2020.
Comandada pela Secold de Guaratinguetá (Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro), a operação cumpriu mandados de busca e apreensão em diversas propriedades de Fradique distribuídas por Lorena, Taubaté e São Paulo. Na ação, os policiais encontraram, em meio aos documentos, uma lista com os nomes dos investidores, prejudicados pelo esquema da SFO Holding.
Para o desespero dos investidores, eles foram comunicados pelo empresário no fim de março sobre a suspensão das atividades da SFO. Em um vídeo publicado nas redes sociais, Fradique informou que a decisão foi motivada por dificuldades financeiras devido ao cenário de incertezas causado pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Já no início de abril, o empresário chegou a se reunir com um grupo de associados em Lorena, onde comprometeu-se a reaver os investimentos aplicados. Porém, na sequência Fradique não foi mais visto.
Buscando recuperarem seus recursos, desde então os prejudicados moveram cerca de 120 processos contra Fradique. Os valores cobrados nas ações variam de R$ 5 mil a R$ 2 milhões, já a soma do prejuízo ultrapassa R$ 16 milhões.
Além de pirâmide financeira, o empresário de Lorena também é investigado por lavagem de dinheiro.
Fonte: Jornal Atos
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