Por que as pessoas caem em golpes? O golpista não tem prejuízo, nunca, nem mesmo quando vai preso, pois a lei considera que o criminoso não usou de violência.
Por: Aurílio Nascimento – Comissário de Polícia
O sentido figurado do substantivo “golpe” é definido como acontecimento ruim, infortúnio, ardil, esperteza, engano. Assim, golpe faz parte da linguagem policial. Todos conheceram alguém que já foi enganado em um golpe, e que talvez volte a ser. O engano ou o golpe nasceu com a humanidade. Lembram-se da serpente no paraíso? Depois deste golpe, parece que a humanidade dividiu-se em duas: os enganadores e os enganados. O golpe e suas variedades caminham junto com os seres ditos inteligentes.
Acredito que deva ser quase impossível listar a imensidão de artimanhas imaginadas e aplicadas todos os dias, por todo o planeta, sempre com a vantagem ao lado dos golpistas. O golpista não tem prejuízo, nunca, nem mesmo quando vai preso, pois a lei considera que o criminoso não usou de violência, a pena é sempre branda e, em pouco tempo, lá está ele, o golpista, agindo novamente. Prisão, para golpista, é férias e aprimoramento, pois vai entrar em contato com outros e elaborar novos golpes.
Mais por que as pessoas caem em golpes? Estudiosos da famosa universidade de Cambridge pesquisaram o assunto, e chegaram a uma conclusão: cair em golpe independe de cultura e inteligência. Basicamente sete fatores levam uma pessoa a ser enganada. O primeiro deste é a desonestidade latente ou torpeza bilateral. A vítima acha que está levando vantagem quando na verdade está sendo enganada; Princípio do tempo, é o segundo.
O golpista procura ganhar tempo, não permitindo que a vítima raciocine. Para receber o prêmio o senhor tem que pagar agora. Este é o mote dos golpes mais simples. Obediência à autoridade é o terceiro item. Alguém liga dizendo ser o gerente o banco, e a vítima, sabendo que o gerente é o todo poderoso, aceita os argumentos. Distração, desejo, e caridade são os demais pontos que levam uma pessoa a ser enganada. O último é o chamado efeito manada. Típico dos golpes conhecidos como pirâmides. Se todos estão ganhando, então vou ganhar também.
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Golpe em sentido figurado, como disse acima, não se resume a prejuízos financeiros. O engano ocorre em outras ocasiões, como por exemplo, agora, quando estamos em época de eleição. O golpista aqui faz promessas, faz discursos elaborados, promete, usa a distração, o princípio da obediência (ele é mais capaz), do desejo, da desonestidade, até mesmo da caridade (quero ajudar aos pobres, ajude-me a ajudar os pobres), e principalmente do efeito manada, o principal motivo pelo qual imberbes adolescentes, neófitos da vida, apoiam cegamente salvadores da pátria.
Tudo não passa de um golpe, uma manobra esperta, um ardil. Mais quando a verdade é descoberta, o desastre está consumado.
Fonte: Jornal Extra
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