O corpo da vítima foi sepultado em meio a comoção de familiares, amigos e autoridades policiais. No mesmo horário, o assassino foi levado para audiência de custódia no Fórum de Tupã. Ouça narração sobre os desdobramentos do crime que teve repercussão nacional
O gerente comercial Marcelo Nistarda Antoniazzi, 49 anos, autor de feminicídio contra a vida da dona de casa, Milena Dantas Bereta Nistarda, 53 anos, passou por audiência de custódia na tarde desta terça-feira (27), no Fórum e teve a prisão preventiva decretada, mas não há informação para qual sistema pressional o acusado foi conduzido.
Também por volta das 14h30, o corpo de Milena era sepultado no Cemitério São Pedro em meio a comoção de familiares, amigos e autoridades que se chocaram com tamanha brutalidade.
Um policial que preferiu não se identificar disse que “atua há 30 anos na corporação e nunca havia presenciado cena tão bárbara como a da morte da dona de casa”. Ele disse que chegou na residência e a sua cabeça girava numa sensação de incredulidade diante de fatos tão reais.
As despedidas fúnebres foram iniciadas por volta das 22 horas da segunda-feira, após a liberação do corpo pelo Instituto Médico Legal (IML) e aguardava-se pela manhã, a chegada de um dos filhos da vítima que reside no estado de Santa Catarina.
De acordo com boletim de ocorrência registrado na manhã de segunda-feira, pela dona de casa, ela e Marcelo se casaram há 29 anos.
Milena também contou que tinham dois filhos. Um jovem de 26 anos e uma mulher de 29 anos, sendo a jovem enteada de Marcelo.
E foi com a saída dos filhos que a violência do marido passou a se intensificar a partir dos últimos dois meses, quando um foi morar em Blumenau e o outro em Marília.
Quando Milena procurou a Polícia no dia do crime foi para denunciar Marcelo por violência psicológica e doméstica. Milena se sentia “vulnerável” e o marido a mantinha em “cárcere de forma sutil”, pois “ele sempre arrumava alguma desculpa para que ela não saísse de casa”.
Também afirmou que, “por diversas vezes, foi obrigada a manter relação sexual com ele, mesmo contra a sua vontade”.
RASTREAMENTO
Possivelmente foi a descoberta de que vinha sendo rastreada através do celular que a motivou a procurar a delegacia, mas assim como na segunda-feira, dia do crime, há 10 anos, Milena já havia sofrido violência, porém não houve representação e nem pedido de medida protetiva.
Mas foi com o registro de ocorrência nesta segunda-feira, que Marcelo enraivecido e transtornado praticou o feminicídio por motivo fútil, à traição ou emboscada, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.
Após chegar da delegacia Milena se trancou em sua residência na Rua Carmini Corteline, Vila Abarca – zona Norte de Tupã, mas Marcelo invadiu o imóvel derrubando o portão com o carro, Milena correu e se trancou num cômodo e ligou para a delegada Jananina Antoniazzi da DDM – prima do Marcelo e quem a atendeu pela manhã na Polícia Judiciária.
Vizinhos ouviram gritos, mas já estavam acostumados com as brigas, porém, dessa vez ela gritava “para Marcelo”, “para Marcelo” e de repente, o silêncio sepulcral…
Ele desferiu diversos golpes de faca contra a vítima e, por fim, abriu o abdômen dela e extraiu as vísceras e o coração.
A delegada Jananina enquanto se dirigia para a casa da vítima, acionou a PM, mas chegou primeiro no imóvel e encontrou Marcelo com faca em punho, ensanguentado e transtornado dizia – “fiz besteira, fiz bobagem”.
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Enquanto os policiais militares chegavam, a delegada tentou fazer com que se entregasse, os PMs correram e cercaram o local pela frente e por trás, Marcelo ameaçou reagir, enquanto gritava me “matem, me matem, preciso morrer”, foi detido e preso.
Por envolver duas famílias tradicionais de Tupã, as notícias eram extraoficiais, mas a brutalidade chocou as autoridades que presenciaram a cena, abalou a cidade de 65 mil habitantes e ganhou repercussão nacional.
A dona de casa, Milena Dantas Bereta Nistarda, de 53 anos, foi morta a facadas e teve o coração e vísceras retirados. Como se quisesse dizer “seu coração não é meu, não será de mais ninguém”.
Um delegado deverá ser designado pela Seccional para acompanhar todas as investigações sobre o caso, e só assim, também possivelmente teremos outras eventuais informações do próprio acusado sobre o que o levou a praticar esse crime com requintes animalescos.
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