Soltura de passarinho e sumiço de porca originaram brutal crime contra casal de Adamantina

Para atrair as vítimas para o local do crime, caseiro e lavrador mentiram sobre vacas que teriam escapado do pasto. Ao ver Daniel assassinado, Larissa lutou para escapar da morte a pedrada na cabeça.

Larissa e DanielO crime que teve repercussão nacional é cheio de detalhes. A trama toda foi desencadeando a partir do momento em que Daniel Molina Pozzetti, 25 anos, teria soltado um pássaro silvestre (canarinho) que pertenceria ao caseiro José Barbosa da Silva Filho, “Alemão”, 48 anos. Em seguida, uma porca da propriedade também desapareceu e Daniel teria passado a cobrar sobre o paradeiro do suíno. Foi por causa disso que discutiram na véspera do Natal.

Os ânimos ficaram exaltados e de ambas as partes. O caseiro que estava insatisfeito com a soltura do seu pássaro e Daniel culpando-o pelo sumiço da porca. Associado a tudo isso, estava o fato de que o ex-caseiro e atual lavrador José Luiz Francisco de Almeida, “Dinho”, de 30 anos, tinha um descontentamento com o pai e o próprio Daniel, após sua demissão. No acerto de contas houve desacordo entre as partes e ficou o rancor. Alemão aliou-se à ira de Dinho e juntos premeditaram a morte do casal.

Aliás, tanto é verdade que após o crime a Polícia Militar procurou por Dinho e ele afirmou que teria presenciado Alemão falar sobre a intenção de matar Daniel e se fosse o caso até a namorada dele. Dinho não era uma testemunha e sim um dos criminosos como acabou confessando na noite de terça-feira (31).

PREMEDITADO E CRUEL

pedraO crime foi premeditado. O casal Daniel e Larissa Rossi Auresco, 21 anos, chegou a Parapuã na noite da sexta-feira (27), foi até um estabelecimento comercial comprou uma pizza e foi à fazenda. A chegada foi presenciada por testemunhas. Por volta das 23 horas, Daniel e Larissa comiam pizza quando foram interrompidos por um chamado. Era o ex-funcionário. Dinho disse a Daniel que três vacas haviam saído do pasto e estavam na pista da rodovia Assis Chateaubriand (SP-425) onde fica situada a propriedade.

Dinho convenceu Daniel a ajudá-los na tentativa de capturar os animais. Ao sair do imóvel e se dirigir até uma guarita que fica instalada nas proximidades da entrada da fazenda, o destino de Daniel já estava selado. Ele foi violentamente atingido na cabeça por uma enorme pedra. Alemão estava no local escondido e aguardando a chegada da vítima. Em seguida, Alemão pediu que Dinho chamasse Larissa, mas ele se recusou. O próprio caseiro se encarregou de atraí-la para a emboscada.

Ao chegar ao local, 100 metros distante da sede, Larissa deve ter visto Daniel sem vida e desesperou-se diante da eminência de se tornar a próxima vítima. Ela lutou. Deixou marcas em seu algoz, mas era impossível escapar das mãos dos assassinos. Também foi dominada e agredida violentamente com a enorme pedra que lhe esfacelou o crânio.  As vítimas não tiveram qualquer chance de defesa. O duplo homicídio qualificado por motivo fútil foi seguido de ocultação de cadáveres e furto qualificado, porém, o crime de furto não teria sido o motivo dos crimes contra a vida. A bolsa de Larissa com o not-book, tablete e documentos foi abandonada próximo do local da localização dos corpos.

TENTATIVA DE OCULTAR

Após o duplo homicídio, Alemão e Dinho resolveram sumir com os corpos. Os corpos de Daniel e Larrisa foram colocados na carroceria do pick-up – Saveiro placas de Adamantina. Quando os dois chegaram ao Bairro Itagui onde fica o campo de aviação e onde também há um lixão, acabou o combustível do veículo. A partir daí tiveram a ideia de escondê-los atrás do próprio lixão. Os corpos foram jogados um em cima do outro. Para queimá-los, Alemão e Dinho pegaram galhos de árvores que são depositados no local e atearam fogo para carbonizar os corpos. Sem qualquer tipo de combustível, atearam fogo no veículo a partir do estofado.

A tentativa de ocultar os corpos aconteceu por volta das 4h30 da madrugada de sábado (28). Com o incêndio do Saveiro, os pneus estouraram e testemunhas ouviram o barulho e acionaram a Polícia. No local, policiais encontraram os corpos ainda queimando a cerca de 25 metros do pick-up. Após os fatos, Alemão desapareceu da propriedade. Dinho virou testemunha de uma trama para enfim também se tornar o autor-intelectual de um bárbaro crime. Alemão havia sido detido na manhã de segunda-feira (30) e Dinho na tarde de terça-feira (31). Ambos confessaram e tiveram a prisão temporária decretada por 30 dias. Os dois foram recolhidos à Cadeia de Lutécia.

Enquanto a Polícia Civil segue nas investigações para completar o quebra-cabeça, os dois deverão permanecer presos. Com a conclusão do inquérito deve ser pedida a prisão preventiva e ambos deverão permanecer recolhidos até o julgamento. Se condenados pelos crimes poderão pegar pena máxima de até 30 anos em regime fechado.

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