Contrato sem licitação e viagem duvidosa com dinheiro público colocam em xeque sua nomeação. Para assumir o cargo de secretária, Luciana Leal precisa de autorização do Estado.
A professora Luciana Ferreira Leal pode se tornar a “Carla” da administração de Manoel Gaspar (PMDB). Para quem já tem seu “Adriano” personificado em Antônio Alves de Sousa, “Ribeirão” (PP) e, considerando apenas a vaidade de Talitha Dalacosta, como a de Aracelis, sem contar o próprio filho Gustavo que encarna ares de mandatário no governo municipal; o time se locupletou. Carla, Adriano e Aracelis foram secretários da administração de Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB). Leia também: Investigação do Tribunal de Contas sobre concursos faz Donadelli e Carla procurarem a Polícia
Prometendo lealdade, a doutora chegou à cadeira de secretária de Educação, digamos, pelos seus relevantes serviços prestados à coletividade educacional. Como boa militante das causas sociais, mesmo antes de chegar à pasta seu nome já vinha provocando um misto de desconfiança que a deixou sob suspeita de suposto favorecimento pessoal.
Primeiro com sua contratação temporária, com dispensa de licitação para prestação de eventual consultoria (termo exaustivamente usado por petistas). Neste caso, uma consultoria pedagógica à Secretaria que a partir de ontem (19) passou a ser a titular, com a exoneração do professor Marcos Leite.
O contrato 86/15, processo 3473/15, elaborado pela prefeitura de Tupã, garantiu à mestra uma renda de R$ 7.350,00, conforme portaria assinada pelo prefeito em 1º de junho do mesmo ano. Esse fato aconteceu logo após a ex-professora da Escola Estadual Irene Resina Migliurucci ser exonerada do cargo de diretora de área da Secretaria de Educação, junto com dezenas de outros comissionados da prefeitura.
Em tempo, Luciana Leal também foi contemplada no ano passado com um processo “seletivo” exclusivo e interno para simplesmente contratá-la, em detrimento de qualquer outro cidadão (a) que também quisesse participar do certame. A nomeação se deu através de portaria datada em 1º de junho de 2015, cujo contrato durou até dezembro. Há também informação que neste período a professora teria continuado lecionando na EE Irene Resina.
A VIAGEM
A professora Luciana Leal também traz na bagagem além de seus títulos de mestrado e doutorado uma passagem pela cidade de Belém (PA) onde participou de um Congresso Internacional de Literatura Comparada – Abralic da Universidade Federal do Pará (UFPA). A viagem foi custeada pela prefeitura Municipal de Tupã, através do empenho de nº 10919 de 19/06/2015, no valor de R$ 2.500,00.
O que não ficou claro foi se a viagem foi de interesse do município ou da FACCAT. A suspeita aumentou quanto o diretor geral das Faculdades Faccat, Celso Kawano, disse em entrevista à imprensa tupãense que a participação dos professores da Faccat em eventos nacionais e internacionais favorece a formação continuada acadêmica e a melhor atuação nos cursos em que lecionam na instituição. A matéria foi publicada no Jornal Diário, na edição de 25 de agosto de 2015.
Já a prefeitura não teria divulgado nenhuma matéria sobre o desempenho da profissional no referido Congresso e seus eventuais benefícios para a educação da rede municipal de ensino. Quem sabe agora essa questão seja equacionada já que tornou-se a 27ª pessoa a assumir o cargo de secretário na administração de Gaspar.
É a 29ª mudança de secretário em três anos de governo. Em 1113 dias de governo completados nesta terça-feira, Gaspar foi obrigado a mudar de secretário cerca de 10 vezes por ano ou a cada 38 dias um novo nome surgia. É de fato um governo sem identidade e que poucos querem fazer parte dele, principalmente nesta reta final de mandato.
Já a professora Luciana Leal não tem muito a perder. Vai seguir sua irônica viagem literária “A morte e a recomposição da vida como desfechos trágicos”. “É o fim” de um começo para quem inicia sua trajetória na administração pública.
