Quanto custa ao cidadão tupãense manter um vice-prefeito inativo?

Aclamado como jovem liderança política da região, Thiago Santos, ex PT e hoje PSB/PSDB mostrou-se inapto para o jogo político, traidor daqueles que o levaram ao cargo e oportunista de ocasião. Só não abriu mão dos R$ 10 mil mensais e viagens com dinheiro público. “Já vimos este filme em um passado recente”, disse alguém muito próximo da antiga estrela que agora se apaga.                                                                                                                                                 Formulário de Contato – Blog Jota Neves

thiago posse

Quando surgiu, como um jovem líder político, filiado ao PT, partido do então mito Luís Inácio Lula da Silva, muitos o aclamaram como a verdadeira renovação, como a liderança política que faltava a Tupã. Os que o atacavam, lembravam ter no sangue o DNA de uma das figuras mais polemicas, para dizer o mínimo, da política de Tupã. Thiago é sobrinho do vereador Antônio Alves de Sousa, um vendedor de produtos de limpeza mal sucedido que viu na política a chance de construir fama e fortuna, além de poder político.

O vendedor “Toninho”, que batia de porta em porta torcendo para que algumas se abrissem e dormia no interior do próprio carro na garagem de amigos, trocou a cidade de Ribeirão Preto por Tupã, tornando-se o político “Ribeirão” (PP), palavra que com a mesma rapidez com que abre muitas portas, fecha centenas de outras por Tupã e Região.

O jovem de cabelos lisos e olhos azuis, fala pastosa e discurso de oposicionista, aos poucos foi superando a desconfiança. Vaidoso, estava sempre bem vestido, usando roupas de grife, ostentando camisas que custam em média R$ 350,00 e pilotando um veículo esportivo de última geração começou alçar voo próprio. Mostrou prestigio junto ao então líder do Governo Federal, deputado Cândido Vaccarezza, criou um círculo de jovens e influentes amigos, muitos desconhecidos da política tradicional e aos poucos foi deixando a sombra do tio vereador, afinal, ninguém tem culpa de ter nascido sobrinho do vereador e lobista político Ribeirão.

A cartada final foi quando tornou-se o vice na chapa do ex-prefeito Manoel Gaspar para concorrer às eleições de 2012 e derrotar a “trupe” do então prefeito Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB) e César Donadelli (PP). Para Manoel Gaspar (PMDB) era o oxigênio que faltava a sua cansada figura política, que voltava a disputar seu terceiro mandato mais por vingança de Waldemir do que vontade de trazer algo novo, fato que se comprova a cada dia de seu melancólico terceiro mandato à frente da prefeitura de Tupã.

Para Thiago Santos era a grande oportunidade, aliar-se ao ex-prefeito de dois mandatos, tornar-se conhecido, pavimentar uma estrada política e criar as condições para candidatar-se a prefeito em 2016. E para Ribeirão, mentor e grande artífice desta dobradinha, a chance de continuar mandando na Câmara, aumentar sua influência política na cidade e conquistar mais Secretarias e cargos – traduzindo, mais cabos eleitorais pagos com o dinheiro do povo para perpetuar sua já longa e controversa carreira na política local.

No princípio tudo foi muito bem, como sempre acontece. Thiago Santos tinha indicados em várias Secretarias, cargos de comissão, uma linda sala com carpete de madeira, máquina de café e uma grande foto ao lado do deputado Vaccarezza, além de uma agenda recheada de compromissos. Raramente sua sala ficava vazia.

Thiago Santos presidiu a comissão do Carnaval 2013 e mesmo enfrentando o lobby do tio vereador e o filho do prefeito, Gustavo Gaspar (PMDB), seu inimigo assumido, conseguiu se sobressair, tirando dividendos políticos valiosos. O conto de fadas continuou quando Gaspar passou-lhe o cetro durante quase dois meses, para viajar ao exterior. Thiago reuniu seus apoiadores mais próximos e sentenciou, “vamos fazer em 30 dias algo que deixe meu nome marcado”.

Thiago e Gaspar

Foram trinta dias de muito sucesso. Ao lado de secretários já experientes e assessores competentes, visitou comunidades, reuniu moradores e conseguiu deixar novamente uma boa impressão. O único incomodo no período foi mais um membro da família Gaspar, a secretária e filha do prefeito, Maria Elisa, que, a mando do irmão e sem objeções do tio vereador boicotava iniciativas do vice, atrasava a liberação de suas ações e tentava minar a força política do vice-prefeito.

Mas, com o retorno de Gaspar ao comando da prefeitura, o clima existente já não seria o mesmo, o ar tornara-se pesado e a convivência nunca mais seria a mesma daqueles primeiros meses de governo. O encanto havia se quebrado, a lua de mel terminado e a parceria que os conduziu até a prefeitura deu lugar a um novo cenário, de desconfiança, pequenas traições e a divisão do comando municipal em dois grupos.

De um lado Thiago Santos, Renan Pontelli, Antônio Brito, Walter Bonaldo, Paulo Vitor Guerra, entre outros. Na sala da frente, Gaspar, Ribeirão, Gustavo Gaspar, Maria Elisa e os secretários mais fiéis ao prefeito. No meio disso tudo o povo tupãense, que sentia os efeitos de uma briga por poder entre os dois políticos conduzidos para administrar a cidade. Estava instaurada a guerra política interna, tão ou mais nociva do que a externa. A mesma guerra que destruiu e levou a lona o governo Waldemir/Donadelli estava agora no binômio Gaspar/Thiago.

Gaspar, Vaccarezza e Thiago
Gaspar, Vaccarezza e Thiago

A crise política e depois a crise econômica foi o combustível que faltava para escancarar de vez o rompimento e colocar de lados opostos prefeito e vice. Com o fim da harmonia e a sucessão de problemas, o vice-prefeito perdeu seu ar de bom moço, passou a não receber mais eleitores, sua sala virou um QG da oposição e só então percebeu que a caneta que autorizava suas benesses não lhe pertencia mais.

Com a derrocada política e envolvimento em escândalos o deputado Vaccarezza perdeu a reeleição e sumiu do mapa. O PT afundado em denúncias e a cidade passou a enfrentando uma grave crise financeira, Thiago decidiu, sem a menor  cerimônia tirar o time de campo. Não respeitou os votos que o levaram ao cargo e escancarou publicamente o que já acontecia de forma interna, seu rompimento com o prefeito.

Pensando de forma egoísta, Thiago Santos achou que rompendo e se afastando do prefeito, conseguiria descolar sua imagem daquele que o lançou politicamente e que enfrentava naquele momento uma de suas piores crises administrativas. Ao mesmo tempo em que criticava as atitudes do prefeito por atos que ajudou a criar, buscava mostrar aos eleitores que ele era diferente e que por não concordar com as decisões do prefeito, estava se afastando. Mas o povo, em sua infinita e muitas vezes silenciosa sabedoria percebeu. O que ocorria na verdade era um golpe, um ato de traição política, coroada pela infeliz carta escrita ao prefeito e tornada pública. Uma cópia barata do que fez o vice presidente Michel Temer com a presidente Dilma.carta thiago 1

Trecho da carta escrita por Thiago Santos ao prefeito e tornada pública. Cópia barata da traição feita pelo vice a presidente Dilma

CAI A MASCARA E THIAGO SANTOS ABANDONA A PELE DE CORDEIRO, REVELANDO-SE POLITICAMENTE COMO SEMPRE FOI. UM POLÍTICO DE VOO CURTO, SEM HABILIDADE, SEM LIDERANÇA E DESAGREGADOR, QUE NÃO CONSEGUIU, PARA O BEM OU PARA O MAL, NEM HERDAR O DNA DO TIO POLÍTICO.

Continuando na linha de descolar sua imagem do prefeito e da administração que fez parte, como se isso fosse possível, Thiago parte para outra traição. Deixa o PT local e seus filiados a ver navios e filia-se ao PSB do vice-governador Márcio França, aliado de Geraldo Alckmin (PSDB) e inimigo político de Dilma e Lula. Com esta volta de 180 graus, indo do PT para o PSB/PSDB, Thiago Santos mostrou sua total falta de visão política e compromisso com um ideal. Mostrou aos seus eleitores, simpatizantes e possíveis apoiadores que não tem o mínimo compromisso com a ética política e que pode, a qualquer momento, mudar de opinião, como quem troca uma camisa em seu guarda roupas. Mas Thiago sabe, se não sabe irá aprender que, tão caro quantos suas camisas de marca será o preço que vai pagar por esta incongruência política, esta inabilidade e a falta de um comprometimento com a cidade e os eleitores que a ele creditaram seus votos e a esperança de uma Tupã melhor.

Mas, nem de tudo Thiago Santos abriu mão, o abandono não foi por completo. Todo quinto dia útil do mês, sua conta bancária é recheada por R$ 10 mil do contribuinte tupãense, que luta para pagar em dia seus impostos e tributos, muitas vezes contando moedas e tirando parte do conforto que poderia oferecer aos seus filhos. Reitero que tal pagamento não é ilegal, mas será que é moral? Fica a pergunta, ao lado da pergunta que é título deste artigo: Quanto custa ao cidadão tupãense manter um vice-prefeito inativo?

Prazer em conhecê-lo político Thiago Santos, foi bom enquanto durou e olha que durou pouco, muito pouco. Leia tambémApos 24 horas, Gaspar confirma ao vice que não vai mais renunciar

carta thiago 2

Parafraseando o deputado federal Eduardo cunha ao votar pelo impeachment da presidente Dilma: “Que Deus tenha misericórdia do povo tupãense”.

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