Com a desistência dos casais Donadeli, Messas e o equivoco que pode ser a aposta em Fuin, Ribeirão manobra junto a aliados e familiares para Manoel Gaspar não desistir da reeleição. Mas administração decepcionante, cofres vazios e a própria família são motivos que devem fazer o projeto “Ribeiriano” naufragar.
Em conversas com amigos e pessoas mais próximas, é nítida a sensação de que o vereador Antônio Alves de Sousa, “Ribeirão” (PP) está vivendo um momento de angustia como nunca viveu antes. Com a iminência cada vez maior de não viabilizar um candidato a prefeito com reais condições de vencer e sentindo que aos poucos o grupo que montou como sendo um grupo imbatível vai se esfacelando a cada dia, o estrategista Ribeirão se vê as voltas com muitas dúvidas e certezas mínimas.
Quem olhava Ribeirão há exato um ano, via as feições de um político confiante, alguém que havia dado um golpe de mestre, uma cartada certeira e rumava suavemente para formar um dos maiores grupos políticos de Tupã visando as eleições municipais. Ribeirão tinha tanta confiança em suas apostas que ao saber que Manoel Gaspar (PMDB) desistiria da reeleição, confessou a um amigo mais próximo que estava livre da incumbência de ser ele a dizer para Gaspar que seu ciclo político como prefeito havia terminado.
Contando com apoio de nomes como César e Lucilia Donadelli, Carlos e Júlia Messas, todos filiados ao partido presidido pelo parlamentar e um grande número de filiados, Ribeirão se dava ao luxo de esnobar nomes para compor suas fileiras partidárias e acreditava que naquele momento, a leitura politica lhe garantiria chances de reeleição, voltar a presidência da Câmara, recuperar as Secretarias e cargos de confiança perdidos e ter nas mãos um prefeito com grandes dívidas políticas, moeda que vale neste meio.
Mas, como nuvens ao sabor dos ventos ou um grande castelo de cartas que uma a uma vai sendo desfeito, Ribeirão viu suas certezas transformarem-se em dúvidas e as dúvidas em desanimo e o desanimo em certezas sombrias para seu futuro político. Com a mesma rapidez que chegaram, seus aliados foram sumindo, os casais proeminentes o abandonaram e Ribeirão passou a ser uma “persona non grata” em muitas rodas. Houve um desembarque coletivo de seu navio, que depois viu-se era um Titanic mergulhando em águas profundas.
Seu “faro” político dizia que era momento de buscar alguém de fora do viciado círculo político para supostamente enfrentar Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB) com chances reais de vitória. O nome do advogado Wagner Fuin surgiu após negativas de três ou quatro nomes que se recusarem relacionar suas biografias a figura política do vereador Ribeirão e a seu projeto de poder. O empresário Delfino, assediado de forma insistente por Ribeirão acabou se abrigando sob as asas tucanas – PSDB, grupo do ex-prefeito Waldemir.Ferido mas não abatido, Ribeirão busca recompor os estragos e traçar novas estratégias, tendo sempre seus interesses como prioritários. Sem poder contar com o exército de cabos eleitorais ocupando cargos em comissão, seus secretários apagados, Ribeirão sente que pode estar muito próximo seu fim na política de Tupã, após cerca de vinte e quatro anos navegando sempre nas primeiras fileiras.
A primeira flechada a atingir Ribeirão com força foi a derrota na eleição para a mesa da Câmara, onde viu seus adversários históricos como Valter Moreno (DEM) e Luís Alves (PC do B) se unirem a outros sete vereadores com a missão não de eleger a mesa, mas derrotar Ribeirão e qualquer candidato que fosse indicado por ele, o que de fato aconteceu. A segunda flechada veio da Justiça, quando eliminou mais de 180 cargos comissionados da administração municipal, deixando desempregados e revoltados dezenas de seus apoiadores.
Para piorar, a mesa eleita selou um pacto de não recriar a estrutura de cargos, para eliminar possíveis indicados de Ribeirão em Secretarias e departamentos. A extinção da Lei do Prodett e sua não mais participação no órgão foi outro duro golpe. Tanto que até levou Ribeirão as lágrimas diante do prefeito, secretários e a imprensa tupãense. O choro naquele momento representou a gota que faltava para afogar suas pretensões de poder e dominação política.
A aposta no politicamente desconhecido advogado Wagner Fuin foi comemorada como a volta por cima, a esperança de que nem tudo estava perdido e o jogo ainda poderia ser jogado. Mas, dia após dia, a aposta vai se revelando não tão sólida como parecia. Wagner Fuin confessa a amigos que não sabe mais se será candidato, ou pré-candidato a prefeito. Um dos motivos alegados pelo advogado foi a maneira como se deu sua entrada no quadro político, apadrinhado por Manoel Gaspar, que amarga visível rejeição por parte da população e apoiadores políticos e colou seu nome ao do advogado, jogando um balde de agua fria em suas pretensões de apresentar-se como novo. E o outro fator a desestimular o possível candidato é a participação do vereador Ribeirão no comando da campanha de Fuin à prefeitura, gerando criticas e mais críticas de amigos e apoiadores do advogado tupãense. Todos sabem que, caso aceitem a parceria com Ribeirão, o preço a pagar pode ser salgado demais.Juntando todas estas evidências, o “Castelo” de Ribeirão sofre infiltrações dia a dia, já causando grandes e visíveis fissuras. Mas, como o vereador traz no sangue o DNA de vendedor, sua profissão de origem, pode ser que novos produtos despontem, ou que um velho novo produto seja forjado, dando aspecto, cheiro e cara de novo, para oxigenar novamente suas pretensões de vencer como vereador e fazer parte do grupo majoritário na política tupãense.
Tudo pode acontecer, mas a verdade é que está cada dia mais perto o momento em que a Câmara Municipal poderá ser vista sem a presença da polêmica figura do vereador Ribeirão. E pode estar perto também o dia em que alguém poderá gritar, do alto de sua liberdade como eleitor e cidadão………..RIBEIRÃO, TCHAU QUERIDO! O Cunha foi.