“Agora você está do outro lado do balcão”, afirmou Gaspar ao prefeito Ricardo Raymundo. O ex-prefeito queria o pagamento da empresa que editou a revista de fim de mandato no valor de R$ 230 mil.
Quando o ex-prefeito Manoel Gaspar (PMDB) discursou e lamentou seu insucesso frente à administração pública e disse ao prefeito José Ricardo Raymundo (PV) de que “agora ele estava do outro lado do balcão” e sentiria o que é dificuldade em ser “vidraça”, não passou pela cabeça de nenhum cidadão o significado da mensagem.
Acontece que na sexta-feira (30), às vésperas da posse já havia surgido o primeiro desentendimento entre o quase ex-chefe do Executivo e o futuro prefeito. Alguns dias, antes deste episódio, Gaspar havia recebido visita de um lobista e de outros interessados em garantir o recebimento por serviços prestados.
No dia 29, por exemplo, um deles foi visto na frente da prefeitura ao lado de Gaspar e a secretária da Promoção Social, Isaura Gaspar. Na ocasião, Gaspar recebeu os últimos tapas nas costas, após reafirmar compromisso de que o dinheiro ia ficar acertado. O dinheiro ao qual possivelmente Gaspar referia-se era o da multa de repatriação de recursos que garantiria os restos a pagar.
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R$ 1,7 MILHÃO
O governo federal atendeu a reivindicação de estados e municípios e em 19 de dezembro, editou Medida Provisória 753, que partilha os recursos arrecadados com a multa do programa de repatriação. Gaspar apostava que o valor bruto de R$ 1.741.832 seria transferido ainda em 2016, mas isso ainda não era certeza.
Existia inclusive a expectativa de que o recurso liquido de R$ 1.393.465,71 fosse depositado na sexta-feira (30), já descontado o valor com o Fundeb – Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica, segundo informações da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Com compromissos assumidos, Gaspar esteve às vésperas de deixar o Paço Municipal reunido com o prefeito Ricardo Raymundo e ou seu staff exigindo que fosse feito o pagamento à Agência Única Propaganda do Estado do Paraná. A empresa foi a responsável pela publicidade de todo o seu governo.
Entre os seus últimos feitos está a edição, impressão e a distribuição de 30 mil revistas de fim de governo elencando as supostas conquistas administrativas do período 2013/2016. A revista Governo de Tupã divulgada na última semana de dezembro veio como forma de “prestação de contas” ao custo exorbitante de R$ 230 mil.
Na matéria divulgada no dia 27 de dezembro, o blog havia antecipado que eram três os empenhos. Conforme contrato 173/2016 de 12/12/2016 os empenhos tinham valores de R$ 17.037,41; R$ 137.979,23 e outro de R$ 74.435,00).
Não está descartado entre estes empenhos a existência de possíveis valores sobre a edição de milhares de outras revistas de começo de governo que teriam sido incineradas por conter uma foto do ex-prefeito Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB), e que Gaspar não admitiu a falha de sua assessoria.
Além da dívida de restos a pagar que Manoel Gaspar agora tem com a Única propaganda no valor total de R$ 229.451,64 pela publicação das revistas, existiria ainda dívidas em atraso com a mesma agência no valor de mais de R$ 600 mil com a divulgação de atos institucionais através das emissoras de rádio e jornais.
REPATRIAÇÃO
De acordo com a Receita Federal foram regularizados aproximadamente R$ 170 bilhões que estavam no exterior, e não eram declarados. Com a entrada desse valor no País, o governo arrecadou R$ 46,8 bilhões, dos quais R$ 23,4 bilhões de Imposto de Renda e R$ 23,4 bilhões de multa.
Segundo a CNM, o montante partilhado com os municípios brasileiros deve chegar a R$ 5,6 bilhões. Em valores, esses recursos representam um mês a mais de Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
REGIÃO
Municípios da região também serão beneficiados com os recursos extras já descontado o Fundeb. Os valores líquidos previstos são os seguintes: Arco-Íris, Herculândia, Iacri, Queiroz, Quintana e Rinópolis, R$ 348.366,43; Bastos, R$ 696.732,86; Paraguaçu Paulista, R$ 1.161.221,43; Parapuã, R$ 464.488,57; e Pompéia, R$ 696.732,86.