Elias Pinheiro, o “Lia” ou “Pissita” – atissip, a palavra escrita ao contrário, como costuma se expressar.
Era assim, o “Pissita”, como o estorninho, a ave canora que usa o canto para se comunicar entre as espécies – cantava Raul Seixas – “Eu nasci há 10 mil anos atrás”!
– Um dia, numa rua da cidade…
Havia tempos que eu não ia na Feira Livre de domingo.
Mas, neste dia 22, às 8 horas, caminhava pela rua Aimorés, entre a Goitacazes e a Tabajaras…
Num trecho de apenas 100 metros encontrei e reencontrei conhecidos e amigos. Entre os quais, alguns de longa data, do passado recente e outros do presente.
Entre cumprimentos e diálogos, observei um que caminhava apressado entre os consumidores da feira, era ele, simplesmente, o Lia.
Ao percebê-lo e ao notar-me foi simultâneo, o estender de braços e o aperto de mão. Com o mesmo entusiasmo e alegria de sempre. Foi último aperto de mão.
Ele desapareceu entre as pessoas e eu fiquei. Não o vi mais.
Profissional formado na oficina da extinta “Folha do Povo” – ainda na época de “chumbo” da imprensa – e do letra por letra – Lia desenvolveu a habilidade de ler as palavras ao contrário com a mesma facilidade que cantava as composições do “Maluco Beleza”.
– Eu nasci há 10 mil anos atrás!
60 anos depois, o Lia que durante décadas afixava o jornal Folha do Povo, e depois o Diário na parede de uma padaria na Tamoios estará lá – na página – estampando – um dia, numa rua da cidade!
Até de repente, Lia!!!