Ribeirão se recorda, mas não acreditava que Gasparetto seria o autor da mesma façanha
Voto “comunista” deu a “virada de mesa” para prefeito de extrema-direita. O outro extremista virou moeda de troca.
A matéria divulgada ontem (13) pelo blog sobre a eleição da Câmara de Tupã revelava uma suposta calmaria pelos lados da oposição ao prefeito Caio Aoqui (PSD), mas algumas frases no meio do texto eram um prenúncio do que viria acontecer.
Com a garantia de possíveis 9 votos e um registro em carta fechada sobre a fidelidade do “bancadão” do Antônio Alves de Sousa, o “Ribeirão” (PP), o diário online expressava sobre o candidato à presidência:
– Ele amanheceu nesta terça-feira, dia 13, “presidente”, mas precisa confirmar à noite esse favoritismo. Um terceiro nome para a situação, além do de Eliézer de Carvalho (PSDB), só seria capaz se houvesse traição. E houve. Dupla traição.
Caio Aoqui aposta em “traição” para manter controle sobre a Câmara
Foi também uma clássica traição à oposição, que nos fez lembrar de outra, registrada há exatos 20 anos – em 2002, no mesmo prédio, com o mesmo modus operandi que elegeu José de Jesus Manzano Martin, o “Nenê Manzano”, para o biênio 2003 – 2004.
A sessão extraordinária de ontem, quase repetiu a célebre frase de décadas, quando Nenê Manzano constatou que estava diante do “voto de minerva”, e o desempate cabia a ele, cujo pleito o colocava na cadeira da presidência do Legislativo, numa improvável disputa com Valter Moreno Panhossi.
– Se eu não votar em mim, o que vão pensar meus eleitores?! Nem ele, acredita nele? Então meu voto é Nenê Manzano!
O fato aconteceu na 13º legislatura, e dois dos atuais vereadores – decanos foram testemunhas oculares – Ribeirão e, por ironia do destino, Augusto Fresneda Torres, o “Ninha” (PSD).
Dizem que a fantástica estratégia de traição contra Valter Moreno teria sido articulada por Ribeirão. Vinte ano depois, o troco.
Confesso que não me recordo em quem o Ninha votou, mas ele e Ribeirão são aliados de longa data.
Às vésperas daquela eleição, o grupo de Valter Moreno se manteve isolado de tudo e de todos para não haver assédio. O encontro teria sido numa chácara. No local, comeram, beberam e se recordaram da infância.
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CÁLICE
Vinte anos depois, assim como no passado, o grupo se reuniu, comemorou a união, brindou a fidelidade em cálice, e também traiu.
A infidelidade começou ser descoberta com o suposto sumiço da “noiva”. A parlamentar Cristina Vicente dos Reis Fernandes, a professora “Cris” (PC do B), que se tornaria o fiel da balança não foi mais localizada.
Foi disputada a gritos no gabinete do prefeito e desespero nos corredores do Legislativo.
A noite se aproximava e com ela a hora da decisão. Mas quem a carregou para o outro “altar”? Ninha Fresneda não tem dúvidas: “Judas Iscariotes”.
Foi assim que o “ex-futuro” presidente definiu a atitude perpetrada por Marcos Rogério Gasparetto (PSD).
Com menos dois votos, ainda que contasse com o voto do primo, Renato Fresneda Torres, o “Renatinho da Garagem” (PL), Ninha perdeu o chão e a presidência da Casa. A oposição perdeu toda a mesa diretora.
CAIO TRUCA
O golpe de misericórdia na oposição foi desferido no gabinete de Caio Aoqui. Procurado no começo da noite, pelos vereadores Ribeirão e Paulo Henrique Andrade (PSDB), surgiu uma contraproposta do chefe do Executivo tupãense: “Se o Paulo Henrique aceitar ser o meu líder na Câmara, meu pessoal elege o Ninha, 1º secretário Eduardo Alexandre Sanchez, o “Du Serv Festa” (Podemos) e 2ª secretário Paulo César Soares, o Paulo “da Farmácia” (PSD)”, trucou.
Paulo Henrique Andrade, ainda que esteja ligado à extrema-direita no município, assim como Caio Aoqui, achou uma ofensa.
– Como opositor eu viro moeda de troca e ainda vou ter que defender a administração?!, descordou.
O resultado: Gasparetto é o presidente para o biênio 2023/2024, professora “Cris” – primeira secretária e o pastor Eliézer de Carvalho (PSDB) – 2º secretário da mesa da Câmara.
Marcos Gasparetto que em 2020 pleiteou ser o presidente do Legislativo, mas a opção de Caio era apoiar Eduardo Akira Edamitsu, o “Shigueru” (PSD), enfim chegou ao poder.
Em 26 de novembro do mesmo ano, o presidente eleito desmentiu que tivesse pretensão de ser candidato a candidato a prefeito de Tupã. Você acredita?
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– Palavra é palavra, mas não começar uma traição. Todos que participaram de tudo o que aconteceu, sabe o que aconteceu. A gente tem que acreditar na nossa cidade e na nossa Câmara. Não vai subir pra minha cabeça, o poder de ser presidente da Câmara, que isso vai passar…
FOI FRAUDE?
A verdade é que, a oposição ficou de joelhos para a “fraude”.
Atropelados pelo poder de persuadir do prefeito Caio Aoqui, aliado ao fato de que terá o governo de São Paulo e o “staff” de Tarcísio de Freitas (Republicanos) a seu favor, a oposição não deve aguentar a prorrogação.
Que o diga Paulo Henrique Andrade, um voto comunista no meio de seu caminho. A votação foi nominal, mas não teria sido diferente se fosse por carta, cédula ou urnas eletrônicas.
Mas como bom extremista de direita, é bom questionar o resultado, e esperar na porta do quartel pelas penalidades máximas que virão. Foi fraude ou traição?
Foi bolada nas costas!
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