Os cinco vereadores dos 20% e poucos para a educação

O professor Waldemir os convenceu que a matemática não é uma ciência exata. Até o líder do prefeito Manoel Gaspar (PMDB), Caio Aoqui (PSDB) puxou a defesa do ex-prefeito.

TelmaRAYMUNDO G7AMAURI G7LUIS ALVES G7Numa administração onde turismóloga assinava como arquiteta, engenheiro fazia medição de obra inexistente, empreiteira recebia sem nada ter feito e tinha direito a aditamento sem contrato assinado – fica fácil entender porque 23% são iguais 25%.  

Como acreditar em fiscalização parlamentar naquilo que é oculto – quando o óbvio não é o que parece ser. Para os cinco (5) vereadores que votaram favoráveis as contas do ex-prefeito Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB), 25% são iguais 23,62%. Assim pensam Telma Tulim (PSDB), José Ricardo Raymundo, “Ricardo Lajes Tamoyo (PV), Amauri Sérgio Mortagua (PDT), Luis Alves de Souza, “Luizinho” (PC do B) e Caio Aoqui (PSDB).

O próprio Waldemir blefou e acreditou que cinco (5) era igual a oito (8) possíveis votos que teria. Com o feito ele tentava sensibilizar mais alguns vereadores para defender sua tese numérica onde a matemática não é uma ciência exata. Exatamente. Essa conta nunca vai bater. Oito (8) anos de Governo, seis (6) contas analisadas, das quais, apenas uma foi aprovada pelo órgão consultivo e que norteia o Legislativo e o Executivo.

O que esperar das próximas contas: 2011 e 2012. O desastre financeiro que chegou ao auge no segundo mandato de Waldemir, principalmente a partir de 2010, possivelmente impactou as contas seguintes e até 2014 os números não fecham. Nada bate. Só cabeça.

O autor intelectual dessa lambança é o ex-prefeito Waldemir Gonçalves Lopes. Foi contumaz e reincidente na pratica da ilegalidade e imoralidade com a coisa pública. Haja vista as outras duas condenações por improbidade administrativa por fraude em concurso público e contratação ilegal de escritório de advocacia, cujo valor a ser ressarcido aos cofres públicos já passa de R$ 1 milhão.

Os seus cinco seguidores da extraordinária de terça-feira (26) argumentaram e justificaram o voto contra o parecer do Tribunal de Contas sobre um tema simples: a Constituição determina que o chefe do Executivo, precisa aplicar 25% da renda liquida do município na educação e isso não aconteceu. Pronto. Toda e qualquer outra interpretação diferente disso foi o mesmo que dizer que R$ 1,99 é a mesma coisa que R$ 2,00. Ainda que insignificante o valor do troco, uma coisa é uma coisa e outra é outra. É óbvio.

Levando para o aspecto da legalidade, não aplicar os 25% como determina a lei, significa que houve infração à lei e, portanto, o crime foi praticado de forma completa e não parcial. Ou seria possível a Polícia acusar alguém de ter surrupiado 25% de determinado recurso e o acusado se defender dizendo “é mentira. Eu furtei só 24,5% do referido valor, logo não cometi nada ilegal”. O crime é o mesmo e independente da cifra afanada?

TRINTA E SEIS

Uma das primeiras fraudes praticadas pelo Governo Waldemir
Foto: fraude fotográfica nas eleições de 2008

Trinta e seis (36) apontamentos de irregularidades foram feitos pelo Tribunal de Contas do Estado. Apesar de parecer o fato mais importante a não aplicação de 25% da renda liquida na educação e o é, existem outros trinta e cinco (35) itens que ferem e maculam a imagem da Administração Pública.

Apartados, esses outros apontamentos do Tribunal de Contas terão cópias dos autos encaminhadas ao Ministério Público para as devidas providências. Muitos empresários serão chamados na Justiça para dar explicações sobre contratos nebulosos com o Governo Waldemir. Não é brinquedo não. Apesar das cortinas das tendas do circo terem se fechado, ainda há muita explicação a ser dada. Aqueles que lucraram fácil vão começar gastar com a contratação de advogados para suas defesas. Mas os documentos quase que os tornam réus confessos. Não só nestas contas, mas nas próximas e nos processos das obras irregulares que consumiram dinheiro e não saíram do papel.

Numa administração onde turismóloga assinava como arquiteta, engenheiro fazia medição de obra inexistente, empreiteira recebia sem nada ter feito e com direito a aditamento sem sequer ter assinado contrato – fica fácil entender porque 23% são iguais 25%.

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