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E DAÍ? Quem abrir, vai fechar

Prefeitos sentem-se aliviados com o fato da Justiça impedir abertura do comércio. 

AMNAP reúne prefeitos para tomada conjunta de decisão
AMNAP reúne prefeitos para tomada de decisões conjuntas de reabertura do comércio  

Os prefeitos de muitas cidades do interior paulista sentiram-se aliviados após pipocarem decisões judiciais impedindo a reabertura do comércio. Deu certo. Quem pensava em voltar ao trabalho, vai ter que aguardar a data limite do decreto do governo do estado, dia 10 de maio.

Cidades como Tupã, Marilia, Presidente Prudente, Araçatuba, entre dezenas de outras pelo interior recorreram ao Judiciário na tentativa inócua de reverter decreto do governador João Doria (PSDB). Assim o fez, Caio Aoqui (PSD) e “acreditava” na eficácia da ação.

Enquanto isso, nos bastidores, o governo do estado já discutiu até a possibilidade de estender o isolamento social até o dia 22 de junho e, pelo andar da “carruagem” do coronavírus, o distanciamento pode ser prorrogado no mínimo por mais uma vez.

Ainda assim, considerando que o interior está atrasado em relação ao pico da curva da pandemia, não é difícil entender porque o vírus é que vai determinar os próximos passos das autoridades.

Quem abriu para a retomada da economia, vai ter que fechar novamente. Já os municípios que se anteciparam terão que permanecer no “isolamento social” – com o comércio fechado pela incidência maior dos casos de Covid-19.

A outra ameaça até para municípios que não registraram nenhum caso, ou que têm disponível UTIs, é a possibilidade de leitos serem ocupados por pessoas de outras localidades. O governo estadual já acena com essa intenção, diante da saturação do sistema de saúde na capital. Essa necessidade pode se estender até chegar aos municípios menores.

O momento é de apreensão e tensão criada pela falta de apoio efetivo do governo federal, ao mesmo tempo que o presidente volta a atacar governadores e prefeitos pelos efeitos da pandemia.

É como se a Covid-19 parafraseasse o presidente e dissesse numa invertida: “E DAÍ? Eu sou o coronavírus, parei o mundo. Logo, quem abriu, vai fechar”!

MÉDIA ELEITORAL      

Para satisfazer os eleitores, sejam comerciantes ou simpatizantes contra o isolamento ou defensores da tese de que o Brasil não pode parar, os prefeitos impetraram ação para obter liminares para a reabertura do comércio.

As ações foram protocoladas diante de um misto de dever cumprido e o receio de a Covid-19 avançar nas próximas semanas.

A verdade é que muitos prefeitos decidiram por decretar o isolamento social cedo demais, ainda quando o coronavírus iniciava sua trajetória pelos grandes centros, com grande fluxo de aeroportos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e região do nordeste.

PREVISÃO DRAMÁTICA

ARTE/METRÓPOLE
ARTE/METRÓPOLE

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta previu que até o final de abril o sistema de saúde brasileiro entraria em colapso. De fato, isso já acontece em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, entre outras localidades.

Ainda na primeira quinzena de março, Mandetta antecipava que viveríamos 20 semanas duras. Ou seja, até inicio de agosto.

Já o atual ministro da Saúde, Nelson Teich que admite desconhecer toda a problemática envolvendo a Covid-19, disse nesta terça-feira, 28, que vai ocorrer o agravamento da crise com a escalada de casos e mortes em diversas regiões do Brasil, que superou a China em número de mortos.

Apesar de reconhecer o óbvio, o ministro silenciou sobre campanha permanente do presidente Jair Bolsonaro para acabar com medidas de isolamento social.

Reprodução/Singapore University of Technology And Design
Reprodução/Singapore University of Technology And Design

Um estudo feito em Singapura a partir de modelos matemáticos complexos revela uma estimativa otimista do que a maioria das previsões feitas por profissionais ligados à área da saúde.

O estudo aponta um cenário favorável ao Brasil de que venceremos a Covid-19 entre 1º de junho e 23 de agosto deste ano. Em tese, o estudo vai ao encontro do raciocínio de Mandetta. Já o mundo vai superar a pandemia até meados de dezembro.

A estimativa usa boletins das autoridades de saúde em 131 países com a evolução dos casos, incluindo tempo de hospitalização dos pacientes, e é atualizada diariamente com as novas informações, o que faz as datas previstas para o fim da epidemia variarem ao longo do tempo. No caso dos números do Brasil citados nesta reportagem do portal Metrópole, os dados se baseavam na situação em 27 de abril.

FALTA DE AÇÃO

Foto: Gabriela Bilo - site Conversa Afiada
Foto: Gabriela Bilo – site Conversa Afiada

Era o governo federal que deveria ter agido num primeiro momento, em conjunto com os estados para impedir o avanço do vírus no território brasileiro.

Aliás, se o presidente Bolsonaro acreditasse na letalidade do vírus teria obtido resultados positivos de grande estadista preocupado em proteger sua nação de uma pandemia.

Poderia ter reunido governadores em Brasília, exposto o perigo, anunciado um trabalho UNIFICADO contra o mesmo inimigo e tornado público o encontro, inclusive, com a determinação expressa sobre a necessidade de impedir a realização do carnaval – causador de grande concentração pública e de atração de turistas internacionais.

O resultado dessa providência seria primeiro salvar vidas e concomitantemente juntar o país de uma cisão causada por questões ideológicas e de fisiologismos que não atendem ao interesse da maioria do povo brasileiro. Interessa apenas a ambas as partes envolvidas no pleito de outubro de 2018.

Mas, como sabe-se, o presidente Jair Messias Bolsonaro não tem culpa sozinho desse contexto bizarro do certo e errado. O Mito veio para personificar e ratificar exatamente essa divisão, entre nós e eles, e vice e versa.

O que não era esperado por nenhum terráqueo brasileiro ou mundo à fora que vive do mesmo fenômeno político, o surgimento do novo coronavírus para colocar todas as ideologias partidárias que provocam rompimento social, em isolamento, confinamento e determinando uma “nova ordem mundial”.

Não há rico, pobre, líder mundial negacionista ou crente, independente de credo religioso, cor ou raça. Todos são iguais perante o vírus, ainda que fique mais evidente as desigualdades sociais diante do número de vítimas fatais pela doença, entre aqueles que moram em bairros abastados e os da periferia de capitais.

Essa desigualdade também é constatada nos cemitérios. Enquanto os corpos dos pobres ficam dentro de casas, no meio das ruas ou são enterrados em trincheiras abertas no chão por várias regiões do mundo, os corpos dos ricos são enviados a crematórios. Mas, todos sofrem os efeitos do vírus, na vida, morte, na socieconomia.

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