Jornal Diário: contador ex-marido da “dona” da CMN está na cadeia e nega ameaça

Por: José Ursílio

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O contador Antônio Celso dos Santos está na Casa de Detenção de Marília a partir desta quarta-feira, 25. Ele foi preso em São Paulo e em depoimento na Delegacia de Marília da Polícia Federal negou que estivesse ameaçando de morte a sua ex-mulher, Sandra Mara Norbiato, que figura como a sócio administradora da CMN (Central Marília Notícias), que na realidade não passa de “laranja” ou “testa de ferro” do deputado estadual Abelardo Camarinha e do ex-prefeito Vinícius Camarinha.

A Operação “Quinto Mandamento” executada na quarta-feira, dia 24, como segmento da Operação Miragem, deflagrada pela Polícia Federal por determinação do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, além de cumprir os mandatos de busca e apreensão na sede da CMN também prendeu Antônio Celso dos Santos.

O acusado prestou depoimento na sede da PF por mais de cinco horas e conforme informações em off, ele negou qualquer relacionamento de amizade com pessoas ligadas à CMN e ao jornal Diário de Marília, que foi lacrado ontem e teve suas atividades suspensas.

Mas não foi isso que a PF tinha investigado e colhido provas que levaram à operação “Quinto Mandamento”. A situação é de tamanha gravidade que as ameaças já espelham até o nome escolhido pela operação, que diz “Não Matarás”.

Antonio Celso dos Santos está envolvido num esquema amplo e de múltiplos interesses que inclusive levaram aos Camarinha. Mas na polícia para tentar escapar, o contador disse que teve problemas de ordem pessoal com sua ex-mulher, Sandra Mara Norbiato.

Mas parece que Sandra Norbiato não quis ficar a mercê das ameaças e prestou queixa policial e daí teriam surgido as acusações de coação no curso do processo e atitudes que estariam atrapalhando as investigações, já que Sandra Mara é sócia-proprietária da CMN (Central Marília Notícias) que administra o Diário e figura em algumas ações judiciais.

O prédio da CMN nesta quarta-feira ficou fechado, nada funcionou. Ninguém atendeu os telefonemas e os assinantes e anunciantes ficaram sem quaisquer informações da direção da empresa.

A mídia regional e estadual, assim como as redes sociais deram amplo destaque à operação da Polícia Federal que lacrou a CMN e fechou definitivamente o jornal.

A CMN já tinha perdido as rádios Diário FM e Dirceu AM em agosto do ano passado, quando foram tiradas do ar.

Camarinhas

Agora o jornal Diário deixa de circular. O jornal desde o ano passado continuava com linha editorial encomendada e atacando pessoas que estiveram ligadas ao prefeito Daniel Alonso, ao mesmo que durante todo tempo ufanava e fazia falsa glorificação do deputado Abelardo Camarinha e do ex-prefeito Vinícius Camarinha.

Nada adiantou durante todo ano passado até que Vinícius Camarinha foi derrotado na tentativa de se reeleger. Nesse mês, o jornal Diário já estava de novo fazendo o mesmo tipo de reportagens e colunas de opinião desmerecendo não apenas o prefeito Daniel, mas todos seus assessores e até o presidente da Câmara, delegado Wilson Damasceno.

Mas a partir de agora os Camarinha além de derrotados e fora da Prefeitura, também perdem outro mecanismo de atacar e injuriar oposição e adversários.

O jornal Diário foi antecessor do jornal Correio de Marília. Tem os dois jornais história de quase 87 anos e em várias negociatas nos últimos anos acabou na mão dos Camarinha para servir a interesses pessoais e escusos e sempre em nome de “laranjas”, como o aposentado e ex-bancário Carlos Francisco Cardoso.

Mas a devassa da Polícia Federal e da Procuradoria Geral da República nos últimos anos está desmantelando esse esquema de domínio e uso da CMN e suas rádios e jornal.

A expectativa é que nos próximos meses as investigações mostrem todo esse emaranhado de negociatas e que sejam indiciados não apenas os “laranjas” que atuaram no esquema, mas principalmente os verdadeiros donos, no caso, Vinícius e Abelardo Camarinha.

Além disso, há também dezenas de ações trabalhistas de ex-funcionários que precisam receber seus direitos e agora vão se juntar a eles os quase 100 funcionários que ainda estavam na empresa.

Aliás, os funcionários estão com salários e direitos atrasados, não tem FGTS depositado, assim como os valores descontados de INSS não são recolhidos, o que significa apropriação indébita.

Os funcionários devem a partir de agora recorrerem ao sindicato e à Justiça Trabalhista atrás de direitos e também vão reforçar depoimentos sobre como eram os esquemas nos bastidores da CMN.

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