A situação perdeu a eleição em Tupã. Não vou sequer levar em consideração os números para fazer uma análise após as eleições no primeiro turno. Os candidatos apoiados pelas lideranças políticas sejam do Executivo ou do legislativo perderam para a oposição. A semana foi de lamentações e reuniões para tentar descobrir onde houve o erro. O erro foi subestimar o eleitor tupãense.
O Governo de Tupã não vai bem. Quando eu cito o Governo de Tupã é importante lembrar que o mesmo é constituído pelos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Deixemos este último de fora e fiquemos apenas com os poderes políticos. O eleitor tupãense vive nos dias atuais uma situação de incredulidade. Não acredita ter votado em Manoel Gaspar (PMDB) para outra vez mudar e simplesmente fazer igual ao seu antecessor. Fazer pior. Tem inaugurado praça sem iluminação em total desrespeito ao deficiente. Uma academia ao ar livre e na escuridão.
A política tupãense sofre de uma crise de identidade. Se antes Waldemir chamava Tupã de “casa da mãe Joana”, hoje virou um território livre, uma espécie de “terra de ninguém”. Seja na casa de um ou na terra de outro, ninguém sabe quem manda. Manda quem pode e obedece quem tem juízo. Mas, quem pode? E quem tem juízo? Eis a questão!
Em verdade, o Governo de Tupã está sem rumo e o desgoverno no campo político causou uma situação à típica nestas eleições. O prefeito de Tupã, Manoel Gaspar, como todos sabem foi preterido pelo ex-prefeito Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB). Em nenhum momento a criatura foi grata ao seu criador e, isso pode ter ensejado o retorno de Gaspar às eleições municipais e ao Paço Municipal.
O contraditório aconteceu nestas eleições. A situação escondeu o prefeito na reta final da campanha. Motivo: a alta rejeição e medo de prejudicar os candidatos apoiados até mesmo pelo próprio Executivo e por vereadores da base aliada. O problema é que a rejeição atingiu o Governo de Tupã e no campo político, todos perderam.
Essa análise foi feita nesta semana, as portas fechadas em gabinetes de Secretarias Municipais mantidas por vereadores. Outros pensam em debandar a partir do segundo turno das eleições presidenciais. O pensamento agora é com a eleição da Mesa da Câmara e no futuro. Prende o cachorro!
FUTURO COMPROMETIDO
O futuro da situação está comprometido com o passado. O presente elegeu deputado federal Evandro Gussi (PV) com 6.853 votos em Tupã e mais de 100 mil votos em todo o Estado. Dr. César – ex-vice-prefeito César Donadelli (PC do B) foi o mais “invejado” pela situação. Defendendo a bandeira da oposição, através do vereador Luis Alves de Souza (PC do B), o candidato obteve 8.967 votos em Tupã. Outros 1008 em cidades da região.
O “Gabinete da Crise” avaliou como inadmissível a expressiva votação de Cesar. Mas dê a César o que lhe pertence. Até pousou ao lado de um cão e se revelou também protetor dos animais nesta campanha. Foi o único momento em que sorriu e que efetivamente foi mais visto pelas redes sociais. Vale tudo em campanha eleitoral. Também, proporcionalmente outros candidatos que não tinham representatividade política em Tupã obtiveram votação mais expressiva. Entre eles estão os reeleitos deputados federais: Tiririca – 910 votos e o polêmico pastor Marco Feliciano – 638 votos. Para deputados estaduais: Reinaldo Alguz – 4.722 votos; pastor Celso Nascimento 1.049 votos e Fernando Cury – 796 votos.
VICE E VERSA
Depois de um vice que era chamado de vice e versa pela sua indefinição político-partidária e de falta de decisão como secretário de Saúde e como braço direito do ex-prefeito, agora, o vice da vez é Thiago Santos (PT). Ele e o PT saíram derrotados nas urnas. O fracasso foi ainda maior com a não reeleição do ex-líder de Lula e Dilma, deputado federal Cândido Vaccarezza (PT). Sem foro privilegiado Vaccarezza vai sentir agora o quanto pesa ser acusado de corrupção e não pertencer ao Congresso.
Gaspar prometeu em entrevista à imprensa dobrar a votação do deputado Orlando Morando (PSDB), nada impossível para quem obteve apenas 4 votos nas eleições de 2010, mas conseguiu mais que isso. Ainda assim, a votação ficou abaixo da expectativa, para quem no auge de seu desempenho político, conseguia viabilizar com sua equipe até 12 mil votos para o ex-deputado Edson Aparecido (PSDB).
A votação de pouco mais de 4 mil votos era esperada levando em consideração a rejeição. Mas, um prefeito eleito com 21.001 votos, consegue sensibilizar ao menos 20% do seu eleitorado. Apesar disso, a situação escondeu o prefeito na reta final da campanha por causa do seu alto índice de rejeição. O maior problema da rejeição está em delegar poderes a quem não é de direito.
PESQUISADOR
Alheio a tudo isso e fazendo de conta que não tem nada com essa situação de rejeição está o “pesquisador”. Se de um lado ele se saiu bem porque não estava com quem perdeu, por outro lado, apesar de junto e misturado com quem venceu, também não convenceu. Pesquisa de boca de urna neste primeiro turno aponta uma tendência natural de crescimento da oposição ainda oculta. Mas a culpa é da situação também oculta. Nesse jogo de esconde-esconde quem perde é Tupã. Colocando na balança, a situação tem prejudicado mais que a oposição. Pena que as duas “situações” não querem “queimar gordura”. Está indigesto o campo político tupãense.
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