A posse dos eleitos em Tupã – prefeito, vice e vereadores foi uma das mais concorridas dos últimos anos, em função do apelo de renovação na política tupãense, após 20 anos de Gaspar e Waldemir. Antes, havia a era Carlão/Jesus. Portanto, nos últimos 40 anos, apenas quatro prefeitos governaram o município em seus 87 anos.
O empresário tupãense José Ricardo Raymundo, de 53 anos, foi eleito em 2 de outubro de 2016, com 13.622 votos (64,62%) dos votos válidos para governar Tupã de 2017/2020. A proposta dele e de seu vice, Caio Aoqui, 25 anos, foi de um “Um Tempo Novo”, através da coligação (PV / PSD). Ricardo Raymundo (PV) é o 18º prefeito eleito, diplomado e empossado neste domingo (1º).
Convidados ilustres, familiares dos eleitos, autoridades políticas, militares, eclesiásticas, entre outras prestigiaram o evento. Teve até torcida organizada no Clube dos Comerciários – com direito a frenéticos gritos quando era anunciado o nome do diplomado. A expectativa era para os discursos. Houve emoção na fala do prefeito eleito e na expressão sentimental sobre sua esposa Sueli (in memoriam).
Os discursos seguiram com demonstração inequívoca de humildade dos eleitos, seja através de passagens bíblicas às citações do líder espiritual e pacifista indiano Mohandas Karamchand Ghandi. Houve também contraste. O deputado federal Evandro Gussi (PV), fez um discurso de protagonista cheio de frases prontas, de efeito e referências filosóficas seculares e contemporâneas.
Por um instante o Clube dos Comerciários parecia uma arena da época do império romano. Com um grande número de espectadores, todas as grandes questões políticas e financeira que Tupã enfrenta foram resolvidas na “luta” verborrágica.
O professor filosofou soluções para problemas relacionados ao conhecimento, verdade, existência, valores e linguagem: francês, inglês e italiano. Os argumentos irracionais costumam funcionar com pessoas muito religiosas, mas há métodos filosóficos importantes utilizados como experiência de pensamento e argumentação lógica. Em princípio, a lógica é indiferente. É imune ao ódio e ao amor. Mas há lógica na política? Existe a lógica, mas muita incoerência!
Lógica ou incoerência política
Para o mestre em direito penal pela Unesp, professor universitário, procurador de Justiça aposentado e advogado, José Carlos de Oliveira Robaldo, “no mundo político partidário, na perspectiva do leigo, a cujo contexto nós nos incluímos, a lógica é a falta de lógica. Aquilo que em certo momento é errado, em um piscar de olhos passa a ser correto, inclusive contrariando aquilo que ocorre na conhecida afirmação de que óleo e água não se misturam”.
A frase foi extraída de um texto publicado pelo mestre no portal http://www.progresso.com.br/ sobre a lógica ou incoerência política, quando ele afirma que esses conteúdos se misturam sim e exemplifica: “Exemplo dessa assertiva está em determinadas composições partidárias. No nosso país, se tornou comum partidos políticos com ideologias e programas completamente antagônicos acabarem se juntando. Às vezes para conquistar o poder, outras vezes, para se manter no poder. E as ideologias e seus respectivos programas como ficam? Bem, isso é secundário, o importante é o poder, mesmo que na modalidade do poder pelo poder, ainda que na sua forma tirânica e absoluta. Aliás, a propósito, já afirmava Carl Schmitt que “o poder é bom quando eu o tenho, e mau quando o tem o inimigo”.
A incoerência lógica
Seguindo este raciocínio lógico da incoerência política “é bom criar coragem para enfrentar os próprios medos”. Parafraseando Franklin Roosevelt, o presidente americano que tornou em 1933 célebre a frase “the only thing we have to fear is… fear itself” (A única coisa de que devemos ter medo é do próprio medo).
Ou será mais fácil pensar como o filósofo grego Sócrates (470 a.C. – 399 a.C.) – “Só sei que nada sei”. Esta frase significa que não é possível saber algo com a certeza absoluta e não significa que Sócrates não sabia absolutamente nada. Logo, as citações filosóficas de um poliglota podem não significar domínio absoluto sobre a incoerência política brasileira. A política tupãense está neste contexto. É ledo engano acreditar que tudo já mudou.