A mudança de comportamento do governo de Ricardo Raymundo que sinalizava como algo positivo, deu lugar a uma série de reuniões que se seguiram até à noite. A Praça dos dois Poderes vivenciou clima misto de entusiasmo e tensão.
A demonstração de sensibilidade política sinalizada pelo secretário de Governo e Administração, Moacir Monari, deu lugar a um clima de tensão que durou toda a sexta-feira (18). O entra e sai no gabinete do prefeito José Ricardo Raymundo (PV) aconteceu durante todo o dia.
Segundo um interlocutor, a matéria divulgada pelo blog provocou um possível desmanche de ações que estavam sendo engatilhadas e deveriam ser anunciadas com naturalidade. A divulgação, mesmo que sem nenhuma pretensão, acelerou o processo de negociação e tumultuou o campo político.
Aliás, diga se de passagem, durante os últimos dias, foi percebido um entra e sai no gabinete do prefeito. Praticamente todos os parlamentares, sejam eles da situação ou oposição passaram pela sala do chefe do executivo. O movimento é um indicativo citado pela reportagem de que o atual secretário de Governo estava agindo de forma a ampliar a base de apoio no Legislativo, mesmo contrariando eventuais interesses “verdes” – na possível insistência da manutenção da “República Verde”.
Se na quinta-feira (17), os encontros às portas fechadas eram intensos na Praça dos dois Poderes, nesta sexta-feira as reuniões se intensificaram. O PSB por exemplo que pretendia reunir o suposto grupo para decidir o caminho a seguir, reuniu-se para marcar outras reuniões. Nada decidido.
Uma fonte fidedigna dentro do Executivo disse que após a divulgação sobre novos ares que sopravam a fumaça do diálogo, pode ser que, o que estava propenso a acontecer, não ocorra mais, e ou mesmo o que não era previsto, pode acontecer. Ou seja, segue o impasse sobre os rumos da atual administração.
Para diversificar ainda mais as opiniões, neste sábado (19) acontece o tradicional encontro dos “verdes” – partidários para a avaliação da administração. Enfim, a sexta-feira foi considerada por todos que frequentaram o Paço Municipal como um “dia tenso”.
A NEGOCIAÇÃO
De acordo com o apurado pela reportagem, a mudança de comportamento da administração visava articular para recompor a base aliada no legislativo, ainda que tivesse que levar alguns parlamentares para Secretarias Municipais. Neste caso, dois suplentes assumiriam a cadeira no Legislativo – o comunista Luis Alves de Souza e o tucano Valdir de Oliveira Mendes, o “Bagaço”.
Para tanto, o vereador Paulo Henrique Andrade, “PH” – PPS assumiria a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, enquanto Renan Pontelli – PSB iria para o Turismo. PH não descartou a possibilidade de substituir Jeane Rosin (PSDB), mas negou que tivesse recebido convite. Já Renan admitiu o convite, mas não o aceitou, porém, demonstrou um eventual interesse pela supersecretaria instalada no Almoxarifado.
Neste pacote de mudança de cadeiras, outros vereadores de oposição também estariam sendo assediados. Alguns deles confidenciaram de que desde o início da atual administração cobravam um comportamento democrático do atual prefeito. Ricardo Raymundo manteve-se relutante. Defendeu um governo com secretariado técnico, entretanto, após inúmeras falhas técnicas, pode ter mudado de ideia e o objetivo agora seria ampliar o apoio para facilitar a governança.
Isto tudo acontece, logo após a administração perder o apoio do vereador Charles dos Passos.
RETALIAÇÃO
Em meio a um misto de entusiasmo e desconfiança, ressurgiu forte nas discussões de várias reuniões na Câmara, Prefeitura e na sede da TV Câmara, a matéria divulgada pelo blog no dia 24 de junho. Leia: “República Verde”: Evandro Gussi tenta afastar vice do prefeito Ricardo
Na ocasião, o blog divulgava de que o deputado Evandro Gussi (PV) tentava afastar o vice Caio Aoqui (PSD) do prefeito Ricardo Raymundo. Para concluir a intenção deveria esvaziar seu poder sobre as Secretarias de Cultura e Turismo e de Relações Institucionais.
Em 17 de abril, o blog também havia antecipado de que Aoqui deveria deixar a articulação com a imprensa. A possível retaliação ao vice teria perspectivas eleitoreiras de 2018.
Enquanto Gussi sustentaria a necessidade de ter todo o Executivo trabalhando para sua reeleição e de seu mentor Reinaldo Alguz, por motivos óbvios, Caio Aoqui deve trabalhar pela reeleição do também deputado federal Walter Ihoshi (PSD).
Os dois parlamentares federais votaram pela rejeição da investigação do presidente Michel Temer (PMDB), bem como, contra outros interesses de trabalhadores e aposentados.
À época da divulgação do fato, Aoqui e Ricardo reuniram-se e coloram os “pingos nos is”, mas ao que parece, o assunto ainda não teve um ponto final.