Vereador que atua no ramo de comércio de produtos de limpeza também participou das decisões. Nos bastidores políticos, Ribeirão é suspeito de eventualmente intermediar e direcionar as licitações.
A reunião aconteceu um dia após uma ensurdecedora gritaria e bater de portas com direito a lágrimas protagonizadas por três secretários: Dorival Jerônimo Coquemala (Finanças), Archimedes Peres Botan (Administração) e Talitha Fiorini Dalacosta (Relações Institucionais). O fato aconteceu na quarta-feira (17). Já nesta quinta-feira (18) o encontro teve por objetivo discutir um plano de ação contra a grave denúncia de fraude em licitação para compra de produtos de higiene e limpeza de empresa sob suspeita de ser de fachada.
Esse ramo de comércio de produtos de higiene e limpeza em Tupã sempre gerou desconfiança quando o assunto é contrato com o poder público. Já foi gasto absurdo por limpeza de calçada e de piso do Paço Municipal e da Câmara, mas nunca o assunto despertou tanto interesse como neste ano de 2015. Seria até oportuno a própria Câmara fazer um levantamento nas compras do Legislativo durante a presidência de Ribeirão.
Não é para menos. Justamente a partir da Administração de Manoel Gaspar (PMDB), nunca sentiu-se tanta falta de produtos dessa natureza nas repartições públicas. Funcionários sentiam-se constrangidos quando iam aos sanitários. Após fazer suas necessidades fisiológicas não tinham sequer papel higiênico. O Ministério Público pode até encontrar funcionários que podem confirmar essa situação.
Por outro lado, descobre-se, que a prefeitura tem comprado esses produtos com certa frequência. Só uma das denúncias constata-se que apenas duas das empresas do ramo venderam mais de R$ 1 milhão em produtos de higiene e limpeza. Até empresa de empresário que disputava com o “concorrente”, mesmo morando na mesma casa dele. A empresa depois transferiu a sede para o depósito do “concorrente”.
No mesmo local, por coincidência outras empresas do mesmo ramo já atuaram na Rua Joaquim Abarca. Até o parlamentar Antonio Alves de Sousa, Ribeirão (PP) teria mantido neste endereço uma empresa. A ação, segundo testemunha ouvida pelo blog, seria através de supostos laranjas. O próprio dono do prédio admitiu essa possibilidade.
Ainda assim, e sabendo que até hoje o vereador atua nessa atividade “empresarial”, o prefeito de Tupã, Manoel Gaspar (PMDB) realiza reunião para discutir o Caso “Água Sanitária” com todos os secretários e, acompanhado do parlamentar. Só faz aumentar as suspeitas. Ribeirão é suspeito até de supostamente intermediar as licitações acusadas de fraudulentas envolvendo empresa de fachada.
Se não bastasse tudo isso, o vice-prefeito Thiago Santos (PT) é proprietário de uma empresa que também desenvolve a mesma atividade. Tudo provoca estranheza. Ribeirão diz ser empresário, mas não tem nenhuma empresa no nome e nenhum funcionário? Existiria uma sociedade oculta neste segmento com a finalidade deliberada de ganhar dinheiro público? O Grupo de Atenção Especial ao Crime Organizado (GAECO) pode desvendar esse mistério.
É possível que um dos assuntos tratados nesta reunião que começou durante à tarde e ganhou a noite também tenha relação com a falta de defesa do prefeito durante a sessão de segunda-feira (15) quando o vereador Luis Alves de Souza, Luizinho (PC do B) revelou a existência de mais provas que calaram o líder do prefeito Rudynei Monteiro (SDD) e o articulador do Executivo. Os dois foram para o embate quando o comunista apresentou o primeiro fato sobre o episódio e saíram na defesa da administração e dos empresários envolvidos.
Enquanto o pastor Rudynei defendia a necessidade de obter provas, Ribeirão disse que como “empresário” bem sabe por que há sonegação. Como empresário, no passado, o parlamentar respondeu vários processos por crimes tributários. Talvez, por isso, hoje atue na informalidade ou de forma oculta. Vai ser preciso muita água sanitária para passar a limpo essa imundície.