Tupã está estigmatizada pelo fracasso administrativo dos últimos 12 anos. É preciso verdade, criatividade e inovação para construir “Um Tempo Novo”. Há somente uma semana de completar 100 dias de governo, o principal desafio de Ricardo e Caio é encontrar um foco.
Apesar de alguns lampejos de pseudo senso criativo possível de transformar o município num polo de desenvolvimento microrregional, o que mais tem marcado Tupã mesmo é o fracasso político e administrativo dos últimos 12 anos.
Foi apostando num cenário diferente que o eleitor tupãense deu um troco nos dois principais grupos que se rivalizaram nos últimos mais de 10 anos que fizeram lembrar os 20 anos da era Carlão/Jesus.
Apesar disso, parece que nem mesmo a atual administração, eleita sob o “olhar de fazer diferente”, através de propostas de “Um Novo Tempo” tem conseguido desvencilhar-se dessa amarra do passado: as irregularidades – corrupção, fraudes, licitações viciadas, favorecimento de empreiteiras que colaboraram com o desvio de dinheiro de obras para o caixa 2, lavagem de dinheiro e, por consequência, mais de 30 obras irregulares – com prejuízos estimados em torno de R$ 50 milhões. Tudo segue sendo investigado pelo Ministério Público.
Depois de duas primeiras administrações revolucionárias 1997/2000-2001/2004, o ex-tucano Manoel Gaspar (PMDB) foi eleito para um terceiro mandato (2012/2016) como se outra vez fosse renovação e, o máximo que conseguiu, foi macular sua própria biografia de empresário de sucesso que levou o conhecimento da iniciativa privada para a administração pública.
Também foi assim que propagou o atual prefeito José Ricardo Raymundo (PV), nas eleições de 2016 -, “na prefeitura vai usar a criatividade e inovação para fazer a cidade crescer”, segundo seu portfólio.
Se Gaspar não passou incólume as armadilhas de obras abandonadas pelo ex-prefeito Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB) e de suas próprias decisões político-administrativas equivocadas, Ricardo já trouxe na bagagem a emblemática arquiteta Jeane Aparecida Rombi de Godoy Rosin (PSDB).
Ainda que seu conhecimento técnico seja indiscutível, é bom lembrar que ela também foi portadora de conteúdos teóricos e práticos nada recomendáveis para a eficácia e eficiência da gestão pública.
IMAGENS VELHAS
Considerando que a imagem de uma administração e a sua estratégia de comunicação devem ser monitoradas por pesquisas de opinião –, seria oportuna uma avaliação administrativa sobre a satisfação da população com serviços públicos, etc. – após o curto período de “lua de mel” entre os eleitos e os eleitores.
Ainda que um governo não pode ser “prisioneiro” das pesquisas seria de fundamental importância ter uma seta apontando a direção a seguir para “Um Tempo Novo”.
Quando se trata da avaliação popular de um governo, é a última impressão que fica. A última impressão que ficou não foi boa e tornou o atual governo “prisioneiro” do velho passado.
Assim como Gaspar carregou no lombo e vai responder na Justiça por eventuais contratos desfeitos e ou mantidos com empreiteiras sob suspeita de obras irregulares, Ricardo já transporta o verdadeiro “x” da questão, haja vista a última coletiva do dia 10 de janeiro.
Oitenta e três dias depois daquela fatídica coletiva é que o prefeito Ricardo e seu vice Caio Aoqui (PSD) voltaram a marcar uma “coletiva”.
Jeane deixou Ricardo e Caio numa saia justa, quando desentendeu-se com a imprensa na tentativa de justificar os erros da administração de Waldemir. “Se houvesse irregularidades, eu e o ex-prefeito estaríamos presos”, esbravejou. Na verdade, a possibilidade de o ex-prefeito ir preso ainda existe. Por menos de R$ 100 mil de propina há dezenas de políticos sendo investigados pela Operação Lava Jato.
Sobre a entrevista desta segunda-feira (3), a partir das 9 horas, será um pronunciamento à imprensa e com uma advertência: somente após os discursos sobre o lançamento do Festival de Literatura e o Prêmio Nacional de Artes e, ainda relacionados a educação, economia e dívida do município é que os repórteres poderão formular perguntas em entrevistas individuais.
Ora, para começar falta profundidade nos assuntos que serão discutidos. A primeira pergunta da imprensa deveria ser “por qual motivo estamos aqui?”. As entrevistas sem profundidade também são instrumentos para monitoramento da imagem de uma administração.
Assim como Manoel Gaspar que desfocava o próprio assunto principal em suas famigeradas entrevistas coletivas, Ricardo segue o mesmo caminho. O que poderia ser o principal assunto ficou em segundo plano. Não desmerecendo os relacionados à cultura, mas as demandas econômicas são propulsoras de todas as demais ações administrativas, portanto, merecem primeiro plano.
As entrevistas em profundidade servem para captar a impressão dos segmentos próprios formadores de opinião sobre o governo. Assim, as entrevistas podem dar ou não as percepções em maior profundidade e revelarem opiniões da população, e que depois poderão ser mensuradas priorizando a qualidade e não a quantidade de assuntos tratados numa “coletiva”. Assim fica difícil saber se o caminho seguido é o correto após quase 100 dias.
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As mais de 30 obras paradas significam prejuízos de mais de R$ 52 milhões, segundo a prefeitura.
De acordo com a CPE – Comissão Parlamentar Especial, milhares de reais desapareceram em supostos aditamentos de contratos e adiantamentos às empreiteiras