Essa possibilidade só acontecerá em caso ausência de um dos integrantes do G-8. A oposição aposta ainda na dissidência de um dos vereadores da “situação”.
De acordo com a LOM – Lei Orgânica do Município, no capítulo que se refere sobre a organização do Poder Legislativo, no artigo 6º – inciso 1º cita que o vereador que não tomar posse no dia 1º de janeiro terá prazo de quinze dias para fazê-lo com justificativa aceita pela Câmara.
Isso significa que se um dos integrantes do G-8 – Grupo de oito vereadores da “situação”, deixar de comparecer à sessão de posse e, em seguida, da eleição dos componentes da Mesa, em tese, haveria um empate de 7 a 7 – considerando que o G-7 votaria num único candidato de oposição. Esse candidato poderia ser por exemplo, Amauri Sérgio Mortágua, 65 anos (PR).
O artigo 22, da lei 3.070 de 1990 que instituiu a Lei Orgânica do Município de Tupã define que em toda eleição de membros da mesa, os candidatos a um mesmo cargo que obtiverem igual número de votos concorrerão a um segundo escrutínio e, se persistir o empate, será considerado eleito entre eles, pela ordem: o vereador mais votado e, em caso de empate, o mais idoso. Neste caso, Amauri Mortágua seria eleito.
A sessão de posse e de eleição da nova mesa da Câmara será presidida pelo parlamentar mais votado em 2 de outubro – Pastor Eliezer de Carvalho, 46 anos (PSDB) que obteve 1.343 votos. Nesta condição, ele e todos os demais podem disputar a presidência do Legislativo.
PANO DE FUNDO
É apostando nesse princípio que os articuladores da oposição – o ex-prefeito Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB) e Antônio Alves de Sousa, “Ribeirão” (PP), ambos derrotados nas urnas acreditam que podem tirar o foco da principal intenção. Caso contrário, não haveria razão para a oposição convocar a imprensa para dizer que é o G-7. Óbvio, se oito estão na situação, restam exatamente sete do lado oposto.
É possível que a ideia de propor uma suposta renovação na mesa diretora agrada aos olhos do eleitor tupãense -, com a eleição do Pastor Eliezer (presidente), Alexandre Scombatti, 47 anos (PR) – primeiro secretário e Tiago Munhoz Matias, 28 anos (PRP) – segundo secretário.
Num primeiro plano, a proposta é sugestiva, diante da propositura da situação encabeçada pelo prefeito eleito José Ricardo Raymundo (PV) que é a de apoiar Valter Moreno Panhosi, 55 anos (DEM), vereador já reeleito para um terceiro mandato.
Por outro lado, não seria bom para as pretensões do Executivo. Ainda que renovado com a eleição de Ricardo e Caio Aoqui (PSD). Por ironia do destino, uma mesa diretora da Câmara renovada nestas condições propostas por Waldemir e Ribeirão iria deixar literalmente o novo titular do Executivo nas mãos de duas velhas “raposas” da política tupãense.
ASSOMBRAÇÃO 2017
Essa possibilidade observada pelo blog, deixa a situação arrepiada e assombrada nas primeiras horas de “Um Tempo Novo”, conforme proposta de campanha de Ricardo e Caio. O CPF do prefeito já iniciaria o novo governo em jogo político ardiloso. Mas, de fato, quem dos oito vereadores declarados da situação poderia colocar sua credibilidade em risco? A princípio nenhum. Afinal, de livre e espontânea vontade todos manifestaram a intenção de aliar-se ao Executivo para eleger Valter Moreno. Mas há indícios visíveis de eventual infidelidade por falta de ação politizada do prefeito eleito.
Ora, considerando que o ardiloso Ribeirão é conhecedor de todas as possibilidades da Lei Orgânica e do Regimento Interno da Câmara, não é nada estupefato acreditar que ele e o ex-prefeito – ambos com o brio ferido sejam capazes de engendrar um plano audacioso como este.
SUSPEITAS
Se não há nenhum vereador sob suspeita de abandonar o “barco” antes mesmo da “partida”, o que poderia levar um dos oito ausentar-se da posse? Um fato “casual”, “incerto” ou “imprevisível” poderia impedir que alguém comparecesse neste dia 1º? Fim de ano, festas, viagens, trânsito, entre outros.
Além da desconfiança de que o ex-prefeito Waldemir e o vereador Ribeirão estariam por trás dessa trama, um dos assessores parlamentares não fez questão de esconder que os grupos são liderados pelos dois políticos ao convocar a imprensa. Ribeirão apoiou Waldemir à sucessão de Manoel Gaspar (PMDB) e permaneceu com ele até às vésperas das eleições de 2012.
Por motivos já divulgados pelo blog, Ribeirão rompeu com Waldemir e apoio Gaspar nas eleições de 2012. Nem por isso, os dois deixaram de negociar. Ribeirão ajudou tornar Waldemir inelegível votando contra as contas de 2010 do ex-prefeito. Após a derrota de ambos, em 2016, o parlamentar ausentou-se da votação que aprovou as contas de 2012 de Waldemir.
É atitude típica de Ribeirão: apesar de nefasto o parlamentar é “coerente” por conveniência política. Ou seja, ele não votaria a favor das contas que tiveram apontamento de irregularidades pelo Tribunal de Contas, ainda que tivesse votado a favor de outras no período de 2005-2009, mesmo com eventuais irregularidades.
Portanto, nesse vácuo de tempo entre as eleições e as vésperas de uma nova eleição da Câmara, Ribeirão e Waldemir já pensam em 2020, apostando num fracasso do governo de Ricardo e Caio. Após a fragorosa derrota nada melhor que dar a volta por cima em curto espaço de tempo.
Se Waldemir conta com os votos de Pastor Eliezer e Telma Tulim, 54 anos (PSDB), Ribeirão contaria com três votos: Rudynei Monteiro, 38 anos (PP), Augusto Fresneda Torres, “Ninha”, 58 anos (PMDB) e Tiago Munhos Matias, 28 anos (PRP). Amauri Mortágua contaria com o voto de Scombatti, ambos do mesmo partido.
A chapa poderia até ser a mesma, apenas trocando Amauri pelo Pastor Eliezer e mantendo Scombatti e Tiago Matias, como primeiro e segundo secretários respectivamente.
MOTIVOS DO ASSÉDIO
Os motivos do assédio da oposição resumem-se na proposta do prefeito eleito Ricardo Raymundo de não negociar Secretarias em troca de apoio. Logo, a oposição ainda que não tenha nada para oferecer, negocia a possibilidade de uma composição para ficar com o poder do Poder Legislativo.
Assim, Amauri faz de conta de que nada sabe, mas sabe da importância de presidir a Câmara para apoiar seu projeto visando as eleições de 2018, quando deverá ao lado de Scombatti apoiar as candidaturas do deputado estadual Ricardo Madalena e do 1º suplente de deputado federal Luiz Carlos Motta (Fecomerciários).
EM JOGO
Em jogo estão situações indefinidas politicamente como a nomeação para a Secretaria de Cultura que envolve interesses de Luis Carlos Sanches e de Charles dos Passos, 40 anos (PSB). Para não desagradar o ex-secretário e garantir seu apoio à situação, o vice-prefeito Caio aoqui ficará responsável pelas pastas de Cultura, Turismo e Comunicação. Porém, há informação confidencial de que o policial militar Renato Gonzales (promotor do Festival de Teatro de Tupã) poderá assumir a pasta.
Além desse fato, há de se considerar que entre os oitos votos que podem reconduzir Valter Moreno à presidência da Câmara, incluindo o dele próprio, outros quatro saíram da campanha de oposição – liderada por Waldemir: Paulo Henrique Andrade, 32 anos (PPS) – 1º secretário, Cabo e Pastor Osmidio Fonseca Castilho, 50 anos (PSB) – 2º secretário e Renan Victor Pontelli, 33 anos (PSB) – coordenador da TV Câmara e Charles dos Passos, caso a situação vença a eleição da Câmara.
A oposição aposta exatamente na falta de jogo de cintura do Executivo o que possibilitaria acreditar na dissidência de última hora. Engrossam a base da situação ao lado de Eduardo Akira Edamitsu, 44 anos (PSD), mesmo partido do vice-prefeito; Capitão Gilberto Neves Cruz, 58 anos, e Antonio Carlos Meireles da Silva, 51 anos, ambos eleitos pelo PV, a exemplo do prefeito.
A reportagem do blog encontrou muitas dificuldades para descobrir o paradeiro dos parlamentares nesta época de festas de Natal e de Reveillon. Alguns foram contatados de forma direta e outros não. Indiretamente tornou-se público pelas redes sociais que Charles dos Passos estaria viajando e só retornaria para a posse no dia 1º, às 8h30 da manhã. Ao lado de amigos percorreu o litoral do Rio de Janeiro (Paraty) e de São Paulo (Rivieira de São Lourenço).