BALANÇO DE GOVERNO: Não podemos permitir em plena pandemia que os prefeitos passeiem de moto

Qual seria sua reação se o prefeito de seu município realizasse encontros de motociclistas em plena pandemia e com 515 mil CPFs cancelados, como diz Bolsonaro? Ou retirasse em evento público a máscara que protege seu filho de colo de ser infectado pela coronavírus?

bolsonaro motoOs prefeitos de Tupã, Caio Aoqui (PSD), Herculândia, Paulo Sérgio de Oliveira, o “Paulinho”, Bastos, Manoel Rosa (MDB), Queiroz, Walter Rodrigo da Silva (PSD), Arco-Íris, Aldo Manzano (PV), Iacri, Carlos Alberto Freire, o “Carlinhos” (PSDB), Rinópolis, José Ferreira de Oliveira Neto (PSDB) e de Parapuã, Gilmar Martins Martins (PL), completam seis meses de governo, no próximo dia 1º de julho.

Destes, Caio, Manoel Rosa, Neto, Gilmar e Carlinhos foram reeleitos em 2020. Já Paulinho, Rodrigo e Aldo Manzano foram eleitos. Dos quais, Rodrigo já havia governado Queiroz por outros dois mandatos.

Dos oito municípios da microrregião de Tupã, seis fazem parte do CRIS – Consórcio Regional Intermunicipal de Saúde – Tupã, Bastos, Iacri, Herculândia, Arco-Íris e Queiroz, mas Rinópolis e Parapuã também se uniram para combater o coronavírus, através de medidas restritivas e de providências para ajudar a Santa Casa e reivindicar ações do governo do estado para amenizar o sofrimento da população.

São com os recursos arrecadados nos municípios, através de impostos municipais, estaduais e federais que compõem a riqueza de um país.

O PIB – Produto Interno Bruto – é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, geralmente em um ano. Todos os países calculam o seu PIB nas suas respectivas moedas.

Os bens e serviços finais que compõem o PIB são medidos no preço em que chegam ao consumidor de Tupã, por exemplo. Dessa forma, levam em consideração também os impostos sobre os produtos comercializados.

O PIB do Brasil em 2020, por exemplo, foi de R$ 7,4 trilhões. No último trimestre divulgado (1º trimestre de 2021), o valor foi de R$ 2 048,0 bilhões.

Que o estado de São Paulo é conhecido como a locomotiva do Brasil já não é novidade há bastante tempo. Atualmente, SP ocupa a 21ª posição no ranking das maiores economias do mundo, um lugar de destaque e superior a países como a Argentina e Bélgica, segunda aponta reportagem do Valor Econômico com base em dados do Banco Mundial, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Fundação Seade.

Com PIB na casa dos U$ 603,4 bilhões, São Paulo é a terceira maior economia e o terceiro maior mercado consumidor da América Latina. Entre suas principais potencialidades, o estado é o maior produtor mundial de suco de laranja, açúcar e etanol.

Linha de montagem de montadora no interior de São Paulo Foto: Christiano Diehl Neto / Agência O Globo
Linha de montagem de montadora no interior de São Paulo Foto: Christiano Diehl Neto / Agência O Globo

Os 645 municípios do estado são responsáveis por produzir cerca de 40 do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, alcançando volume maior que o de países como Chile, Bélgica, África do Sul, Singapura.

Então, o governo federal recolhe a riqueza nossa, centraliza no cofre da União e repassa a conta gota os nossos recursos que devem ser empregados na saúde, educação, segurança pública, geração de emprego e renda, saneamento básico, entre outras necessidades para a nossa sobrevivência.

É daqui de Tupã, Bastos, Iacri, Herculândia, Quintana, Queiroz, Arco-Íris, Rinópolis, Parapuã – dos 5.568 municípios brasileiros que saem o dinheiro que banca, sobretudo, os políticos em Brasília – presidente e todo seu “staff” político – Ministérios, as Forças Armadas (Exército, Aeronáutica e Marinha) e suas mordomias no cardápio, vinho, champanhe e leite condensado.

É com o nosso dinheiro, do nosso trabalho aqui na roça, no nosso comércio e indústria que se mantém a estrutura de governo composto pelos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Que sustenta 513 deputados federais e 81 senadores.

INVERSÃO DE VALORES

UTI-960x640Assim, assistimos nos dias atuais uma inversão de valores assustadora com o advento da pandemia de coronavírus. De repente, parece que o governo federal tem uma fábrica de dinheiro. Que toda riqueza do país é produzida em Brasília – capital federal e distribuída para nós, cidadãos do interior do Brasil.

– Quanto o governo federal mandou pra sua cidade, pra Covid?

Esse é o questionamento que se ouve de seguidores de um governo que tinha como narrativa às vésperas das eleições de 2018, a seguinte frase: Menos Brasília e mais Brasil.

O que vemos hoje? O governo federal querendo centralizar ainda mais as ações daquilo que não é de sua responsabilidade. É responsabilidade dos estados e dos municípios cuidar da gente, com os recursos que nós geramos.

Ao governo federal cabe apenas gerenciar de maneira equitativa e com equidade o dinheiro público e ao mesmo tempo, encampar ações no âmbito nacional em parceria irrestrita com governadores e prefeitos, aos quais, também competem atribuições proporcionais às suas responsabilidades as quais os cargos lhes conferem, conforme determina a Constituição Federal.

BALANÇO

Prefeitos de oito cidades se reuniram neste sábado (29) em Tupã — Foto: Prefeitura de Tupã/Divulgação
Prefeitos de oito cidades se reuniram em Tupã — Foto: Prefeitura de Tupã/Divulgação

Considerando tudo o que apontamos neste texto, sobre as responsabilidades de governos federal, estadual e municipal. Considerando que somos nós cidadãos que sustentamos toda essa estrutura chamada Brasil, com todas as suas desigualdades sociais…

Que o estado de São Paulo contribui sozinho com quase metade da riqueza do país. Que esse estado é composto de cidades como as nossas, na região de Marília…

Não podemos permitir corrupção em nenhuma esfera de governo. Devemos exigir respeito e consideração com o nosso trabalho e o nosso dinheiro.

Devemos exigir responsabilidade dos governos. Não podemos admitir passeios de motocicletas de nenhum prefeito, governador ou presidente em plena pandemia que assola a humanidade, sobretudo o Brasil, com mais de meio milhão de mortos e 20 milhões de sequelados – mão de obra paralisada pela doença e a morte de jovens que produziam a riqueza da nação.

Seis meses de governo e o balanço que se faz é a constante preocupação de prefeitos em socorrer sua população com leitos de enfermaria, UTIs, oxigênio, ambulância, remédios, cestas básicas para famílias carentes, tratamentos antes, durante e pós covid-19.

Qual seria a sua reação, se em plena pandemia que já matou em Tupã quase 240 pessoas, a cada 15 dias o prefeito Caio Aoqui se reunisse em encontro de motociclistas, em passeios de cidade em cidade?

O ex-prefeito José Ricardo Raymundo (PV) foi duramente criticado pelo fato de ter ido pescar ou passear de lancha, quando a população entendia que o momento que o município vivia não lhe dava o direito de lazer e recreação. Tupã enfrentava uma epidemia de dengue. 9 pessoas morreram.

Ora, agora, também não posso admitir ao ver o prefeito de meu município sem conseguir “respirar”, tamanha sua preocupação com sua população vitimada pela pandemia, enquanto o nosso capitão-mor se dá ao luxo de reunir-se em passeios de moto, carregando consigo um ar de alheio ao sofrimento dos brasileiros.

Em evento no Rio Grande do Norte, Jair Bolsonaro tirou máscara de criança durante aglomeração. Foto: Reprodução
Em evento no Rio Grande do Norte, Jair Bolsonaro tirou máscara de criança durante aglomeração. Foto: Reprodução

Pior: os mesmos que condenariam a atitude semelhante de seu prefeito, aplaudem os gastos desnecessários de nossos impostos com forte aparato de segurança, veículos blindados, aeronaves, armas de grosso calibre, causando transtorno nas cidades em que visita e ao tráfego de rodovias.

Qual seria sua atitude, se num evento público o prefeito de sua cidade retirasse a máscara de seu filho e o expusesse ao risco de se infectar pela coronavírus?

Qual seria sua atitude se a cada morte em seu município, a cada entrevista o prefeito dissesse: “E daí? Eu não sou coveiro”, “Alguns vão morrer mesmo”, “Bando de maricas”, “vamos todos morrer um dia”, “cobre de seu governador”, “Não precisa entrar em pânico”, “Gripezinha”, entre outras?

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