O entorpecente era distribuído em bares e restaurantes, mas para o prefeito os crimes não dizem respeito à sua administração.
Enquanto o prefeito Manoel Rosa (MDB) segue em silêncio, o barulho é infernal nos bastidores políticos. Acuado, o chefe do Executivo bastense perde prestígio político e moral.
Em plena pandemia de coronavírus a sua principal Secretaria se envolveu em escândalo de corrupção, com desvio de dinheiro público e de suposto tráfico de drogas.
A pasta que tinha a função de promover a saúde, praticava atos ilícitos.
Localizada estrategicamente no andar superior da Rua Presidente Vargas, 398 – centro, a repartição transformou-se num “entreposto” de cocaína para usuários e frequentadores de bares e restaurantes de Bastos e de Tupã.
A droga, chamada de “tênis”, era trazida de Marília e de Pompéia, passava pela Secretaria, onde era fotografada, armazenada e comercializada em gramas que custavam entre R$ 25,00 e R$ 50,00.
Os acusados usavam os cargos que ocupavam, a estrutura de trabalho, serviços e carro oficial para camuflar o esquema, segundo a Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (DISE) de Tupã.
O tráfico de drogas era realizado em pleno expediente de trabalho de todos os envolvidos – três funcionários – dos quais, dois diretos da administração pública e um indireto -, o motorista prestador de serviços na UTI do hospital Beneficente de Bastos.
O suposto laranja de Amanda Berti foi contratado pela empresa paranaense Arrabal Serviços Médicos a pedido dela. Ela interferia, inclusive, no valor salarial que deveria ser pago ao acusado, como forma de dar lhe poder de comprar mais cocaína, de acordo com investigação policial.
A investigação sobre tráfico de drogas dentro da Secretaria da Saúde deu início após pericia de um aparelho celular de Amanda Berti, depois que o Ministério Público determinou buscas e apreensão durante a ação de combate à corrupção dentro da pasta.
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Perícia realizada pelo Instituto de Criminalística da Polícia de Tupã encontrou fotos, mensagem de áudio e de textos sobre toda estrutura organizada dentro da administração pública para promover a aquisição, armazenamento e distribuir o entorpecente na microrregião de Tupã.
ENTRELAÇADAS
De acordo com o inquérito instaurado pela DISE, através do delegado Flávio Delgado de Melo, as investigações estão entrelaçadas com a ação civil pública movida pelo Ministério Público de Bastos, que apura irregularidades na administração de recursos federais para enfrentamento do novo coronavírus.
– Portanto, é de nosso conhecimento que Amanda Ramos Berti mantinha conta 6014312-6, agência 0655, Banco Votorantim apenas para receber “repasses” da empresa Arrabal Serviços Médicos LTDA, utilizando recursos federais na promoção do tráfico de drogas, aparelhando o sistema de saúde de Bastos e permitindo que vidas fossem perdidas para o novo coronavírus. Não satisfeita Amanda Berti permitiu que veículos oficiais da Secretaria da Saúde fossem empregados no transporte de entorpecentes, revela a página 136 do processo.
A denúncia foi oferecida à Justiça e os acusados incursos no artigo 35, “caput”, c.c. artigo 40, inciso II, ambos da Lei nº 11.343/06.
Depois de os denunciados serem interrogados, deverá ser designada audiência de instrução e julgamento dos réus. Testemunhas também deverão ser ouvidas.
OUTRO LADO
O advogado de defesa de Amanda Berti, Claudemir Antônio Navarro Júnior lembrou que após o depoimento de sua cliente e dos demais acusados, o crime de tráfico teria caído e os mesmos foram denunciados pelo Ministério Público apenas pela associação ao tráfico.
O defensor não deu mais detalhes sobre o caso, pelo fato de o mérito do processo ainda estar em fase de defesa preliminar.
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