Enquanto isso, pacientes da Semi-UTI são cobertos com lona em períodos de chuva. Vereadores pedem ao Ministério Público afastamento da diretoria.
A crise de gestão na Santa Casa de Osvaldo Cruz ganha a cada dia contornos ainda mais sinuosos com desdobramentos comprometedores para a diretoria do hospital. Enquanto isso, a população de Osvaldo Cruz, Sagres e Salmorão que precisa se utilizar dos serviços do hospital sofre as conseqüências. As cidades subsidiam mensalmente o hospital com recursos públicos.
O prefeito de Sagres, Brandio Pereira Filho, “Brandinho” (DEM) lamentou: “Se estiver acontecendo isso, que os responsáveis sejam identificados e punidos. Nós estamos fazendo a nossa parte para servir a população”, disse em entrevista à Rádio Cidade FM (91,5).
Em dias de chuva, goteiras surgem dentro da Semi-UTI e os pacientes seriam cobertos com lonas para não se molhar. Para apurar responsabilidades e eventual apropriação indébita de recursos da instituição por parte da diretoria, entre outras coisas, uma auditoria foi constituída e o Legislativo entrou na briga depois de avalizar repasses de milhões para a Santa Casa.
A crise já mobilizou o Ministério Público; empresa especializada foi contratada para gerenciar a situação; médicos foram demitidos, funcionários perderam o emprego; telefones cortados e dívidas que se avolumam e chegam a cerca de R$ 8 milhões.
É como se a instituição sofresse de um câncer em metástase. Quanto mais tenta contê-lo mais se espalha corroendo o “paciente”. Nesta segunda-feira, mais um “remédio” foi indicado para tentar conter o tumor.
Na sessão desta segunda-feira (17) foi aprovado na Câmara um requerimento apontando para a necessidade do diretor – Rafael Lanzoni dar explicações sobre os cheques nos valores de R$ 4.885,00, emitidos pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde de Adamantina e outro de R$ 10 mil (foto à esquerda), pela prefeitura de Sagres, respectivamente que tiveram destinos parecidos: apesar de estarem nominais à Santa Casa. Os valores teriam sido possivelmente desviados.
Segundo a Comissão responsável pela auditoria no hospital, presidida pelo empresário Roberto Pazzoto e o vereador Álvaro Bellini, “Álvaro Cabeleireiro” (PROS) os documentos teriam sido trocados com terceiros. O de valor maior com o proprietário da Clínica Santa Rita de Osvaldo Cruz, Rui Furlan.
Cópia do cheque enviada à Comissão e à Câmara de Osvaldo Cruz contem assinaturas e números de CPF’s que pertenceriam ao advogado André Lucas Paulino Santos e ao diretor da Santa Casa, Rafael Lanzoni. O cheque também é nominal à Santa Casa e o valor não teria sido contabilizado pela unidade hospitalar.
Por conta destas supostas irregularidades, os vereadores de Osvaldo Cruz também devem protocolar no Ministério Público um pedido de afastamento da diretoria do hospital que estaria obstaculizando os trabalhos da Comissão, dificultando o fornecimento de documentos que podem possivelmente comprometer os acusados.
O presidente da Comissão, Roberto Pazzoto fez um breve resumo na sessão da câmara do que acontece na Santa Casa. Ele teria dito aos parlamentares que o setor da tesouraria não teria controle de gastos diários com viagens, por exemplo, para Marília. No relatório também constaria informações que apontam que no ano de 2010 os gastos da Santa Casa eram de R$230 mil mensais e, atualmente mesmo havendo redução de despesas os valores teriam triplicado para em torno de R$ 600 mil. A dívida da Santa Casa em 2010 que era de R$ 2 milhões teria saltado para R$ 8 milhões. Os telefones continuam cortados e os funcionários colocam créditos nos celulares para fazer ligações.
Até os dias atuais ninguém deu explicações sobre os pisos da cozinha do hospital que teriam sido levados pela empreiteira que fazia a reforma e por falta de pagamento teria se utilizado desse expediente para diminuir o prejuízo. Todos os envolvidos foram contatados. O diretor do hospital, Rafael Lanzoni, disse que a assessoria de imprensa da Santa Casa poderia falar sobre o assunto. A assessoria por sua vez se limitou a dizer que o diretor iria enviar um e-mail sobre os questionamentos. O advogado André Santos ratificou esse compromisso, mas nenhum e-mail chegou até o fechamento dessa matéria.
O presidente da Comissão de Auditoria, Roberto Pazzoto, disse que tinha uma reunião com o prefeito de Osvaldo Cruz, Edmar Mazucato (PSDB) para discutir as denuncias e o trabalho de investigação e que oportunamente se manifestaria.