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Eleições em Tupã 2012

Avaliação da participação do PT

por Rudá Ricci

Foram 37.385 votos válidos. O índice de abstenção foi alto (20,47%), mas inferior á média de grandes centros urbanos (que atingiu 35% em várias capitais da região sudeste). Brancos e nulos somaram 6%.

Manoel Gaspar foi eleito com 21 mil votos (57%), pouco mais de 5 mil votos frente à outra candidatura (situacionista).

Gaspar conseguiu eleger sete vereadores das coligações aliadas. A oposição fez maioria (oito), mas há possibilidade de atração de alguns vereadores oposicionistas que poderiam sustentar sua maioria. Neste caso, o PT pode se tornar um fiel nesta balança, aumentando a visibilidade e o cacife em Tupã.

Numa situação como esta, a eleição de vereadores petistas indicava uma necessidade fundamental para as pretensões petistas no próximo período. Porque não basta ter o vice-prefeito na chapa vencedora se o partido não se subordina ou não consolida identidade própria em Tupã.

A eleição, entretanto, revelou fragilidades e contradições.

Senão, vejamos.

Para a Câmara Municipal, a coligação vitoriosa foi a Tupã para Todos, composta por DEM, PP, PRB, PTC e PMDB, amealhando 05 cadeiras.

Em seguida, veio a coligação PSDB/PSD, com quatro vereadores eleitos.

A coligação PDT/PV fez três vereadores.

A quarta coligação foi a do PT com PTB e PRP, elegendo dois vereadores.
Finalmente, a quinta coligação foi a composta por PR, PMN, PCdoB e PPS, elegendo um vereador.
Sintomaticamente, a penúltima coligação neste ranking (PT-PTB-PRP) fez o campeão de votos para a Câmara Municipal, José Maria, com 1.500 votos, atingindo o índice de 4,01% do total de votos (o segundo colocado, Caio Aoqui, do PSDB, obteve 1,94% dos votos, 1.009).

Vejamos o ranking dos eleitos e os votos, por coligação:

A tabela acima revela como a direção municipal do PT se descuidou da coligação durante a eleição. O último eleito, Luis Alves (PCdoB), obteve 403 votos. Valci Silva, o segundo mais votado pelo PT obteve 570 votos, ou seja, 167 votos a mais que o candidato do PCdoB (42%).

Vejamos os dados por coligação.
A tabela a seguir indica quantos candidatos a vereador obtiveram mais de 100 votos, por coligação.

COLIGAÇÃO NÚMERO DE CANDIDATOS A VEREADOR NÚMERO DE CANDIDATOS COM 1OO OU MAIS VOTOS TOTAL DO MAIS VOTADO DA COLIGAÇÃO
DEM-PRB 30 20 (66,6%) 931 (Mangolo)
PSDB-PSD 28 20 (71,4%) 1.099 (Caio Aoqui)
PV-PDT 30 18 (60%) 879 (Amauri)
PT-PTB-PRP 29 13 (44,8%) 1.500 (Zé Maria)
PR-PMN-PCdoB-PPS 29 11 (37,9%) 403 (Luis Alves)

Percebe-se que temos duas situações em termos de coligação: três coligações entre 60% e 71% de candidatos com mais de 100 votos, e duas coligações na faixa dos 40%. A diferença é razoável. Se desdobrarmos as duas últimas coligações deste ranking em função do desempenho por partido, a situação se esclarece ainda mais.

PARTIDO TOTAL DE VOTOS OBTIDOS
PT 3.933
PTB 1.774
PRP 319
PR 1.499
PMN 175
PCdoB 913
PPS 577

A situação apresentada constitui uma lição.

PCdoB fez menos votos que o PR, mas jogou peso na votação de um único candidato, Luis Alves, que conquistou 403 votos (Rogério, o mais votado do PR, somou 350 votos).

A situação, neste caso, se inverte em relação ao PT. Apesar da soma significativa, quase 4 mil votos, não trabalhou de maneira unificada para potencializar a eleição dos puxadores de voto.

Com efeito,Luis Alves ficou atrás, na soma de votos,de 16 outros candidatos que obtiveram entre 1,96% e 1,17% dos votos (ele obteve 1,08% do total de votos para vereador), mas que não conseguiram, em suas coligações, obter soma de votos suficientes para elegê-los.

O PT elegeu o campeão de votos e o terceiro candidato mais votado da coligação PT-PTB. Valci Silva foi o terceiro candidato mais votado da coligação, somando 570 votos (1,52%) . Riti foi o quarto mais votado desta coligação, com 491 votos (1,31%). Professor Ary foi o quinto desta coligação, com 437 votos (1,27%). Borracha vem em seguida. A partir daí, dois candidatos do PT figuram com pouco mais de 100 votos e oito candidatos entre 10 e 92 votos.

O PT de Tupã somou uma totalização de votos nunca antes percebida em Tupã.

Contudo, se retirarmos os 1.500 votos de José Maria, a totalização cai para menos que o obtido em 2004, embora superior à votação extremamente baixa de 2008.

A montagem da chapa petista e a condução da campanha foram os principais erros que impediram a eleição de um segundo vereador do partido.

Vejamos mais nitidamente estes dois fatores.

Dos quinze candidatos petistas com registro de votos para vereador, apenas um superou a marca dos 1.000 votos e outros quatro registraram entre 300 e 570 votos. Contudo, dez candidatos petistas (2/3 dos candidatos) registraram entre 10 e 106 votos. O mais significativo é que oito (53,3% do total de candidatos petistas) não fizeram 100 votos (sendo que seis não fizeram 60 votos).

Evidentemente houve erro na montagem desta chapa. Se todos candidatos a vereador tivessem obtido ao menos 100 votos cada um, teríamos conseguido mais 356 votos. Em outras palavras, por falta de estratégia correta, perdemos 356 votos. Não seria, contudo, suficiente para eleger mais um vereador petista.

Faltaram 1.450 votos para elegermos mais um vereador do PT.

Contudo, tivemos 16 candidatos a vereador da coligação PT/PTB/PRP que não pontuaram 100 votos. No total, se estes candidatos tivessem atingido a marca de 100 votos, teríamos obtido, na coligação, mais 981 votos. Enfim, faltou um comando mais profissionalizado que acompanhasse odesempenho da coligação. Seis candidatos a vereador não obtiveram mais que 20 votos cada. Um candidato do PT obteve 10 votos e um do PTB não pontuou.

Aqui surge o segundo grave problema observado nesta eleição: a direção do PT não coordenou a campanha dos candidatos a vereador. Foram campanhas solo, isoladas. No campo petista, as duas maiores votações adotaram a mesma estratégia, os mesmos instrumentos de campanha e um acompanhamento preciso, desde a convenção partidária. Foram os únicos a definir uma ação articulada que dialogou entre si durante toda a campanha.

Era evidente, desde o início, que Zé Maria seria o puxador de votos do PT. E que Valci, Professor Ary e Riti apareceriam em seguida. No início de setembro, já se sabia que Valci Silva disputaria a segunda vaga da coligação com Luis Carlos, do PTB, que tinha a vantagem de ser o atual Presidente da Câmara Municipal e do PTB local, além de protagonizar a abertura da primeira CPI de Tupã em 35 anos. Evidentemente que a direção do partido teria que ter tomado providências para reforçar a votação dos puxadores de voto, em especial, Zé Maria, que já estava eleito segundo cálculos realizados até então. Mas nada foi feito. Ao contrário, as campanhas dos candidatos a vereador aprofundaram seu isolamento.

Não houve, ao longo da campanha, nenhuma orientação geral de campanha, nenhum estudo, pesquisa, reunião, avaliação partidária de todo o processo, criação de fatos políticos ou valorização da sigla, da legenda, nem mesmo um comitê geral da campanha petista. Em termos partidários, a direção agiu como qualquer outro partido convencional.

Algo mais estranho merece destaque. Em grande parte, o candidato a vereador pelo PP chegou a definir liberação de recursos para os candidatos petistas. Um total contrassenso que revela subordinação do PT de Tupã ao comando de outro partido. Um erro gravíssimo, que merece discussão e apuração rigorosa.

A despeito dos erros de montagem da chapa, que se revelou frágil em termos de expressão eleitoral, e da ausência de condução e coordenação geral de campanha, um problema estrutural salta aos olhos: o PT de Tupã não possui atuação na vida política e social de Tupã em períodos não-eleitorais. Um partido que não está enraizado e vive às custas da projeção pessoal de alguns de seus filiados. Este é um erro que exige superação imediata.

O necessário enraizamento do PT de Tupã

Tupã está situada na segunda região mais pobre do Estado de São Paulo, só perdendo para o Vale do Ribeira.

Aqui, a desigualdade social é gritante.

Segundo o IBGE, 20% da população tupãense acima de 60 anos é analfabeta. Pior: o índice de analfabetos negros acima de 60 anos é de 41%, revelando discriminação étnica. Já o rendimento mensal per capita em Tupã é de 714 reais. O valor médio para homens negros é 40% inferior ao valor médio dos homens brancos.

Do outro lado, 120 tupãenses possuem patrimônio acima de 1 milhão de dólares.

Há bolsões de pobreza em Tupã e de fácil localização, o que contribui para a formação de currais eleitorais e exploração política de muitas famílias necessitadas.

As várias entidades assistenciais não se articulam entre si . Não existe uma federação que as defenda e imponha uma lógica de superação das graves desigualdades que citamos.

Não há um claro projeto de desenvolvimento do município que articule as 1.000 pequenas propriedades com as 300 indústrias tupãenses que, em sua maioria, produzem derivados de produtos agropecuários. Parece evidente a necessidade de um projeto que agregue valor aos produtos naturais produzidos no meio rural e os transforme em marcas que possam ganhar o comércio varejista.

Em Tupã existem 10 sindicatos de trabalhadores, com destaque para quatro, em especial: Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Sindicato dos Comerciários e Sindicato dos Funcionários Públicos Municipais.

O PT de Tupã não possui projeto político ou de apoio a nenhuma destas frentes. Não tem vinculações orgânicas com entidades assistenciais, sindicais, de representação da sociedade civil, confessionais.

Esta é a lacuna estrutural que impediu um sucesso maior nestas eleições municipais. O que exige a elaboração de um programa de ação mais sólido, que enraíze o partido no município. Precisa se tornar referência e protagonismo do desenvolvimento e avanços sociais e políticos.

Um bom começo seria a definição de estratégias para o vereador Zé Maria, apoiado fortemente por toda estrutura partidária e, se forem bem conduzidas as negociações com o futuro prefeito, se estendendo ao segundo vereador petista que deve ocupar uma cadeira na Câmara Municipal em 2013.

São 13 entidades assistenciais: ALBERGUE NOTURNO, APAE – ASSOCIÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS, CASA ABRIGO DA CRIANÇA, CASA DO GAROTO, CASA EMANUEL, CIM – CENTRO DE INTEGRAÇÃO DO MENOR, INSTITUIÇÃO ASSISTENCIAL ANDRÉ LUIZ, INSTITUIÇÃO CASA DOS VELHOS, LAR SANTO ANTÔNIO, LEGIÃO MIRIM, PASTORAL DA MORADIA, REDE FEMININA DE COMBATE AO CANCER e SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO.

Ao todo, são 3.000 propriedades agrícolas envolvendo 6.000 pessoas, Mais de 800 tratores estão em operação no meio rural local, que tem 7.000 hectares de lavoura permanente e 13.000 Hectares de lavoura temporária. Sobressai a cultura do café (4.000.000 de pés em produção), amendoim das águas (2.470 Hectares), arroz (2.000 Hectares), cana para forragem (1.500 Hectares), seringueira (400.000 pés), eucalipto (652 Hectares), cerradão (480 Hectares), cerrado (480 Hectares).

São 325 estabelecimentos que industrializam a carne, leite, amendoim, soja, milho, rações; a produção de calçados, malas para viagem, implementos agrícolas, móveis, serralherias, carroçarias, produtos químicos. A exportação ocorre para os países da Europa, Ásia e Américas, estimando-se que mais de nove mil pessoas estejam envolvidas com as indústrias tupãenses.

3 respostas

  1. Problema é do Prefeito se ele não gostou ou deixou de gostar da derrota de uma maneira exponencial e acentuada o que é fato, é que o povo de Tupã já se cansou de tantas barganhas, celeumas, balbúrdias, mazelas durante estes 2 mandatos de uma administração municipal advinda de marasmo, desordem e ineficiência reinante no atual cenário político de Tupã. Eu posso afirmar que os obstáculos ao desenvolvimento não estão mais na economia, mas na política. Superá-los será resultado de mudança cultural. O amdurecimento social levará a ações mais concretas na resolução dos problemas da cidade. Eu afirmo que o Prefeito é emblemático para o amadurecimento da política tupãense. Questiono fortemente o fato de o Prefeito não ter usado sua importância simbólica para grandes conquitas no desenvolvimento sócio-econômico que é o desenvolvimento da economia com efeitos positivos sobre a qualidade de vida e os índices sociais. Segundo a minha concepção e/ou percepção, a estagnação do município é resultado da deterioração da cidade não ter ingressado numa fase de industrialização e crescimento econômico acelerados.Tupã precisa crescer e desenvolver em ritmo acelerado para conquistar a posição de cidade-sede da região e com isto atrair novos investimentos e gerar empregos e renda. Assim sendo, é muito importante que o futuro prefeito (GASPAR)tenha um ótimo relacionamento nas esferas estadual e federal. administração 2005-2012 a saúde está um caos,o trânsito está desordenado, cadê a geração de empregos dignos? a educação parou no tempo, não houve evolução, crescimento e desenvolvimento educacional e, entre outras inércias. Este prefeito não viabilizou sequer um distrito industrial para abertura de novas frentes de trabalho. Não trouxe escola técnica. Não trouxe Universidade. Não trouxe Faculdade. Não trouxe órgão Público de âmbito federal ou estadual. Não trouxe geração de emprego.Todavia, o que este “WALDEMIR” trouxe para tupã em 8 anos de gestão pública?????????? o prefeito está achando que as pessoas são trouxas par votar na continuidade e assim voltar aquela administração municipal medíocre e/ou trivial como a dele. este sujeito só mexeu em construção, reforma e ampliação, este foi o princiapl legado dele: reformas estruturais, estrutura física, semblante e ornamentação da cidade e só apenas, sem contar tbm que o turismo em tupã está notadamente deficitário, escasso. Padecemos sobre as mazelas políticas e tantas mazelas tem cansado os tupãenses, pois a esperança dos tupãenses já estavam se dissipando e foi onde que o povo optou na verdadeira mudança para o progresso e desenvolvimento de tupã. BASTA DE ILUSÃO! CHEGA DOS MESMOS! SÃO TUDO FARINHA DO MESMO SACO! 15 NELES!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  2. Valdir,
    Não há nada de estranho. Foquei a análise nas coligações e no PT. Neste caso, a coligação onde estava o PSB teve dois vereadores à frente, de partidos distintos: Mangolo (933 votos, do DEM; e Ribeirão, 918 votos, do PP). O interessante é que os reeleitos ficaram na faixa dos 700 votos, com exceção de Ribeirão que, mesmo tendo uma campanha milionária, ficou em 5o lugar. O problema do PSB de Tupã é falta de identidade própria. Algo que Eduardo Campos está começando a alterar nacionalmente. Infelizmente, o partido oscilou na última legislatura entre ser situação ou oposição. Mas não é o único partido com esta ausência de perfil, em Tupã.

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