O cenário proposto não previa que a ambição se transformaria em traição. “Judas” é agora o culpado e apontado como protagonista de uma série de irregularidades em obras de Tupã.
A semana parece não ter terminado muito boa para a oposição. Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB) briga com vereador em evento e ex-secretária Jeane Rosin (PSDB) invadiu na tarde de hoje (23) o Almoxarifado e a Secretaria de Planejamento e Obras e atacou o ex-colega Valentim Bigeschi. Tudo isso aconteceu como no seriado de TV em “24 horas”. Alucinante.
Outrora era senhor da razão. Não ouvia ninguém e agia como se fosse o poderoso chefão. Agora choraminga pelos cantos da cidade e joga seus ex-secretários contra ex-colegas de trabalho. Pior: o próprio ex-prefeito Waldemir agrediu com palavras o jovem vereador Caio Aoqui (PSDB).
Em público, Waldemir exigiu lealdade e defesa na Câmara. Cobrava do parlamentar uma posição de oposição como vereador tucano. Também falou de forma ríspida pelo fato de Aoqui ter articulado aproximação com o Partido Social Democrático (PSD). Em Tupã o PSD seria presidido pela ex-secretária de Cultura e Turismo, Aracelis Gois Morales. O PSDB esvaziou.
CPE
Depois de entrar para a história como o primeiro prefeito de Tupã a responder uma CPI, por causa de irregularidades nas obras do Espaço das Artes, agora Waldemir é alvo de uma Comissão Parlamentar Especial (CPE). A CPE está envolta a milhares de documentos eivados de vícios e suspeitas de licitação dirigida e dinheiro que simplesmente desapareceu em obras que sequer saíram do papel.
A revolta de Waldemir explodiu no Recinto de Exposição Agropecuária e Industrial de Tupã (EXAPIT). O palco montado aguardava a dupla Munhoz e Mariano, aquela dupla sertaneja “do agora eu fiquei doce”. Salgada foi à decepção do ex-prefeito ao perceber que nem foi lembrado para o 1º Encontro dos Produtores de Amendoim e nem para o concurso da paçoca.
Também pudera, Waldemir nunca foi plantador de amendoim e mesmo assim, saiu da sala de aula e foi ser presidente da Cooperativa Agrícola e Mista da Alta Paulista. Pior: viu seu pupilo Romildo Contelli querendo se enveredar também pelo caminho da política.
A CAUSA
A causa de tanta revolta começou no período da manhã desta quinta-feira (22), quando o presidente da CPE, Valter Moreno Panhosi (DEM) foi entrevistado por Jota Neves e abriu a “caixa de gordura” por onde o dinheiro público pode ter saído “ralo abaixo”. As obras irregulares em Tupã, referentes à administração Waldemir Gonçalves Lopes podem atingir valore estratosféricos, mas tudo isso ainda está sendo levantado pela Comissão Parlamentar Especial.
De acordo com a atual administração, das 33 obras herdadas, pelo menos 31 estavam irregulares. As irregularidades são desde obras iniciadas há anos e não concluídas; empresa que recebeu sem fazer; medição fraudulenta com pagamento indevido, entre outros. Um exemplo disso é o Parque Ecológico em Tupã: a obra não saiu do papel, mas já consumiu cerca de R$ 400 mil.
Há suspeita de licitação direcionada com aditamento e pagamentos indevidos. As irregularidades continuam e explicam bem, como a administração anterior promoveu aquele espetáculo no Espaço das Artes, tentando justificar falhas que evidenciavam fraudes.
Por conta do processo, a ex-secretária de Turismo e Cultura, Aracelis Gois Morales, o engenheiro civil, José Roberto Rasi e a Construtora Bardelin tiveram parte dos bens bloqueados para um eventual ressarcimento aos cofres públicos.
Documentos investigados pela Comissão Parlamentar Especial, composta pelos vereadores Luis Alves (PC do B), José Maria de Oliveira, “Zé Maria” (PT) e presidida por Valter Moreno (DEM) apontam para uma série de irregularidades.
No processo há documento de padaria empenhado no valor de R$ 4.900,00 com as obras do Parque Ecológico; apontamento de medição de que o Parque está localizado no distrito de Parnaso, no valor de R$ 10 mil e um aditamento superior a R$ 300 mil, quando sequer a obra saiu do papel. O complemento ampliando o valor da empreitada foi feito antes do contrato ser assinado com a empreiteira mariliense.
Só para lembrar o recurso para investir nessa obra havia sido viabilizado pelo deputado federal pelo PV, no período de 2007 a 2011, Sérgio Antonio Nechar, conhecido como Dr. Nechar, também de Marília.