Leandro José Romero, 28 anos, filho do secretário de Segurança e Trânsito de Tupã, José Romero Sobrinho, “Riti”, foi preso após comunicar falso sequestro na tentativa de extorquir a família da própria mulher.
“Meu pai está sendo muito perseguido depois que ele entrou na política. Tem acontecido tanta coisa Jota Neves que você nem imagina”, lamentou Leandro Romero. Foi assim que Leandro presumiu supostos acontecimentos que “vitimavam” o pai e a ele próprio, durante entrevista ao blog no dia 3 de junho do ano passado. Leia também: Secretário de Segurança e Trânsito sofre suposta tentativa de envenenamento
Um ano e meio depois Leandro e a tia foram presos acusados de falso sequestro e extorsão. O suposto sequestro era de Leandro. O pedido de resgate no valor de R$ 20 mil foi feito à família da esposa – gravida.
Os “bandidos” estariam com Leandro em um cativeiro e realizaram diversas ligações para a esposa da vítima exigindo o resgate. A esposa procurou à Polícia Civil e as investigações foram iniciadas. Enquanto a esposa estava na Central de Polícia Judiciária os “bandidos” ligaram mais uma vez. Neste momento os policiais já rastreavam os contatos telefônicos.
Os investigadores da DIG descobriram de onde partiram as ligações e acionaram a polícia de Dracena. O “cativeiro” era numa chácara naquele município. Na manhã desta quinta-feira (17), a polícia de Dracena deteve dois adolescentes.
Os adolescentes confessaram que tudo havia sido tramado pelo Leandro. Os policiais chegaram até uma residência onde Leandro estava acompanhado da tia, moradora da chácara onde estavam os adolescentes em Dracena.
A tia de Leandro também confirmou a história do falso sequestro. A delegada Cristiane Camargo Braga determinou a prisão em flagrante de Leandro e da tia dele pelo crime de extorsão. Leandro foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Caiuá e a mulher para a Penitenciária de Pirajuí. Os adolescentes estão detidos na delegacia de Dracena.
Segundo as informações, a tia de Leandro teria até provocado marcas no corpo do sobrinho para ratificar uma eventual agressão praticada pelos “sequestradores”.
ENVENENAMENTO
A entrevista ao blog sobre este outro “crime” foi na porta do IML – Instituto Médico Legal de Tupã. Era começo da tarde do dia 3 de junho de 2015. “Meu telefone tocou e o interlocutor identificou-se como Leandro e filho do secretário de Segurança e Trânsito de Tupã, José Romero Sobrinho, o Riti”.
O rapaz parecia muito interessado em dar publicidade ao caso e confessou que achou por bem insistir com o pai para conceder entrevista para alardear o ocorrido e intimidar aqueles que estavam interessados em atacá-los. Durante a entrevista, Leandro chegou a comentar sobre outros episódios que estariam atormentando a vida da família. “Eu orientei meu pai a vender o que ele tem e mudar-se de Tupã”, insistiu Leandro.
Por um instante achei estranho, mas sou repórter – e fui em busca do fato. Em nenhum momento quis saber o motivo pelo qual o rapaz preferiu me procurar. Segundo Leandro, ele e o pai teriam sido vítimas de uma tentativa de envenenamento. Ingeriram um suco que estava na geladeira e começaram a passar mal. Segundo eles, o portão ficava aberto e a casa também. Pai e filho contaram que na data anterior (2) por volta das 17 horas, chegaram à casa localizada na zona Leste e, “tomamos um suco e sentimos um gosto e cheiro diferente do convencional. Imediatamente começamos a sentir dor de cabeça e no peito”.
Na manhã seguinte Leandro e a mãe resolveram verificar se existia algum outro produto comestível contaminado e o mesmo odor foi verificado num vidro de pimenta que o secretário sempre faz uso.
A família do secretário suspeitava de alguém do convívio familiar. A chave da residência ficava sempre no portão. No mesmo local moram os avós. Além disso, três cachorros dariam alarme caso alguém estranho invadisse a residência. Leia também: Laudo confirma que secretário poderia ter sido envenenado
Segundo Riti, a nora – mulher de Leandro teria suspeitado de que o produto colocado no suco e no vidro de pimenta fosse um carrapaticida. Em 24 de setembro o delegado do 2º Distrito Policial, Paulo Cesar Pardo Soares confirmava que o laudo do exame toxicológico dos alimentos encaminhados apontou presença do princípio ativo deltametrina. “Essa é uma substância utilizada como piolhicida, carrapaticida e sarnicida”, observou o delegado.
Em matéria publicada pelo jornal Dário, o delegado afirmou que os fatos foram investigados pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais), e até aquele momento não existiam suspeitos sobre a tentativa de envenenamento do secretário e sua família. “A investigação está cada vez mais difícil, porque o secretário é uma pessoa de bem, que não mostra ter nenhum inimigo. Para levantar suspeitos, a situação fica mais difícil”.
A tese da polícia contraria a versão de Leandro: “Meu pai está sendo muito perseguido depois que ele entrou na política. Tem acontecido tanta coisa Jota Neves que você nem imagina”, disse Leandro Romero em entrevista ao blog na tarde do dia 3 de junho do ano passado.
VANDALISMO
Cinquenta dias depois do episódio do suco supostamente envenenado, novamente a reportagem do blog foi acionada pelo Leandro contando que havia sido vítima de vandalismo. O carro dele havia sido danificado na garagem do condomínio onde reside no Parque das Esmeraldas, à Rua Bezerra de Menezes, 255, Vila Independência.
Ele declarou que na noite do dia 23 de julho, deixou o carro Fiat Siena, 2013, cor prata estacionado na garagem por volta das 21 horas. Na manhã de sexta-feira (24) quando foi reutilizá-lo para ir trabalhar constatou que o carro estava completamente riscado e na tampa do porta-malas estava escrito a palavra “viado” [sic].
O veículo passou por perícia no Instituto de Criminalística (IC). O carro não tinha seguro e a recuperação da pintura foi orçada à época em cerca de R$ 4,5 mil. Neste ano, outro integrante da família Romero já havia sido alvo de dano também em veículo, segundo Leandro declarou à polícia. Este caso também deve ter sido encaminhado à DIG – Delegacia de Investigações Gerais. Ainda não há informações sobre a autoria dos danos. Leia também: Filho de secretário municipal tem carro vandalizado na garagem
Com a prisão de Leandro Romero, a DIG vai no mínimo tentar saber mais detalhes sobre estes outros casos que passaram pela especializada e envolvendo o acusado como suposta vítima, bem como o próprio pai dele – secretário de Segurança e Trânsito, José Romero Sobrinho, Riti.
