Ribeirão chora, mas os motivos das denúncias dos corrupicidas não foram revelados.
Uma entrevista coletiva sem perguntas. Na verdade foi apenas uma declaração coletiva. Uma declaração daquelas em que tudo foi combinado. Só se esqueceram de partilhar com a imprensa. Mas, como a imprensa não foi levada em consideração, ficamos nós repórteres até o fim da “coletiva” sem saber o motivo da “entrevista”.
Enquanto alguns convidados pautados faziam suas declarações, eu ficava imaginando qual seria a manchete da matéria. Não me vinha nada à cabeça para retratar numa frase o objetivo do encontro que reuniu políticos, uns três vereadores, empresários e o alto escalão da administração do prefeito Manoel Gaspar (PMDB).
As únicas coisas que ficaram cristalizadas desde o início do falatório foram as palavras corrupicidas, Prodett, inconstitucionalidade da lei e, etc. A primeira dica de que a coletiva foi orquestrada surgiu nas palavras do empresário Antonio Fernandes Campos (Amenco e Agromérica). “Os corrupicidas querem o poder”. Os corrupicidas querem o poder? Mas quem são os corrupicidas?
Valdemar Stort (Dipawa) disse que “esse pessoal não pode prejudicar o desenvolvimento de Tupã”. Mas quem é esse pessoal? Nós repórteres ficamos à deriva. O porquê do pedido de inconstitucionalidade da lei do Prodett não foi explicado. Eu também não quero ter esse compromisso de explicar. Quem deve explicação são os autores da coletiva. Até o representante do supermercado Kawakami, Francisco Augusto Bitelli também lamentou o ocorrido mesmo parecendo não ter entendido muito o motivo de sua convocação.
Já o vereador Antonio Alves de Sousa, Ribeirão (PP) sentiu uma lágrima enroscada na garganta que marejou seus olhos. Parecia sentir-se caluniado pelos corrupicidas, mas não expressou esse sentimento e engoliu o choro para justificar a necessidade da manutenção da lei – pivô da denúncia do grupo anônimo denominado corrupicidas.
Já o prefeito buscou no passado a explicação da lei criada em 1987 e recriada em 2011, por sugestão do vereador Ribeirão. Gaspar voltou no tempo e relembrou os ex-prefeitos Semeghini, Carlão, Jesus, ele próprio, além de Waldemir que buscaram amparo na legislação para isentar cerca de 100 empresas que hoje geram pouco mais de 2 mil empregos.
Além do choro do parlamentar Ribeirão que controla a Secretaria de Desenvolvimento Econômico dirigida por Clóvis Saito, os próprios parceiros da administração lembraram que o momento econômico do município hoje é decadente: “A Fama foi embora para Herculândia. Tupã não é mais representativo no setor moveleiro. Perde para Mirassol e Catanduva”, disse um dos convidados. Talvez por isso, tem gente de Tupã investindo em lojas de móveis em Franca e Batatais que ficam próximas desses grandes produtores.
Em meio a discursos negativos por culpa dos corrupicidas que ninguém sabe quem são eles, – até Quintana foi lembrada. Uma grande empresa optou pela cidade vizinha e vai investir R$ 100 milhões em busca do amendoim como matéria prima. O próprio prefeito Manoel Gaspar lamentou o fechamento do IPT e da crise que afeta os hospitais São Francisco e Dom Bosco.
Também foi lembrada a questão da isenção do IPTU para novos loteamentos alvo de questionamento judicial. A culpa é dos corrupicidas. É melhor jogar a culpa neles. Eu também culpo os corrupicidas. Já os corrupicidas culpam Gaspar, seu filho e Ribeirão!
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