O parlamentar federal vive inferno astral após evitar por duas vezes que o presidente Temer fosse investigado por corrupção. “Justamente por isso quero, de minha parte, continuar a oferecer o que tenho: um imenso amor pelo Brasil, por sua história e por seu povo”, disse Gussi em resposta as denúncias.
Se os votos favoráveis ao presidente Michel Temer (PMDB) foram em nome de uma suposta estabilidade econômica e política do país, quem parece se sentir numa carruagem com vidraças laterais, é o próprio deputado federal Evandro Herrera Bertone Gussi (PV). Gussi está literalmente na berlinda e sofre ataques a partir de seu núcleo de oração e eleitoral, mas está longe de ser o bobo da corte ou o bode expiatório.
Às vésperas das eleições, uma avalanche de denúncias a partir de suas próprias ações tem desestabilizado a “estrutura familiar” do nobre representante da Alta Paulista.
Ao lado de seu criador – deputado estadual Reinaldo de Souza Alguz (PV), Gussi é apontado como integrante de uma “conexão verde” engendrada para abastecer um possível esquema de “caixa de campanha, a partir dos cofres públicos”, acusa o vereador tupãense Paulo Henrique Andrade (PPS).
É sustentando essa tese que o edil confirmou domingo (11) que deverá fazer nesta quarta-feira, dia 14, uma representação ao Ministério Público Estadual contra o famigerado “bolsa família verde” desnudado antes do carnaval através das redes sociais.
“Fica evidenciado que houve dolo – intenção deliberada e de flagrante imoralidade de se abastecer de dinheiro do contribuinte para fazer possivelmente caixa de campanha”, ratificou Andrade.
Documentos divulgados pelo blog comprovaram que desde 2008, quando Evandro Gussi disputou a eleição para vereador em Tupã, sua esposa Joice Raquel Ubeda Haddad Gussi assumiu cargo de assessora especial parlamentar – lotada no gabinete do deputado Reinaldo Alguz, com vencimentos brutos de R$ 12.206,52.
De 3 de julho de 2008 a 30 de janeiro de 2015, Joice e Gussi foram alternando-se nos cargos. Ele no período de 12 de janeiro de 2009 a 24 de junho de 2014, às vésperas de concorrer às eleições daquele ano, quando foi eleito deputado federal com mais de 109 mil votos.
Há período em que o casal era contemplado ao mesmo tempo com as benesses parlamentares da ALESP – Assembleia Legislativa de São Paulo, onde não há nenhuma lei que impeça o nepotismo. Sendo assim, até o pai de Evandro Gussi – filiado ao PV de Dracena também foi descoberto na folha de pagamento do Estado.
De 1º de julho de 2010 a 19 de dezembro de 2014, o advogado José Reinaldo Gussi, também ocupou cargo na ALESP – com salário bruto de R$ 8.648,64.
“DO OUTRO LADO DO PARAÍSO”
Desde a publicação da matéria pelo blog, dia 6, a partir da denúncia feita pelo vereador Paulo Henrique Andrade, na sessão ordinária da Câmara, dia 5, que a reportagem insiste em obter a resposta dos envolvidos – Evandro Gussi e Reinaldo Alguz.
A assessoria parlamentar informou somente na quinta-feira, dia 8, que o endereço eletrônico ao qual foram enviados os questionamentos eram inválidos. Coincidentemente, nesse mesmo dia, Gussi enviou à imprensa uma nota com os seguintes dizeres:
Pessoas sem cautela e desprovidas de zelo com a verdade passaram a insinuar que haveria alguma ofensa ética no fato de, por um determinado período, antes de minha eleição para Deputado Federal, minha esposa e meu pai terem servido como assessores parlamentares.
Os fatos são simples: os próprios divulgadores reconhecem que não há qualquer ilegalidade. De fato, as contratações foram públicas e seguiram rigorosamente a lei. Obviamente, ambos cumpriram o que lhes fora proposto para a função. Tudo ocorreu em período anterior à minha investidura no cargo de deputado federal. Qual seria o problema, portanto? O fato de serem minha esposa e meu pai, dizem.
Estão absolutamente equivocados: foram contratados dois cidadãos brasileiros, no pleno gozo de seus direitos civis e políticos. A primeira possui duas graduações universitárias na área da saúde e é uma gestora reconhecidamente competente. O segundo é delegado de polícia aposentado, respeitado advogado em âmbito regional e professor universitário. Ambos, portanto, têm inequívoca capacidade para desempenhar as funções que lhes foram atribuídas.
A vida pública exige, e quanto a isso sinto-me muito confortável, transparência. Esta se manifesta na exigência de que os deputados federais apresentem sua Declaração de Imposto sobre a Renda ao Tribunal de Contas da União, o que tenho feito diligentemente. O patrimônio que possuo é fruto de uma vida de estudos e de trabalho árduo. Em 2014, o valor real dos meus bens, apresentado à Receita Federal do Brasil, somava R$ 446.065,62, o que é comprovado por minha Declaração em anexo. Ao lado disso, a mesma Declaração demonstra que pago mensalmente prestações de financiamento imobiliário cujo valor total é de R$ 367.800,48, junto à Caixa Econômica Federal, utilizado para a construção da residência em que moro.
Eis a verdade! O restante se divide entre informações distorcidas ou interpretações sem critério. Os promotores da infâmia, como é comum nesses casos, não trazem qualquer prova de condutas imorais ou ilegais: limitam-se a lançar suspeitas sem fundamento, buscam prejudicar reputações e esperam – quem sabe! – alcançar objetivos escusos com isso. Procuro não dar ouvidos a tais coisas, pois, em geral, as pessoas só podem oferecer o que têm. Justamente por isso quero, de minha parte, continuar a oferecer o que tenho: um imenso amor pelo Brasil, por sua história e por seu povo.
ALESP
O deputado Reinaldo Alguz e o presidente atual da ALESP, Cauê Macris (PSDB), ainda não se manifestaram.
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