O ícone influenciou Zezé di Camargo, Daniel, Leonardo e vários outros renomados profissionais da música sertaneja. Ouça texto
O corpo do cantor Sebastião da Silva, 80 anos, o “Caim” está sendo velado no Velório Municipal, em Marília, e o sepultamento está marcado para às 17h, no Cemitério da Saudade.
A morte do artista foi anunciada em grupos de aplicativo compostos por profissionais da imprensa. As causas da morte não foram informadas, mas o cantor estava doente.
A morte de Caim ocorre 19 dias após o falecimento do radialista Wilson Matos. José Vieira, o Abel que fez dupla com Caim faleceu em Araçatuba, em 12 de janeiro de 2011.
“Com muita tristeza, comunico o falecimento do nosso Amigo Caim hoje as 02hs”, anunciou João Telles. “Lamento informar que na madrugada de hoje, perdemos o grande e querido cantor sertanejo e locutor o amigo Sebastião da Silva, o Caim”, escreveu outra internauta.
A Prefeitura Municipal de Marília, através do prefeito Daniel Alonso e do vice-prefeito Cícero Carlos da Silva, o Cícero do Ceasa (PL), comunica com profundo pesar e muita tristeza o falecimento na madrugada deste dia 29 de março de 2024 do cantor Sebastião da Silva, nacionalmente conhecido como Caim, da dupla de música caipira Abel e Caim. Nascido em 20 de janeiro de 1944 na cidade de Monte Azul Paulista, se mudou para Marília ainda na infância e morava com a família no Jardim Bandeirantes, zona Oeste da cidade.
Desde pequeno cantava e na adolescência, além de interpretar as principais composições de música caipira e moda de viola, aprendeu em Marília a profissão de sapateiro. No ano de 1966, ao lado do parceiro José Vieira, o Abel, venceu um concurso nacional de violeiros no programa Geraldo Meirelles (que sugeriu o nome da dupla).
“Caim é uma das personalidades que ajudaram a construir este amor que milhões de brasileiros têm pela autêntica música raiz,por isso a sua voz permanecerá viva na nossa alma, na alma de todo o nosso Brasil”, observou o prefeito de Marília, Daniel Alonso.
À família enlutada, o prefeito Daniel Alonso e o vice-prefeito Cícero do Ceasa enviam condolências. “Que Deus conforte a todos que amavam e ainda vão continuar amando este grande nome da nossa cidade, este grande artista da música brasileira”, concluiu Daniel Alonso.
Em 2021, o portal conteudo.solutudo.com.br publicou matéria sobre a carreira do cantor que vivia e trabalhava em Marília como locutor e ainda se dedicava há 66 anos à moda caipira.
Por Ramon Barbosa Franco
Sebastião da Silva, o Caim da dupla Abel & Caim, interpretou grandes sucessos e é admirado por gerações de fãs e de artistas nacionais.
Certa vez a dupla Zezé Di Camargo & Luciano esteve em Marília para um show e os artistas chegaram no período da tarde. A apresentação seria à noite e os organizadores do evento marcaram um encontro com personalidades locais. Sebastião da Silva, o Caim da dupla Abel & Caim, que há décadas vive em Marília, era uma destas personalidades.
Um dos responsáveis pela vinda de Zezé & Luciano, ao ver Caim entre os convidados, disse: “Quero apresentar um grande artista…”. Zezé interveio e interrompeu a fala: “Só um minuto, mas me desculpe, quem tem que ser apresentado ao Caim somos nós. Eu era criança em Goiás e ouvia ‘Mãe amorosa’ no rádio ao lado do meu pai. É uma honra estar na cidade de Caim”, disse o compositor de ‘É o amor’, segundo quem esteve na reunião.
São 66 anos de dedicação à música numa carreira iniciada justamente em Marília, ao lado da irmã Esmeralda e do sanfoneiro Periquito. Na época, o trio se chama Esmeralda, Bolinho e Periquito. Caim e sua família viviam nesta época em Vera Cruz, mas viajavam até Marília, de ônibus, para apresentações nas emissoras de rádio da cidade. Na década de 1960, quando para melhores oportunidades a família se mudou para São Paulo, Sebastião da Silva adotou o nome artístico de Caim e formou dupla com o amigo Abel.
Antes de se dedicar integralmente aos shows e composições, Caim exerceu o ofício de sapateiro, inclusive em uma grande indústria de São Paulo. Neste período conseguiu uma permissão do seu chefe para entrar um pouco mais tarde em determinados dias da semana. Caim precisava participar de um programa de rádio na emissora nacional Record.
A atração era comandada por Raul Torres, uma das lendas da música caipira e intérprete ao lado do parceiro Florêncio de clássicos imortais, como ‘Cabocla Teresa’. Oficialmente a parceria com Abel (José Vieira) começou em 1966, quando venceram o festival sertanejo organizado pelo radialista Geraldo Meirelles.
Mais de 1.200 duplas caipiras disputaram o torneio. Abel faleceu em 2011. Foram mais de 400 músicas gravadas e sucessos nacionais como ‘Santa Luzia’, ‘O menino e o cachorro’, ‘Mãe amorosa’ e ‘O carona’. O repertório inclui composições de grandes poetas e compositores, como José Fortuna, Catulo da Paixão Cearense, Dino Franco e Lourival dos Santos. Caim, que desde a década de 1980 retornou de São Paulo para Marília (aliás, ele chegou a ser vereador em Marília), seguiu carreira e solo até compor nova parceira musical com Addy, um conhecido cantor de Marília que passou a adotar o nome artístico de Adel.
Contudo, Addy (Adilson Cândido da Silva) faleceu de infarto em junho de 2019 aos 57 anos. Caim gravou um vídeo emocionante após o fim da dupla com Adel. Em 2019 Caim recebeu o título de Cidadão Mariliense da Câmara.
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