“Ninho verde”: denúncia provocou várias reuniões políticas em Iacri

Surgem evidências de que o abatedouro clandestino era de conhecimento público. O Legislativo também fica sob suspeita no “Caso das codornas”.

Vereador Gilberto do Açougue denunciou à Fiscalização da prefeitura, mas nega que o fez à Polícia Civil
Vereador “Gilberto do Açougue” (DEM) denunciou à Fiscalização da prefeitura, mas nega que o fez à Polícia Civil
Vereadores, entre eles, Reinaldo Dentista (PV) sabia do abate clandestino - Foto: Nestor José Dias Filho
Omissão da Câmara: vereadores, entre eles, Reinaldo Dentista (PV) sabia do abate clandestino – Foto: Nestor José Dias Filho

As denúncias feitas pelo blog de que possivelmente a ação da Polícia Civil teria eventual motivação política e não com o cumprimento do dever provocou várias reuniões em Iacri, a partir da tarde de ontem (18) e durante toda a noite.

O consultório do vereador Reinaldo Roberto Hauy, “Reinaldo Dentista” (PV) foi o endereço mais procurado. Outras também foram promovidas em locais diferentes para avaliar o impacto das declarações do prefeito Cláudio Andreassa (PV).

Ele acusa Reinaldo Dentista, presidente do Partido Verde de ter arquitetado a trama envolvendo o delegado Seccional, Luiz Antônio Hauy, irmão do parlamentar.

A intenção, segundo as informações, seria a de causar prejuízo à imagem política do chefe do executivo para preteri-lo da disputa à reeleição. Assim, o PV poderia escolher como candidata a vice-prefeita, Marina Ângela Pacanaro filiada ao mesmo partido.

Como consequência da denúncia, as cogitações de bastidores são diversas: processar o blog, a vice-prefeita já não teria mais a intenção de disputar o pleito em outubro, o prefeito pretende “bater o pé” e brigar pelo direito de ir à reeleição, entre outras.

EVIDÊNCIAS DE OMISSÃO

"Caso codornas" coloca em lados opostos o presidente do PV...
“Caso codornas” coloca em lados opostos o presidente do PV…
...e o prefeito eleito pelo mesmo partido
…e o prefeito eleito pelo mesmo partido

Já o parlamentar Reinaldo Dentista em off “empurrava” responsabilidade pela denúncia feita à Polícia Civil sobre o abatedouro clandestino ao vereador Gilberto Nunes Brito, “Gilberto do Açougue” (DEM).

Essa “defesa prévia” pode significar nos bastidores mais uma evidência de que o abatedouro clandestino encontrado na propriedade da família do prefeito era de conhecimento público, inclusive do próprio parlamentar Reinaldo Dentista e, por isso, o enredo mudou de ritmo.

Gilberto do Açougue disse que tinha conhecimento do abatedouro clandestino e pediu providências à Fiscalização Sanitária do município “mas não fiz nenhuma reclamação na polícia”, garantiu. Segundo ele, “o prefeito gerava emprego e eu queria que fosse dentro das normas da saúde pública”.

Ao que parece, o setor comandado por Sérgio Dezane não teria tomado nenhuma providência. O Setor de Fiscalização Sanitária fica lotado na Secretaria de Saúde, pasta comandada por Alice Joana da Costa Biava. Informações da unidade revelaram que o funcionário está em férias e só retorna às atividades no começo de agosto.

A matéria publicada ontem pelo blog foi o principal assunto nas redes sociais envolvendo moradores e ex-moradores de Iacri que acompanham cada desdobramento dessa intrigada jogada política.

No mínimo, o abate clandestino era do conhecimento de muito mais gente ligada aos órgãos públicos, sem que nenhuma providência efetiva fosse tomada – até o começo da noite do dia 5 de julho, quando, segundo a Polícia Civil, uma suposta denúncia anônima “entregou” o esquema de abate clandestino de codornas.

APONTAMENTOS CRIMINAIS

(Foto: Diego Pereira/Mais Tupã/Divulgação)
(Foto: Diego Pereira/Mais Tupã/Divulgação)

Como é de conhecimento de todos uma das condutas que mais vem reclamando a atenção dos órgãos de execução do Ministério Público diz respeito ao abate clandestino de animais. Referida conduta tem reflexos em diversas áreas de atuação do Ministério Público, destacando-se as seguintes: 1) saúde – na medida em que coloca em risco a saúde da população, já que são oferecidas mercadorias inapropriadas para o consumo, podendo provocar sérias doenças; 2) meio ambiente – eis que pode acarretar poluição ambiental com o depósito irregular da mercadoria ou com dispensa de dejetos, de forma inapropriada, no solo, em mananciais etc.; 3) consumidor – uma vez que eis que viola direitos básicos da relação de consumo, atingindo direito difuso da coletividade.

Não por outro sentido que os (as) Promotores (as) de Justiça dirigentes dos Centros de Apoio à Saúde, do Meio Ambiente e do Consumidor estão envidando esforços para coibir tal prática, infelizmente contando com certa aceitação por parte da população, na maioria das vezes por falta de informação; porém, a citada conduta, como destacado, tem efeitos deletérios para a coletividade, merecendo atuação eficaz do Ministério Público (preventiva e repressivamente), aponta o promotor de Justiça Gustavo Senna Miranda, em publicação feita no portal da Conamp – Associação Nacional dos Membros do Ministério Público.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *