Compra de calçados para alunos da rede municipal de ensino provoca investigação da oposição. O gastos são de quase R$ 600 mil. A empresa vencedora da licitação já faturou R$ 1,8 milhão com a prefeitura de Tupã em 2015.
Os vereadores Luis Alves de Souza (PC do B) e Ricardo Raymundo (PV) se desentenderam com o prefeito de Tupã, Manoel Gaspar (PMDB) e o secretário de Administração, Archimedes Peres Botan, nesta quinta-feira (28), na sede da Secretaria Municipal de Educação.
Os parlamentares e suas respectivas assessorias estavam fiscalizando a quantidade de kits de calçados que foram comprados pela prefeitura. Quatro mil kits (dois pares de calçados em cada um). A confusão terminou em bafafá e ocorrência policial de ambos os lados.
De acordo com documentos licitatórios, a Secretaria de Educação adquiriu mais de oito mil pares de calçados (tênis e sandálias tipo papete) para distribuir aos alunos da rede municipal de ensino. Avisados pela secretária recém empossada no cargo, Luciana Ferreira Leal, Gaspar e Botan chegaram na Secretaria e entraram em atrito com os parlamentares. “Eu não sou ladrão”, gritou Gaspar. “Se não é ladrão, tá com medo do quê?”, questionaram os vereadores.
Os opositores que já estiveram na quarta-feira (27) no local e fizeram uma contagem por amostragem, disseram que foram checar a informação sobre suposto número inferior de calçados e de compra eventualmente superfaturada. Associado a tudo isso, estaria a falta de estrutura para a empresa fornecedora do material que, segundo consta, funcionaria num prédio residencial. Porém, a Mircro-Empresa possui um vasto campo de atuação. Fundada em 21 de outubro de 2011, a empresa atua no comércio varejista de livros, bolsas e mochilas, na venda de balas a intermediação de coberturas metálicas em geral. E foi assim, que a ME Renato Gomes faturou em 2015, R$ 1,8 milhão.
Ao contrário dos fornecedores tupãenses, a prefeitura de Tupã tem mantido em dia os pagamentos de contratos na aquisição de brinquedos pedagógicos, play graund e calçados para educação. O pagamento dos calçados foi feito em 30 de dezembro de 2015, após empenho datado de 9 de outubro, no valor de R$ 596.109,40. Com play ground a prefeitura gastou R$ 634.995. R$ 245 mil com brinquedos lúdicos e R$ 338.580, com cobertura de polietileno para creche.
SANDÁLIA DA HUMILDADE
Essa história de aquisição de Tênis e sandálias “papetes” para estudantes humildes já não “cheirava” bem para os vereadores da oposição desde o seu início. Tudo começou quando o ex-secretário de Educação, Marcos Leite teria se comovido ao ver algumas crianças com paupérrimos calçados. Como não pode haver discriminação entre os alunos que podem ou não ter um calçado melhor, a prefeitura resolveu fazer a caridade para todos os alunos da rede.
Uma licitação foi aberta e a empresa Renato Gomes Livros – ME sagrou-se vencedora. Com sede em Promissão, na microrregião de Lins, a ME funcionaria no mesmo suposto endereço do proprietário à Avenida Rio Grande, 479, centro de Promissão. Parece que não adiantou em nada o esforço do prefeito em promover uma agenda positiva nas manchetes de hoje dos jornais tupãenses. A agenda ficou mesmo embaixo do chinelo.
No dia em que o prefeito “convocou” a imprensa e anunciou um superávit de R$ 1 milhão em 2015, logo vio a mente a célere frase do vereador Antônio Alves de Sousa, Ribeirão (PP). “O que é gastar R$ 1 milhão com o Carnaval, dentro de um orçamento de R$ 136 milhões”, na tentativa de justificar a gastança com o Tupã Folia, nos dois primeiros anos da administração. O superávit de R$ 1 milhão parece brincadeira de criança.
O que há em comum nesse lúdico enredo é que desde o início do governo de Manoel Gaspar, é de conhecimento público que a nomeação do secretário de Educação partiu de indicação do PMDB, presidido pelo empresário Gustavo Gaspar e com apoio irrestrito de Ribeirão. Os dois têm comandado a diversão com prazer. É o jogo.