Por ironia do destino, o deputado federal Evandro Gussi (PV-SP), que ajudou a livrar o presidente Michel Temer (MDB) de ser investigado sob acusação de exercer o papel de líder de organização criminosa, quando assumiu interinamente o governo, após o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, pode determinar o futuro político de outro acusado de corrupção: Paulo Salim Maluf (PP-SP).
Como corregedor da Câmara, Gussi tem a função de fiscalizar a manutenção do decoro, da ordem e da disciplina no âmbito da Câmara dos Deputados. À Corregedoria Parlamentar compete apreciar as representações relacionadas ao decoro parlamentar e os processos que se inserem nas hipóteses de perda de mandato.
Andréia SadiG1 Brasília
A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados marcou para o dia 7 de agosto a reunião que deve cassar o mandato do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), afastado do cargo por ordem da Câmara dos Deputados e preso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
A informação foi confirmada nesta terça-feira (17) ao blog pelo corregedor da Câmara, deputado Evandro Gussi (PV-SP). Ele disse que o seu parecer sobre o tema está pronto e já foi entregue à Mesa Diretora. No entanto, ele não quis comentar o teor de seu parecer.
CASSAÇÃO – Fontes da Câmara afirmaram ao blog, reservadamente, que a tendência da Mesa Diretora é cassar o mandato de Maluf, como determinou o ministro Fachin do STF há mais de seis meses.
Maluf foi preso por determinação do ministro Edson Fachin em dezembro, condenado pelo crime de lavagem de dinheiro durante sua gestão como prefeito de São Paulo. Em abril, o ministro Dias Toffoli concedeu prisão domiciliar ao deputado.
A sentença de Fachin também determinou a perda do mandato de deputado, o que ainda não ocorreu porque os deputados alegam que estavam em dúvida se o caso havia transitado em julgado ou não.
PARECER – O STF já respondeu ao questionamento da Câmara. Com isso, o deputado Evandro Gussi finalizou o seu parecer e disse que Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Casa, marcou a reunião da Mesa para o dia 7 de agosto, na volta do recesso parlamentar.
Segundo o blog apurou, deputados da base aliada justificam a demora para cumprir a decisão do STF porque se dizem “constrangidos” com a ideia de cassar, pela Mesa Diretora, um colega. Mas afirmam que não descumprirão a decisão do STF.
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira, já foi comunicado de que os deputados não vão mais “segurar” o mandato de Maluf, que é do partido.
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