Pedido de prisão de Gustavo Lima repercute nas eleições em Tupã

A “sexta atração” foi divulgada com ênfase pelo prefeito, mas o valor do cachê teve repercussão nacional – ouça podcast

“Tche tcherere tche tche”. Repercutiu imediatamente nos meios políticos de Tupã a notícia sobre o pedido de prisão do “Embaixador” Gusttavo Lima em operação contra lavagem de dinheiro e jogos ilegais.

A “sexta atração” divulgada pelo prefeito Caio Aoqui (PSD) como a contratação expressiva da “Maior de Todas” 53ª Exapit – Exposição Agropecuária e Industrial de Tupã também gerou polêmica nacional.

A reportagem dos jornalistas Deborah Magagna e Chico Alves do portal ICL Notícias mostrou que cada um dos 63.928 tupãenses desembolsou mesmo sem ir ao show R$ 17,21.

O espetáculo consumiu em menos de 2 horas quase 40% de todo valor estimado pela prefeitura para investir na cultura durante um ano.

O levantamento exclusivo do portal revelou que só em 2024 o artista faturou R$ 12,3 milhões em onze shows pagos por prefeituras, na maioria cidades pequenas e médias.

Para isso os prefeitos usam boa parte do orçamento municipal, algo que pode comprometer outras iniciativas culturais e até o serviço em áreas como saúde e educação.

Nem mesmo Barretos que promove a maior festa de rodeios do mundo e atrai público de 1 milhão de pessoas concorda com o cachê de Gustavo Lima.

O título de “Embaixador” é do Barretão que todo ano declara um artista como embaixador do evento, mas há anos Lima não é contratado para animar a festa. Por conta da polêmica contratação feita pela prefeitura de Tupã, o vídeo de divulgação do show virou meme.

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Além de gastar mais de R$ 3 milhões para atrair público para a Exapit, a prefeitura de Tupã não privilegia as entidades do município, expositores ligados ao agronegócio e empreendedores, mas pactua com a exploração comercial de todo o recinto pela empresa Cabeludo Eventos.

Estacionamento de veículos por R$ 70,00, garrafinha de água por R$ 8,00, refrigerante R$ 10,00. Toda essa movimentação comercial é centralizada nas mãos de terceiros.

Os seguranças também são de outras regiões. Prédios públicos servem de hotel para trabalhadores contratados pela empresa, como se o poder público também fosse parceiro do empresário.

Os trabalhadores ganham entre R$ 90,00 e R$ 120,00 de acordo com sua especialização em segurança e se hospedam de forma inadequada em situação análoga a “trabalho escravo”.

Em Herculândia, seguranças permaneceram no ginásio de esportes e a Câmara cobrou explicações do prefeito. Em Tupã, o Núcleo do projeto Nossa Senhora da Paz serviu de abrigo para a Cabeludo Eventos. Saiba mais: Seguranças da Exapit também se hospedaram em prédio público de Tupã

As duas prefeituras foram questionadas, mas mesmo depois de um mês, nenhuma resposta foi encaminhada sobre o fato de os prédios públicos terem se transformado em “hotel” de seguranças.

Leia também: Exapit provoca problema para prefeito de Herculândia

Prefeitura divulgou no começo da noite, vaor do show de Glusttavo Lima

SOCIEDADE OCULTA

Emerson Caires (Cabeludo), Everton Nakashima e Caio Aoqui

Nos bastidores informações extraoficiais dão conta de uma “parceria velada” entre Cabeludo Eventos e o secretário de Administração Everton Nakashima.

“Quem manda na Exapit é o Cabeludo (Emerson Caires) e o Everton. Tudo o que você pergunta para o Márcio Vassoler (presidente do Sindicato Rural), ele diz vê com o Cabeludo ou o Everton”, disse um interlocutor.

A parceria entre os dois vem desde a prefeitura de Arco-Íris – onde Nakashima atuou como secretário de governo por 14 anos. Os eventos promovidos pelos dois eram prestigiados pelo prefeito Caio Aoqui.

Assim que assumiu a prefeitura de Tupã após a cassação de Ricardo Raymundo (PV), Caio contratou Nakashima para comandar toda a estrutura de contratos.

Da vizinha cidade o agente trouxe uma equipe e afastou do setor de licitações e compras profissionais antigos da administração pública.

PRISÃO

De acordo com o G1, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decretou, nesta segunda-feira (23), a prisão do cantor Gusttavo Lima. A decisão foi tomada em meio às investigações da Operação Integration, que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro pelo qual também foi presa a influenciadora digital Deolane Bezerra. A decisão judicial cita “conivência com foragidos”.

O mandado de prisão preventiva foi expedido pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife. Procurada, a defesa do cantor disse que “é uma decisão totalmente contrária aos fatos já esclarecidos” e que vai provar a inocência dele.

Gusttavo Lima em iate de R$ 1 bilhão, tem jatinho de R$ 300 milhões e é dono de carros de luxo — Foto: Reprodução/Instagram/O Globo

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