Uma paciente foi diagnosticada por mais de três vezes com “câncer de próstata”. A diretoria do hospital São Francisco esconde-se da imprensa. Em menos de um ano, o endividamento da instituição saltou de cerca de R$ 300 mil para R$ 12 milhões.
O valor da dívida foi confirmado pela própria direção da unidade hospitalar durante protesto e grito de socorro à população tupãense na tentativa de manter-se em “sobrevida”. Para justificar a flagrante crise, foi apontado como causa os parcos repasses do SUS – Sistema Único de Saúde.
Entretanto, omitiu que o hospital esteve com situação financeira quase sanada e de repente mais uma vez não terá condições de arcar com o pagamento de salários e encargos de cerca de 280 funcionários.
Possivelmente como “pano de fundo”, a direção do hospital alimentou a preocupação de funcionários e seus familiares que foram às ruas de Tupã no dia 26 de novembro, para sensibilizar a classe política e a população sobre a crise que o hospital atravessa.
Enquanto isso, fatos que podem ser determinantes para o fracasso financeiro da unidade e sobre supostos mal feitos com eventuais desvios de recursos públicos em detrimento da sociedade, a qual o hospital pede socorro são jogados embaixo do tapete da entidade.
Segundo o blog apurou nesta terça-feira (13), antes de viajar para a Itália neste ano, Cesar Donadelli teria deixado a administração do São Francisco em situação financeira quase equilibrada. Segundo interlocutores, ele até apontou o caminho para zerar as dívidas, mas o que se viu foi o valor aumentar 400% em curto espaço de tempo. Além do que, há apontamento da Diretoria Regional de Saúde em Marília de que o hospital não tem cumprido metas e, por isso, poderá ser descredenciado e deixar de receber verbas públicas.
A gritaria é geral. Não há atendimento pelo SUS e nem por meio de contrato particular através da Cooperativa Unimed. Não há médicos plantonistas disponíveis para atender. Sem o funcionamento do Pronto Socorro (subvencionado pela prefeitura mensalmente) a UPA – Unidade de Pronto Atendimento fica sobrecarregada.
SUSPEITAS
A principal suspeita que recai sobre a direção do hospital é de má gestão. Se não bastasse isso, agora uma investigação que será iniciada pelo Ministério Público (MP) e poderá ser encaminhada ao GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado e a Polícia Federal para apurar a denúncia feita através da Ong Tutra – Tupã Transparente.
De acordo com o documento uma mulher que busca dar entrada no seguro DPVAT foi submetida por apenas 46 procedimentos entre os dias 4 de setembro de 2001 a 5 de março de 2012, mas ao verificar o histórico constatou que constavam 173 atendimentos no prontuário médico. Segundo o prontuário, a requerente teria sido inclusive diagnosticada por mais de três vezes com “câncer de próstata”.
O documento enviado ao MP leva a assinatura do advogado da Ong Truta André Braga, “Pena Castro”. Em entrevista ao jornal Diário o advogado disse “querer saber quem fez esses exames que constam do prontuário da paciente e onde foi parar o dinheiro. Em princípio, o que parece é que estão retirando dinheiro do SUS para atendimentos que não foram feitos e, com isso, causando um grande prejuízo ao hospital e ao erário público”. O jornal Diário e outros meios de comunicação não foram atendidos pela diretoria da instituição.
A Tutra é uma organização não governamental fundada por cidadãos tupãenses com objetivo de fiscalizar as contas públicas. A Ong não possui fins lucrativos e não têm nenhuma participação político-partidária.
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