Que Tupã nós queremos?

“É preciso que algo mude para tudo continuar como está” – O Leopardo

Robinson Ricci

A entrevista do atual prefeito à Rádio Tupã na última semana é reveladora do elevado nível de discussão que domina a política local. Esculachado pelo presidente da Câmara em sessão do dia anterior em razão do resultado que todos sabemos da CPI das Artes, o alcaide desfiou ameaças nem tão veladas ao edil, num destempero surpreendente para quem se diz professor, mas nem tanto para quem age há anos como coronel da política local.

Professor? A despeito desta ofensa aos professores da rede municipal de ensino (e sabemos o que a maioria dos professores, diretores e funcionários da rede pensa), a truculência verborrágica procura esconder o óbvio exposto pelo vereador na sessão coberta pela TV Câmara.

Encenado em praça pública, aquele fato não passa mesmo de um arremedo da tragicomédia que domina a nossa política(?) desde tempos imemoriais. Prova e comprova o que um velho conhecido da vida pública tupãense afirmou ainda outro dia quando lamentei não haver uma terceira via nas últimas eleições ou mesmo para as próximas:

“Terceira via? Tupã nunca teve sequer segunda via! Basta relembrar a história política da cidade, dominada ora por um grupo, ora por outro, mas todos com a mesma origem”.

É bem provável que o sábio esteja certo. Frágil economicamente (lembremos que a Alta Paulista é a segunda região mais pobre do Estado de São Paulo), a indigência política permitiu que a cidade fosse dominada por caciques desde sua fundação, alternando-se de tempos em tempos, com o apoio de uma elite que se exalta de ser elite no Corredor da Fome.

Sem projetos, assistimos inertes, por décadas, ao crescimento de municípios vizinhos ( com quem Tupã rivalizava nos anos 1950, 1960 e 1970) justamente em razão desta, digamos, reserva de mercado político local. Ao invés de o maior município da Associação da Nova Alta Paulista liderar ampla discussão sobre as demandas e o potencial socioeconômico da região com as 30 cidades que compõem a entidade, optou por olhar para o próprio umbigo. Ou bolso.

Assistimos embasbacados ao êxodo de milhares de jovens e ao envelhecimento da população sem que soluções sejam implementadas ou mesmo discutidas por quem nos representa. Ou deveria. Tupã tem obras, tem praças, tem empresas terceirizadas limpando a cidade, mas não tem proposta política. Ao contrário, tem troca de favores, oferta de cargos e vantagens pessoais. Nossa cidade é um eterno carnaval político pago com dinheiro público.

Mas o que dizer quando finalmente acreditamos que haveria condições de elevar o nível das discussões, de apresentar a toda a sociedade um projeto político que permita participação popular, contribuir para que a cidadania tupãense seja exercida plenamente, pois este foi o discurso apresentado ao longo de toda a campanha…

O que dizer quando percebemos que o risco de isso não acontecer é grande? O que fazer para que a sina tupãense não se perpetue? A expectativa gerada ao longo da campanha foi enorme. O que dizer quando o combinado não é cumprido? Como evitar um sentimento maior ainda de desalento, de frustração pela grande maioria da população tupãense?

4 thoughts on “Que Tupã nós queremos?

  1. Jota, nasci aqui em tupã, ja estou ficando velho e vejo que a cidade continua no mesmo marasmo e nas mesmas discussões politicas de sempre.
    Olho para o futuro e vejo que a tendencia é que tudo ficará como está. Assisti pela primeira vez um prefeito se enriquecer na prefeitura enganando as pessoas e o contribuintes com obras fajutas, ao qual tinha como a única finalidade que era a de encher o seu proprio bolso e trazer esperança e dias melhores para si mesmo e para sua propria familia.
    O pior da administração waldemir não foi a grana que ele recebeu para comprar mais de 4 fazendas, o pior foi que o tempo passou, ficamos velhos e a cidade ficou estagnada por todo este tempo, pois estes 8 anos de administração egosista que foi feita irá refletir no futuro da cidade, pois para retomar o crescimento, demandará alguns anos para que seja a cidade seja colocada no trilho do crescimento novamente.
    Desde que me conheço por gente vejo grupos politicos discutindo o crescimento da cidade, mas chega na hora de governar, cada um passa a olhar para o seu proprio umbigo, isso é triste, pois quem perde é a propria cidade.

  2. De fato, Tupã nunca teve uma segunda via, sempre teve um “grupo” que comandou a politica e a cidade, os “coronéis”, os “caciques”, vez ou outra algum depois de certo tempo no “poder” se julgou acima do grupo e foi tolhido, podado, caso de Waldemir.
    Se estivesse ainda junto aos mesmos talvez não houvesse a tal CPI; CPI esta que se debate apenas sobre uma obra, como se em outras pastas e nesta mesma não houvesse tantos outros desmandos. Documentos que o comprovem ? basta fazer busca junto a própria municipalidade para os levantar com pessoas competentes e descomprometidas com o “grupo”.
    Pessoas com projetos para Tupã crescer realmente e até se tornar modelo em nossa cidade ainda tem, porem tem suas ideias e projetos abafados, são perseguidos por possivelmente gerarem risco ao “Grupo”.
    Tupã, tem andado na contra mão do crescimento, não creio que mesmo na nova gestão serão ouvidas ideias que a façam crescer, nem tão pouco que diante do que hoje se mostra a administração tenham interesse em mostra a menos das ideias, por se tornar fonte de renda apenas a pessoas do “grupo”, sem trazer o real beneficio ao município e munícipes.
    Será que é bom lembrar que todo grupo tem de estar em funcionamento, com alunas e professores, seguindo regras para que continue a funcionar e ter seu diretor ? por falar em diretor de grupo, este nada mais é que um professor que serviu ou deveria ter servido como tal, se especializou, fez por merecer se tornar diretor, a zelar pelo grupo e alunos ! parece que o ultimo foi expulso do grupo e de tão grave o novo diretor o teve de levar para a casa, para não ser pego na saída ! Esperemos que os alunos e peixinhos do antigo diretor também sejam expulsos e não homenageados, que a escola funcione a bem do GRUPO de alunos e professores e não a bem de um “Grupo”, será que vamos ver isso acontecer ?
    O que houve com o jornal que tanto denunciava na gestão anterior do Gaspar ? por que não denunciou o diretor anterior ? será que voltara para denunciar no novo diretor como o fazia em sua administração anterior ?

  3. Belo comentário do Robson Ricci. A população esta envelhecendo, morrendo e os jovens indo embora da cidade, em decorrência da mesma ser governada pelos mesmos caciques da política tupiniquim. Até os sindicatos da cidade são dominados por velhos caciques. Não alterna nunca o poder.

  4. Caros colegas, tenho ficado preocupado com o ruma de Tupã. Nos oitos anos anteriores não quero julgar, mas é evidente que a cidade cresceu…Voltamos ao Gaspar, das ruas esburacadas, funcionários morosos, seguido de um rapaz despeitado, o Thiago, manipulado pelo Tio.
    Começa o mandato pondo os filhos na prefeitura, dando as secreta´ria para cargos políticos, não para pessoas competentes e criando cargos, indo contra a tendencia nacional de corte de custos.
    Será que Tupã terá saudade do Trator?
    As vezes o mal precisa aparecer para lembrarmos que a situação vigente não era tão mal….Me preocupo como tupaense.

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