Ex-assessores assombram vereadores novatos. Pelo menos três, dos 10 eleitos em 2016 estão enfrentando essa maldição – pastor Eliézer, Scombatti e Matias.
O publicitário Fernando Oliver Amato, ex-assessor do vereador Tiago Munhoz Matias (sem partido), disse neste sábado (14), que entregou à Delegacia Seccional de Tupã, cópia de um arquivo em áudio contendo o diálogo que manteve com o parlamentar sobre o esquema denominado de “rachid” – onde assessores repassariam mensalmente uma parte de seus vencimentos aos agentes políticos.
No caso envolvendo o vereador Tiago Matias, o “Rachid” aconteceria caso Oliver Amato assumisse a Secretaria da Juventude, no governo de José Ricardo Raymundo (PV).
O inquérito foi instaurado após denúncia feita pelos vereadores Charles dos Passos (PSB) e Paulo Henrique Andrade (PPS) ao promotor de Justiça Rodrigo Garcia.
Surpreso com o fato, Oliver Amato titubeou ao prestar declarações ao Ministério Público quando disse – “não me recordo, preciso verificar”, ao ser indagado se tinha gravação sobre a conversa que manteve no gabinete do novato edil.
Sobre a decisão de entregar uma possível prova material que compromete seu ex-pupilo, Oliver Amato optou pelo silêncio com apenas uma frase: “Prefiro deixar a justiça dizer por si só, acho melhor. Obrigado Jota”.
A denúncia de suposto ato de corrupção desmoronou o “castelo” político no imaginário do promissor vereador. Ele sonhava, inclusive, com voos mais altos – se lançar candidato a deputado e ou até a prefeito num futuro próximo.
BOCA A BOCA
A denúncia levada ao conhecimento do Ministério Público chegou aos vereadores Passos e Andrade, autores da representação – através de comentários boca a boca que teriam partido do ex-assessor.
Os rumores sobre “rachid” salarial se tornaram mais fortes a partir do dia 5 de janeiro, quando o blog revelou com exclusividade a mudança de rumo de Tiago Matias. Ele havia nomeado outro assessor parlamentar e convidado o cantor Marcos André Soares, o “Candé” para assumir a Juventude – recém-criada, com objetivo de contemplá-lo pelo apoio ao governo municipal.
Ao justificar sua desistência do projeto político que envolvia Tiago Matias, Oliver Amato deu a entender que havia sido uma decisão profissional. “Encerro meu ciclo profissional com o meu amigo e vereador Tiago Matias, o qual estivemos juntos desde 2013. Despeço com orgulho do dever cumprido e agora irei me dedicar a novos desafios. Agradeço desde já pelo crescimento, amizade e companheirismo que tivemos até aqui, desejo que seja muito feliz e conquiste todos os seus sonhos”, finalizou.
Tiago Matias seguiu o pseudo raciocínio de Oliver Amato sobre sua desistência em assumir a Secretaria da Juventude “tem relação com seu projeto pessoal de se dedicar ao empreendedorismo profissional na área de marketing e publicidade”.
“RACHID”
Como se percebe, o motivo da desistência de Oliver Amato em assumir a Secretaria da Juventude tem estreita relação com eventual proposta de “contribuir” com parte de seu salário todos os meses, com valores que variavam entre R$ 1.500,00 a R$ 2000,00.
O salário bruto de um secretário é de R$ 6.900,00. Com desconto do Imposto de Renda retido na fonte e mais encargos sobram cerca de R$ 5 mil.
Além disso, caso saísse a decisão da Justiça sobre o reajuste salarial que pode elevar os vencimentos para R$ 8.280,00, a contribuição deveria ser ainda maior e atingir até R$ 3 mil.
Aliás, o tema “Rachid” não é novidade na Câmara tupãense. Já houve especulações no passado sobre essa prática, mas nunca chegou ao conhecimento das autoridades. Pelo menos dois velhos aliados eram apontados como os corruptos que humilhavam seus assessores, através do “rachid” salarial.
“DIZIMO”
Os vereadores oposicionistas Passos e Andrade suspeitam ainda de outra situação, e diz respeito ao vereador Eliézer de Carvalho (PSDB) e seu ex-assessor e atual secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Anderson Luiz Pereira, o “Cabeça”.
Segundo o vereador Paulo Henrique Andrade, o assessor deixou um salário de R$ 2.500,00, por um contracheque de R$ 6.900,00. “Em todas as sessões o pastor afirma que a Secretaria de Meio Ambiente está fazendo isso, promovendo aquilo. Será mesmo que ele queria a pasta apenas para promover seu assessor”, questionou.
BALCÃO DE TROCA
A representação dos parlamentares à Promotoria surgiu durante delação sobre cooptação de vereadores opositores para compor a maioria a favor do Executivo.
Conforme o blog havia informado ainda em agosto, as negociações envolviam a abertura da chamada “República Verde” para aqueles que quisessem integrar no Legislativo, a base de sustentação da administração.
As propostas foram aceitas pelos vereadores: Pastor Eliézer e Telma Tulim (PSDB), Tiago Matias e Alexandre Scombatti (PR). Enquanto Tulim tornou-se secretária de Assistência Social, Scombatti, apesar de não ter aceito nenhuma Secretaria, é apontado como favorecido com a introdução da metodologia Sesi na rede municipal de ensino.
O Vereador, também como funcionário público municipal é acusado de receber vantagens, como a troca de função dentro do serviço público, para que pudesse atuar livremente como parlamentar. Desta forma, o edil aparece em eventos públicos, se ausenta do trabalho para viajar, sem ter os dias descontados.
Foi dentro desse contexto de eventual cooptação de vereadores para apoiar a atual administração que surgiu o fato sobre “rachid” de salário entre vereadores e secretários.
EX-ASSESSOR
O terceiro parlamentar tupãense amedrontado com a maldição do ex-assessor é o próprio Scombatti. Segundo consta, além das denúncias de eventual favorecimento por parte da atual administração para ter o seu voto na Câmara, agora, surgiu o ex-assessor que promete entregar a “agenda” que mantinha com todos os seus compromissos legislativos.
O ex-assessor poderá confirmar como era a rotina de Scombatti como funcionário público exercendo função no escritório do Ministério do Trabalho, antes do pacto de apoio à administração.
A partir dessa referência será possível traçar um paralelo com o momento atual, onde segundo a denúncia, o vereador possui total liberdade para desempenhas suas atividades legislativas – descompromissado com o horário de trabalho que mantinha na função anterior.
O ex-assessor de Scombatti era morador de Bastos e ou trabalhava naquele município, e após ser exonerado do cargo de assessor em Tupã ficou desempregado. A reportagem não conseguiu apurar com a assessoria de Scombatti o nome do ex-funcionário.
Scombatti é acusado de receber vantagens, como a troca de função dentro do serviço público, para que pudesse atuar livremente como vereador. Desta forma, o parlamentar aparece em eventos públicos, se ausenta do trabalho para viajar, sem ter os dias descontados, o que em tese configuraria as benesses como contrapartida pelo apoio que tem destinado à administração de Ricardo Raymundo.
O OUTRO LADO
Com relação a este tema, o vereador Alexandre Scombatti fica impossibilitado de fazer qualquer comentário, uma vez que desconhece o teor de eventuais rumores. É importante ressaltar, entretanto, que o parlamentar sempre pautou sua conduta pela ética e transparência nas ações.
Ao longo do período em que ocupa uma cadeira na Câmara Municipal, Alexandre Scombatti sempre agiu de maneira correta, trabalhando para que a população da cidade tivesse acesso à programas e serviços de qualidade ou atuando junto às demais autoridades para viabilizar os pleitos da população.
Por isso, causa estranheza que, mais uma vez, afirmações levianas e infundadas envolvendo o nome do vereador estejam circulando pela cidade. O vereador Alexandre Scombatti reitera que pauta suas ações apenas naquilo que considera ser de interesse comum, focando sempre seu trabalho na busca por oferecer o melhor à população tupãense.
Da assessoria de comunicação
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