Maçonaria age com parcialidade e se omite sobre gastança do executivo

Os maçons de Tupã não criticam cargos em comissão na prefeitura e não pedem redução de salário do prefeito, um dos maiores do país. Em época de crise, Tupã Folia deve ser cancelado. O alvo é a Câmara liderada pela oposição.

Grito das ruas em 2013, maçonaria ausente
Grito das ruas em 2013 contra a corrupção, maçonaria ausente

As lojas maçônicas de Tupã protocolaram na Câmara municipal documento pedindo que seja reduzido o número de vereadores no Legislativo e que acabe com a função de assessor parlamentar, mas age com dois pesos e duas medidas: ao mesmo tempo em que se julga preocupada com um mal feito, nunca levantou a voz para combater atos de improbidades administrativas ou de corrupção em Tupã. De repente, “O Povo Maçônico Tupãense” surge criando um factoide que há muito acontece às vésperas das eleições.

Ainda que necessária à iniciativa, o fato é mais oportunista e levanta a suspeita de ser apenas uma cortina de fumaça querendo camuflar os verdadeiros interesses dessa proposta. Faz-me retroagir no tempo, em 1995, quando voltei a atuar em Tupã pela Rádio Clube. Após me recusar a aceitar proposta do então presidente da Associação Comercial de Tupã (ACIT) José Carlos Corbari (maçom), de não dar espaço para divulgar um Feirão de Calçados no Shopping Cazuza. A entidade liderou um ato de repúdio contra o radialista Jota Neves, único integrante da imprensa tupãense a não aceitar boicotar o evento por imposição.

Queriam instalar literalmente um muro em torno de Tupã, em plena abertura de comércio globalizado. A feira de calçados aconteceu com apoio da Rádio Clube a despeito de interesses da ACIT, prefeito Jesus Guimarães e uma série de entidades, entre as quais, alguns integrantes da própria maçonaria que assinaram o ato de repúdio publicado nos jornais contra Jota Neves. Uma reunião na Coplap tentou sensibilizar comerciantes a retirarem suas publicidades da emissora. Tudo foi em vão.

Em tentativa desesperada de impedir o sucesso do feirão de calçados, no último dia do evento que reunia cerca de três mil consumidores em busca de bons preços, a entidade conseguiu uma liminar assinada pelo juiz Reinaldo Mapelli, impedindo as vendas. A força policial fez cumprir a ordem judicial.

Ora, “Povo Maçônico”, não ficaria sob suspeita a intenção protocolada na Câmara se a proposta contemplasse na mesma proporção o executivo. O salário do prefeito de Tupã foi considerado maior que o de prefeitos de 14 capitais brasileiras aprovado pela Câmara em 2012. Leia:  Salário de prefeitos de 14 capitais é menor do que subsídio do prefeito de Tupã-SP

O “Povo Maçônico” ignora a gastança da prefeitura com Tupã Folia 2013/2014, Tupã Junina e Exapit 2013, respectivamente. Os gastos foram comandados pelo vereador Antônio Alves de Sousa, “Ribeirão” (PP) e o prefeito Manoel Gaspar (PMDB) que tinham poderes sobre a Comissão do Carnaval. LeiaAssaltaram a prefeitura de Tupã com Carnaval e Festa Junina

Também foi através de seu sucessor Luis Carlos Sanches (PTB), que Ribeirão fez aprovar no Legislativo o aumento do subsídio do prefeito Manoel Gaspar, eleito em 2012. Após a posse, Ribeirão comandou da Rede de Postos Vanuíre, a mais escandalosa contratação de ocupantes de cargos em comissão que resultou num TAC – Termo de Ajuste de Conduta assinado pelo prefeito, para exonerar centenas de contratados. Leia:  Prefeitura de Tupã usa demissões para reduzir serviços à população

Será que o “Povo Maçônico” sabe quem são os corrupicidas que impediram ainda que de forma anônima a suposta cobrança de propina denunciada na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, a partir de leis do Prodet – Programa de Desenvolvimento Econômico de Tupã e para isentar empresários do setor imobiliário, respectivamente. Coincidentemente, a pasta é parte integrante do PP comandado por Ribeirão. Na mesma toada é contestada a lei que beneficiava novos loteamentos aprovada quando o mesmo vereador comandava a Câmara? LeiaGaspar convoca coletiva para se defender dos corrupicidas

CORRUPICIDAS: Gaspar e o filho são envolvidos em suspeitas de corrupção ao lado de Ribeirão

Onde estava o “Povo Maçônico”, quando o ex-prefeito Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB) e seus comandados deixaram 33 obras irregulares com fortes indícios de desvio de dinheiro público e sob suspeita de enriquecimento ilícito? LeiaFalência múltipla: Waldemir “movimentou” cerca de R$ 50 milhões em obras irregulares em Tupã-SP

Enquanto isso, como um visionário, o radialista Jota Neves, foi o único candidato a vereador da história de Tupã a fazer uma campanha baseada no combate a corrupção local, por entender que são do interior do Brasil que surgem os corruptos que vão para Brasília de onde ampliam o poder nefasto. A corrupção é um flagelo -, um instrumento de tortura do povo brasileiro. Em 2013, surgiu o grito das ruas com protestos pedindo Justiça Social e o combate aos corruptos em todo o país. Nem naquele instante foi ouvido o brado do “Povo Maçônico de Tupã”.

O escândalo do Mensalão que levou para a cadeia parte da cúpula do PT, ainda estava adormecido, quando entrou em erupção das profundezas do “pré-sal” o petrolão que levou o país a maior crise institucional pós-democracia e que culminou neste tsunami que destruiu a economia brasileira.

Peço desculpas aos atuais representantes das Lojas Maçônicas, que possivelmente desconhecem todo esse conteúdo, mas é também oportuno lembra-los que pelo inestimável valor e de trabalhos eventualmente prestados à coletividade deveriam ter um papel mais cristalino e constante na defesa de proposituras de interesse do povo tupãense. Não apenas às vésperas das eleições e nem tão pouco de forma parcial, como quem quisesse chamar a atenção para um fato legislativo e eventualmente ocultar um fato perpetrado pelo atual executivo, ainda que seja legitima a tese defendida.

Leia a íntegra do documento protocolado na Câmara pela maçonaria de Tupã: click – Requerimento_reducão vereadores_eu apoio 

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