A secretária comandou a pasta responsável pelas obras da administração Waldemir que estão sob suspeita. Ela garantiu que voltou à administração para “passar a limpo” esta questão.
As declarações da secretária de Planejamento e Desenvolvimento Urbano de Tupã, Jeane Aparecida Rombi de Godoy Rosin deixaram as relações estremecidas entre executivo e o presidente da Câmara, Valter Moreno Panhossi (DEM). Ouça a entrevista clicando sobre JEANE ROSIN
Ele confirmou na noite de ontem (10) ao blog de que após o recesso, a Mesa Diretora da Câmara pode convocar a secretária para dar explicações sobre as 33 obras com fortes indícios de irregularidades deixadas pela administração de Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB).
Jeane Rosin comandou a Secretaria de Planejamento e Obras e teria abdicado do direito de fiscalizar muitas das obras investigadas pela CPE – Comissão Parlamentar Especial para não confrontar com as decisões de ex-secretários – o lobista Walter Bonaldo Filho (Economia e Finanças), Adriano Rogério Rigoldi (Governo) e de sua esposa Aracelis Góis Morales (Cultura e Turismo).
De acordo com Valter Moreno, existem várias irregularidades apontadas no relatório que foi encaminhado ao Ministério Público. O documento foi acatado e deverá ter uma destinação relacionada a investigação para confirmar ou não a materialização de eventual dolo ou se tudo aconteceu de fato por mero engano.
Diante das declarações desafiadoras da secretária colocando em xeque o trabalho da CPE “é possível sim que a Câmara a convoque para esclarecer de forma convincente o que aconteceu com cada obra. Assim, evitará que o MP se ocupe em analisar 30 mil páginas de documentos que tratam sobre o assunto”, esclareceu Valter Moreno.
COMPLICAÇÕES
Assim como ocorreu no início do terceiro mandato de Manoel Gaspar (PMDB), pode acontecer no começo do mandato de Ricardo Raymundo (PV). As complicações são as mesmas. Gaspar nomeou como secretário de Obras, Valentim César Bigeschi, assessor direto de Jeane Rosin. Comprometido com o governo de Waldemir (2005/2012), foi convocado pela Câmara para explicar sobre as obras e não conseguiu. Resultado: foi instaurada a CPE.
Waldemir já havia respondido a uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito no caso das irregularidades das obras do Espaço das Artes. Já hoje, Jeane é quem está no olho do furacão. O assunto repercute de forma natural, afinal era de se esperar pergunta relacionada ao passado dela como ocupante de um cargo político. Sobretudo, quando enfatizava os bônus e esquivando-se do ônus.
Percebendo o “modus operandi” da tentativa de se safar das complicações e na defesa explicita do ex-prefeito, Jeane Rosin envereda pela mesma situação enfrentada por Valentim e Gaspar. A diferença é a de que agora o prefeito é Ricardo Raymundo. Não prometeu nada durante sua campanha, mas a população sabe o que deve ser feito. Jeane Rosin tem o direito de procurar um profissional da imprensa para entender o conteúdo implícito na matéria.
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