O escolhido é o professor de educação física, Anderson Medeiros de Souza, personal trainer de Gaspar. A cerimônia foi marcada por gritaria contra parte da imprensa que faz criticas à administração.
A cerimônia de posse aconteceu às 9 horas, desta quarta-feira (23), no prédio da Biblioteca Municipal, local onde funciona a pasta que o professor vai comandar: Cultura. Recentemente, Gaspar e Ribeirão viabilizaram para Anderson a presidência do Diretório Municipal do PTB, partido que apoiará o parlamentar na sua tentativa de se reeleger pela sexta vez consecutiva.
O PTB antes presidido pelo vereador Luis Carlos Sanches que detinha sob seu “comando” a Secretaria de Cultura, através de Charles dos Passos. Charles pediu exoneração e o secretário de Esportes, Ricardo Amado respondeu interinamente pelo setor.
Com mais essa nomeação, Ribeirão já domina 80% da prefeitura de Tupã. Gaspar fica com 20% restantes e assina pelos 100%. Ribeirão corre risco zero. Mesmo sem a presidência da Câmara, o parlamentar aumenta seu poder de barganha com o Executivo na mão. Agora, por exemplo, ele está “gerenciando” a crise do posto de combustível da Rua Caetés com a administração.
Assim como no governo Dilma, Gaspar caminha para um final de mandato sem poder. As intrigas são o combustível que alimentam as manchetes. Por falta de apoio, Gaspar não consegue sequer renunciar. Perdeu a base aliada e vê em Ribeirão, o que Lula significa para Dilma -, a “salvação” da lavoura. Porém, a “colheita” é espinhosa. Dilma (PT) perdeu apoio de seu vice Michel Temer (PMDB) e Gaspar de seu vice Thiago Santos (ex-PT). leia também: Na boca do caixa V: desolado, Gaspar recorre à oposição para pedir o próprio Impeachment
Assim como Michel, Thiago escreveu uma carta, descartando qualquer possibilidade de aproximação e lamentando a desconfiança do governo. A crise se estabeleceu após Gaspar tentar renunciar. O povo brasileiro pede “fora Dilma” após as denúncias de corrupção. Já Gaspar recorreu à oposição para solicitar o próprio impeachment após a denúncia de saque na “boca do caixa”. Ele e Ribeirão também são lembrados pelo povo tupãense durante as manifestações. Leia: Renúncia parte 3: vice-prefeito de Tupã renuncia à equipe administrativa de Gaspar
As coincidências não param: enquanto Lula dirigi Dilma para o precipício político, Ribeirão manipula Gaspar rumo ao fracasso de seu terceiro mandato. Descompromissado com a legalidade e moralidade, o parlamentar se fortalece através da distribuição de benesses públicas aos seus aliados.
O TENTÁCULOS
Assim como no governo federal, o bolo municipal é fatiado para atender a ganância de falsos apoiadores. Sem ter qualquer outro aliado de peso, Gaspar apenas divide o poder com o vereador Ribeirão.
A marcação é feita no estacionamento privativo ao prefeito, na cadeira do gabinete e na cabeceira da mesa da sala de reuniões. Para Ribeirão, não basta ter o próprio gabinete herdado do vice-prefeito, Thiago Santos (PSB).
A primeira tem recursos anuais de até R$ 3 milhões para fomentar o turismo e a segunda é estritamente ligada ao “desenvolvimento” do município, através de incentivos fiscais e doações de áreas para empresários. São também responsáveis por atrair “investimentos” para Tupã.
Mas, os nefastos tentáculos “riberianos” vão além do alcance do simples olhar do cidadão comum. Tentou indicar o empresário Gustavo Gaspar (PMDB) para a Secretaria de Governo. Não obteve sucesso, mas viabilizou para que a filha do prefeito, Maria Elisa Gaspar fosse para a pasta.
Como o desempenho da moça ficou abaixo da expectativa, Ribeirão sugeriu que ela fosse para a Administração e Dorival Coquemala para Finanças. Antes, as Finanças do município estavam nas mãos do lobista Walter Bonaldo Filho (PMDB), ex-secretário de Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB) e ligado ao ex-deputado federal Cândido Vaccarezza (PT), investigado pela Lava Jato. Bonaldo também havia sido indicado por Ribeirão e Gustavo Gaspar.
Como o blog já revelou, a Secretaria de Cultura foi disputada a “tapa” e gritos de “bandido”, entre o cientista político e petista Rudá Ricci e Ribeirão. Ricci exigia a pasta em troca dos apoios que destinou aos candidatos petistas que estiveram ao lado de Gaspar nas eleições de 2012. Ribeirão venceu a queda de braço e ao lado de Gustavo indicou Marcos Leite. Hoje a Educação é comandada pela simpatizante petista Luciana Leal.
As Secretarias de Obras e Saúde, Ribeirão as domina através do vereador Danilo Aguilar Filho (PSB). “Eu fui sondado pelo Ribeirão e o Gustavo para ocupar Obras”, disse Danilo no Legislativo tupãense. Com a ida de Danilo para a Secretaria, abriu vaga para o suplente Reginaldo Lima Rodrigues, “Caveira” (PP), partido presidido por Ribeirão. Como contrapartida, Danilo indicou Rosangela Urel Gaspar para ocupar a Secretaria de Saúde.
Nestas manobras Ribeirão realizou uma engenharia que lhe favorece e o faz possuidor de domínios políticos sobre os também secretários Henry Fujita (Planejamento), Dorival Coquemala (Finanças) e Archimedes Peres Botan (Administração), através do setor de Recursos Humanos. Em tese, Ribeirão só não teria ascensão sobre as Secretarias de Trânsito, Assuntos Jurídicos e Esportes.
Assuntos Jurídicos ainda fica sob suspeita, após o envolvimento do titular da pasta, Thiago Bereta com o escândalo do saque na “boca do caixa”. Ele disse que Walter Bonaldo teria realizado o saque, quando na verdade foi o filho do prefeito. A informação equivocada foi interpretada pelo vereador Luis Alves de Souza (PC do B), autor da denúncia, como uma tentativa de ocultar a verdade.
Sobram ainda as pastas de Agricultura e Meio Ambiente comandadas por José Rodrigues, “Zé Vinagre”, Segurança e Trânsito por José Romero Sobrinho, “Riti” (PT) e Promoção Social de Isaura Gaspar. Mas, para quem manipula o chefe do Executivo, exercer poder sobre a primeira dama, não é nenhuma missão impossível.
Só para lembrar, traçando aquele paralelo entre o governo Dilma e o de Gaspar, assim como Lula é apontado pela Polícia Federal como o “dono de tudo” (triplex, sítio e, etc.) e ele insiste em dizer que tudo pertence aos amigos -, Ribeirão não faz questão de esconder de que não é “dono de nada”, mas também tem bons amigos.