Foto: Reprodução/imagem ilustrativa
Os aparelhos comprados no Rio de Janeiro custaram R$ 240 mil aos cofres públicos.
Em plena pandemia de coronavírus que matou 91 pessoas em Bastos até hoje (8), e infectou 6.273, quando centenas buscaram socorro nas unidades de saúde, hospital e Santa Casa de Tupã, a operação do Ministério Público realizada em outubro de 2020, pode ter revelado o desprezo à vida humana nas ações dos investigados.
Testemunhas que mantinham estreito relacionamento profissional e pessoal com a ex-diretora geral de Saúde, Amanda Ramos Guilhen Calvo teriam confirmado detalhes sórdidos perpetrados no suposto esquema de desvio de recursos que deveriam ser usados no combate à Covid-19.
Um deles foi a possível aquisição de três ventiladores pulmonar, também chamado em alguns momentos de respirador pulmonar, um equipamento essencial para a manutenção da respiração em pacientes que apresentam alguma deficiência respiratória, seja ela transitória ou permanente.
Cada equipamento teria custado aos cofres públicos em torno de R$ 80 mil. R$ 240 mil investidos em respiradores obsoletos, dos quais, alguns sequer teriam peças de reposição. Os ineficientes aparelhos foram adquiridos no Rio de Janeiro.
Os respiradores deveriam ser usados pelas vítimas de coronavírus nos cinco leitos de UTI instalados no hospital de Bastos, conforme todo o “planejamento de trabalho” elaborado pelo “Comitê de Combate à Pandemia”.
FRAUDE II
Se não bastasse a eventual fraude na compra de respiradores inservíveis para salvar vidas, uma segunda fraude pode ter sido praticada, na tentativa de ocultar a primeira, sob investigação inicial do Tribunal de Contas de São Paulo.
A denúncia da irregularidade teriam partido de dois vereadores de Bastos ao órgão fiscalizador do município, mas segundo a testemunha, para justificar a aquisição de respiradores funcionando, Amanda Berti orientou sua subordinada para fotografar os aparelhos adquiridos pelo hospital, como “prova” de que havia feito a compra de equipamentos eficientes.
Foi por essa tentativa de encobrir um mau feito, fraudando provas que poderiam lhe incriminar, que o Ministério Público pediu na ação cautelar de busca, apreensão, quebra de sigilo bancário, indisponibilidade de bens e também o afastamento do cargo de diretora geral de Saúde.
As testemunhas foram contratadas pela ex-diretora, logo, lhe deviam satisfações sobre suas ações e as ordens de Amanda Berti prevaleciam como alguém que gozava da confiança do prefeito Manoel Rosa (MDB).
Nestes casos, recomenda-se pedido de liminar de afastamento para impedir a continuidade de crimes que podem atrapalhar a investigação, como a coação de testemunhas e de proteção ao patrimônio público e à sociedade.
A ação cautelar também fez valer a mesma situação para os demais envolvidos: Renato Alves Nunes (cunhado de Amanda) e à empresa Arrabal Serviços Médicos LTDA, de Umuarama (PR).
R$ 1,1 milhão é a suspeita inicial de desvio de recursos, considerando que a empresa faturou cerca de R$ 1 milhão, Amanda Berti movimentou em torno de R$ 100 mil na conta bancária de um laranja e de R$ 9.500,00, por cursos ministrados por web conferência pela empresa de Renato Alves.
Mas, como se nota, além desse montante de R$ 1,1 milhão, os valores relacionados aos respiradores – R$ 240 mil – seguem sendo apurados pela força tarefa da Justiça Federal.
Mais uma vez, o blog tentou ouvir o prefeito de Bastos, Manoel Rosa (MDB), mas sem sucesso. A alegação de sua assessoria é a de que o caso está em segredo de Justiça, apesar de o escândalo ser de domínio público.
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