Sindicalista preso em operação da PF tem casa com ‘estádio’ particular e escultura gigante de chinelo

José Avelino, conhecido como ‘Chinelo’, é apontado como chefe de organização suspeita de desviar recursos da Prefeitura de Araçatuba (SP). Ele foi preso na tarde de terça-feira (13).

Fonte: G1 Rio Preto e Araçatuba

Detalhe da escultura imitando um chinelo gigante e o letreiro do 'estádio' — Foto: Divulgação/Polícia Federal
Detalhe da escultura imitando um chinelo gigante e o letreiro do ‘estádio’ — Foto: Divulgação/Polícia Federal

O sindicalista e empresário José Avelino, que foi preso temporariamente durante a operação da Polícia Federal ‘#TudoNosso’, deflagrada na manhã de terça-feira (13) em combate à corrupção na Prefeitura de Araçatuba (SP), tem ‘estádio’ de futebol com arquibancada e iluminação, e até escultura gigante de chinelo, referência ao seu apelido, em sua casa.

De acordo com a Polícia Federal, José é considerado o chefe de um grupo investigado por desviar recursos da Prefeitura de Araçatuba por meio de contratos fraudulentos e por possuir forte influência política na região.

Nos últimos dois anos e meio, a polícia acredita que a organização criminosa movimentou mais de R$ 15 milhões.

Ao todo, 15 suspeitos foram presos em Araçatuba, Itatiba, Jundiaí e Bauru (SP) até quarta-feira (14). Só em Araçatuba foram 12 pessoas levadas à delegacia, entre elas os ex-servidores municipais que ocupavam cargos de confiança, os chamados comissionados, mas que foram demitidos, na manhã desta quarta-feira (14).

‘Estádio’ e ‘chinelo’

Vídeos gravados e divulgados pela Polícia Federal mostram o tamanho da propriedade, em Clementina (SP). O local tem piscina, área de convivência, casas e uma réplica do Cristo Redentor.

Nas imagens feitas por um drone é possível ver que o campo de futebol fica à esquerda da entrada da área e que há um letreiro escrito ‘Estádio Germanão’.

Outra cena que chama atenção é o fato de existir uma escultura gigante de um chinelo instalada no topo de uma estrutura bem próxima da piscina, que faz referência ao apelido de José Avelino.

Joias, dinheiro e droga foram apreendidos na casa de um dos suspeitos durante operação Tudo Nosso — Foto: Arquivo Pessoal
Joias, dinheiro e droga foram apreendidos na casa de um dos suspeitos durante operação Tudo Nosso — Foto: Arquivo Pessoal

Prisões

Ainda segundo a Polícia Federal, na tarde de terça-feira (13), em Itatiba, José Avelino foi preso junto com o filho Igor Tiago Pereira, que é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade.

Os dois foram encaminhados para a Polícia Federal, prestarem depoimento, passaram por audiência de custódia e foram levados para uma cadeia da região.

Como a prisão temporária dura cinco dias, ela ainda pode ser prorrogada por mais tempo se o juiz entender que é necessário. O sindicato foi procurado pela equipe da TV TEM, mas ninguém antedeu às ligações.

Investigação

As investigações começaram há dois anos e meio e se concentraram na sede da Polícia Federal de Araçatuba.

Segundo a PF, o empresário é o responsável por um esquema de corrupção envolvendo diversas empresas ligadas a família dele. O filho, Igor Tiago Pereira, e um genro dele seriam sócios “laranja” de empresas.

A Polícia Federal informou ainda que a maioria das empresas, usadas nas licitações fraudadas, não está registrada no nome do empresário. Contudo ele é o dono, de fato, de pelo menos cinco delas.

A maioria dos sócios apenas “emprestava” o nome em troca de vantagens da organização criminosa, explicou a PF.

Durante dois anos e meio, as empresas investigadas aditaram ou celebraram contratos com a prefeitura de Araçatuba nas áreas de educação e assistência social.

Alguns servidores públicos estariam envolvidos após indicação em setores estratégicos, de interesse da organização criminosa, para facilitar as fraudes.

Os presos serão indiciados pelos crimes de corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos (públicos e privados), peculato, associação criminosa, fraudes em licitações, entre outros.

O que diz a prefeitura de Araçatuba

A prefeitura de Araçatuba (SP) informou que os contratos retirados para serem investigados são referentes ao período de 2013 a 2019.

Eles pertencem as empresas “Bolívia” e aos “Instituto da Valorização da Vida Humana”. O foco da operação restringiu a busca em objetos pessoais como notebooks, celulares e computadores utilizados pelos servidores da Prefeitura.

O Executivo ainda informou que preza pela verdade e pelos esclarecimentos dos fatos.

Polícia Federal divulga vídeo de fazenda de José Avelino, o Chinelo, em Clementina — Foto: Reprodução/Polícia Federal
Polícia Federal divulga vídeo de fazenda de José Avelino, o Chinelo, em Clementina — Foto: Reprodução/Polícia Federal

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