Thiago Santos deixa a Prefeitura de Tupã para cuidar da empresa da família

A falta de espaço dentro da Administração o levou ao rompimento político. Ele nega. O vice-prefeito também deve deixar o PT, mas não vai renunciar ao cargo.

Gaspar e Thiago ladeando o juiz Eleitoral, Fábio José Vasconcelos, na euforia da posse
Gaspar e Thiago ladeando o juiz Eleitoral, Fábio José Vasconcelos, na euforia da posse…

O vice-prefeito de Tupã, Thiago Santos anunciou oficialmente nesta segunda-feira (23) que deixou a Prefeitura. Não vai mais dar expediente no paço municipal. A decisão, segundo ele, é pessoal e tem por objetivo socorrer a empresa da família Clean-Up produtos de limpeza. Como responsável técnico do negócio ele garante que não pode delegar poderes a uma terceira pessoa por causa das implicações que pode ter no futuro.Thiago desmentiu que tivesse qualquer problema de ordem político-administrativa para tomar a decisão, porém, admitiu que já não exercia mais a função de secretário de Relações Institucionais na Administração. A pasta hoje é ocupada por Thalita Dalacosta, indicada pelo vereador Antônio Alves de Souza, “Ribeirão” (PP), principal aliado do prefeito Manoel Gaspar (PMDB). Casamento que tem custado caro para o desempenho político do Município.

Thiago Santos começou a Administração ao lado de Manoel Gaspar cheio de motivos para acreditar que poderia fazer diferente. Até tentou. Em duas viagens realizadas por Gaspar ao exterior, o vice não decepcionou e empreendeu um ritmo popular no Governo, levando a estrutura da Prefeitura para os bairros.

Esteve também à frente das Comissões Organizadoras do Tupã Folia 2013, Primeira Bienal do Verde ao lado do secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Renan Pontelli, mas em 2014, já evitou participar da Comissão Organizadora do Carnaval por não concordar com alguns métodos usados e o fato se repetiu neste ano, quando declarou que era contra a realização do evento por conta da crise financeira que a Prefeitura enfrenta.

ROMPIMENTO

à decepção com as mãos atadas
…e a decepção: mãos atadas

A verdade é que a vida política de Thiago Santos não foi fácil desde o começo do Governo. Um desentendimento com Gustavo Gaspar, filho do prefeito, quase o fez renunciar. Seguiu em frente, mas outras situações foram melindrando o minado campo político local. São farpas todos os dias.

O Governo não tem agenda positiva e tudo quanto é negativo aparece como um torpedo. Mesmo em momento que poderia tirar algum proveito, os discursos desafinados dão o tom do momento. Haja vista as declarações do secretário de Obras, durante a suposta prestação de contas dos anos de 2013 e 2014, na noite de sexta-feira (20). Ele criticou a Administração, lavou roupa suja numa hora imprópria e confirmou uma interferência política externa exercida por Ribeirão e Gustavo Gaspar. A interferência é de domínio público, mas não precisava lembrar.

Thiago também demonstrou nesses dois primeiros anos que gostaria que a Administração tomasse um rumo próprio e se desvinculasse de amarras políticas nefastas, mas ao que parece foi voto vencido. Nesse caso, ele vai cumprir o papel constitucional de vice-prefeito. Na ausência do prefeito, ele assume a cadeira.

Há exatos 18 anos, Manoel Gaspar surpreendia no cenário politico local. Ao lado do vice Florentino Fernandes Garcia, venceu a ex-primeira Dama, Julia Messas de forma avassaladora por 19.095 contra 12.837. A diferença foi de 6.258 votos. Era um empreendedor de sucesso e fez jus ao slogan RENOVAÇÃO e, por isso, foi reeleito em 2000. Aumentou sua votação para 20.281 votos contra Danilo Aguillar Filho que obteve 11.746. A diferença foi de 8.535 votos.

Foi assim também que conseguiu transferir todo o seu prestígio para a candidatura de Waldemir Gonçalves Lopes, mesmo sem subir no palanque do aliado.  Já Waldemir quase perdeu a eleição para Carlos Messas. Messas não tinha apoio político, dinheiro, equipe e nem plano de Governo e, ainda assim, o prefeito Waldemir abusou do poder econômico e do uso da máquina administrativa para virar o pleito na última semana.

Em 2012, Gaspar já filiado ao PMDB retornou e, outra vez, foi reconduzido ao cargo de prefeito com 21.001 votos contra 15.338 da candidata Maria Lucília de Sampaio Mattos Donadelli (PV). Portanto, o eleitorado de Manoel Gaspar e a população tupãense esperavam um Governo com a personalidade que lhe era peculiar e não que a Administração fosse terceirizada aos filhos e ao ex-presidente da Câmara, Ribeirão.

Foi Manoel Gaspar que difundiu a ideia de que o vice-prefeito também tinha que ajudar administrar e despachar no gabinete. Contraditório nesse terceiro mandato Gaspar não tem demonstrado nenhum pouco ser o mesmo dos mandatos de 1997 a 2004. Aliás, o próprio Ribeirão antecipava para os “amigos” dos “amigos” que Manoel Gaspar estava mudado. Mudou para pior. É hora de RENOVAÇÃO outra vez!

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