A pandemia de coronavírus segue fazendo novas vítimas e revelando crenças desconsideradas pela ciência.
A morte do ex-policial militar Amaro César Buckvar, 45 anos, nesta terça-feira, dia 15, reascendeu nas redes sociais e aplicativos a discussão sobre tratamento precoce, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.
O posicionamento do governo brasileiro é investigado pela CPI da Covid e não encontra nenhum amparo na ciência, porém, seus seguidores acreditam na tese.
Em suas redes sociais o policial exibia a frase “Tratamento precoce – Salva Vidas”!
Buckvar também acreditava na vacina. Por eventualmente possuir alguma comorbidade recebeu a primeira dose do imunizante Oxford, no dia 26 de maio, mas contraiu a covid.
Ele e a esposa Fernanda testaram positivo para doença e foram internados na Santa Casa de Tupã. Buckvar não resistiu e morreu. O sepultamento será realizado ainda nesta tarde, no Cemitério São Pedro. Fernanda segue intubada em hospital de Marília.
O casal estava radiante com a chegada da filha – Lorena. A criança nasceu de uma cesária de emergência e o pai internado, não a conheceu.
TRATAMENTO PRECOCE
Existem várias Fake News indicando tratamento precoce. Algumas divulgam inclusive artigos publicados em revistas renomadas supostamente divulgando o tratamento precoce contra coronavírus.
A CNN Brasil recentemente fez uma matéria alertando sobre as inverdades que os brasileiros compartilham, acreditam e consomem os medicamentos contraindicados até pelo próprio Ministério da Saúde de Bolsonaro.
É verdade que um artigo publicado na revista “The American Journal of Medicine” indica que o tratamento precoce para a Covid-19 com medicamentos – ivermectina, nitazoxanida, cloroquina, zinco, remdesivir, azitromicina etc – pode resolver o “processo viral” da doença?
É MITO, NÃO É VERDADE
A revista “The American Journal Of Medicine” publicou, em 6 de agosto de 2020, um artigo que sugere uma combinação de medicamentos para tratamento da Covid-19. O estudo, porém, esclarece que esta recomendação é baseada em experiência ambulatorial obtida até aquele momento.
Não havia nenhum estudo clínico capaz de atestar a eficácia do tratamento. Após a publicação do artigo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a divulgar estudos que indicam a ineficácia de medicamentos, como remdesivir e cloroquina, no tratamento da Covid-19.
A agência regulatória norte-americana, o FDA, elenca uma lista de medicamentos que não têm eficácia comprovada contra a Covid-19. Entre eles: fosfato de cloroquina, sulfato de hidroxicloroquina e ivermectina.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) não recomenda tratamento precoce para Covid-19 com qualquer medicamento (cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco, vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal, dióxido de cloro), porque os estudos existentes até o momento não mostraram benefício e, além disso, alguns destes medicamentos podem causar efeitos colaterais.
Não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra a Covid-19. A orientação da SBI está alinhada com as recomendações de sociedades médicas científicas e outros organismos sanitários nacionais e internacionais, como a Sociedade de Infectologia dos EUA (IDSA) e a da Europa (ESCMID), Centros Norte-Americanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Agência Nacional de Vigilância do Ministério da Saúde do Brasil (ANVISA).
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