Tupã e os erros de uma campanha

Por Rudá Ricci

Terminamos o processo eleitoral. Os derrotados cometeram erros grosseiros que devem ser analisados como “estudo de caso”, como lição política.

Em sociologia, diferenciamos a lógica comunitária da societária. A lógica societária é aquela que define a relação das pessoas em cidades grandes. É marcada pela impessoalidade porque poucos se conhecem profundamente. A cidade funciona em função de regras gerais, do respeito às normas gerais de convivência. Não pelo afeto, mas pela razão, pela contenção (ainda que parcial) do desejo pessoal.

Já a lógica comunitária é aquela de cidades pequenas, marcada pelas relações afetivas, pelo contato diário entre famílias que residem naquela localidade. Todos falam de si e controlam os passos numa espécie de coerção social diária. A moral comunitária se sobrepõe à liberdade individual.

Pois bem, Tupã é marcada pela lógica comunitária. Todos se conhecem ou ouviram falar das suas famílias. Todos têm opinião sobre todos. Como se estivessem num campo de futebol diariamente.

Em cidades com tais características, as pesquisas existentes (em grande volume) indicam que a opinião se forma majoritariamente pelo contato direto, pela conversa boca-a-boca. Rádio representa algo ao redor de 20% na formação de opinião pública. Mas o “dedo de prosa” chega a significar 70% da formação de opinião.

E todo “dedo de prosa” é marcado por uma relação afetiva. Mesmo numa conversa acalorada, os interlocutores levam o outro a sério. Poderiam se calar e se ignorar mutuamente. Mas conversam, discutem, saboreiam a peleja.

Aí é que a campanha derrotada se perdeu. Adotou um discurso extremamente agressivo, sem respeito à prosa, ao dia seguinte. Porque os tupãenses, no dia seguinte à eleição, se encontram nos bares, nos supermercados, nas mercearias, nas igrejas, nas escolas, na Tamoios, nas lanchonetes. E como fica a agressão sem limites? Como olhar nos olhos do outro depois de ter sido tão ofendido? Porque a ofensa não agride apenas quem é atacado, mas também que a ouve. É como um grito que destoa das vozes ao seu redor. Agride.

Um padre, uma vez, me disse que “o povo gosta de denúncia, mas não de quem denuncia”. Queria dizer que quem denuncia aparece como alguém que quer se revelar o mais puro, além de ter algo de destruidor, de ressentido.

A campanha derrotada começou tarde. E se pautou quase que exclusivamente em função da campanha do adversário. Não apresentou seus predicados. Montou uma equipe de ofensas. Fulanizou a disputa. Campanhas desta natureza revelam o que em política se denomina de “defensismo”. No fundo, indicam que não acreditam em seu potencial. Seguem, sem perceber, a lógica do que Jânio sugeria como forma de elevar o nome de um político: não deixar de falar seu nome, mesmo que atacando. Existe, assim, um discurso subliminar que a campanha derrotada não teve inteligência para perceber: o ataque constante fortalece seu próprio grupo, mas dificilmente amplia seus eleitores. Porque cria um reforço subjetivo ao nome do concorrente. Um candidato a vereador, em especial, foi muito atacado. Sem perceberem, os que o atacavam jogaram seu nome às alturas. Fizeram com que todos falassem dele, o tempo todo. Um candidato a vereador!!

A estratégia foi – se é que existiu – falha do começo ao fim.

Foram muito agressivos nas redes sociais e se isolaram. Algo como alguém que entra numa festa, incomoda a todos e acaba sozinho. Enganosamente, pensaria que conseguiu se impor. Na prática, se isolou politicamente.

Porque política é a arte de agregar.

Finalmente, erraram numa questão básica: o posicionamento. Posicionamento é o nome que o marketing utiliza para dizer que é necessário se diferenciar em relação aos concorrentes. Se diferenciar pelo positivo, obviamente. Mas, em qual momento a campanha derrotada se diferenciou positivamente? Ao focarem o tempo todo no ataque, uma ideia fixa e constrangedora em relação ao nome dos adversários, não falaram de si. Já saíram no prejuízo porque o nome à sucessão do atual prefeito era um, e acabaram indicando sua esposa, sem explicações convincentes. O mesmo ocorreu em relação ao vice que compôs a chapa derrotada. Ora, o evidente em qualquer estratégia básica de campanha seria definir o perfil da chapa, declaradamente de continuidade, de sucessão. Mas oscilaram. Reforçaram a noção de mudança e novidade. Ao repisarem este mantra, criaram a ideia que o atual governo não teria sido bom ou correto. Porque não se altera o que é bom. Sem perceber, criaram um ambiente para justificar o voto na mudança. E mudança, sem qualquer dúvida, era a chapa que saiu vitoriosa nestas eleições municipais em Tupã.

Enfim, os erros foram muitos e se multiplicaram até que bateu o desespero. Aí, ao invés de tentarem replanejara campanha, reforçaram ainda mais os erros. Como alguém que se debate na areia movediça e não consegue perceber que quanto mais se debate, mais afunda.

A campanha derrotada não foi inteligente. Foi emocional. E pensar com o fígado nunca levou a um lugar seguro.

3 thoughts on “Tupã e os erros de uma campanha

  1. O povo de Tupã optou na verdadeira mudança para o progresso e desenvolvimento de tupã, ou seja, no Sr. Manoel Gaspar, pois desde o início da sua eminente e resplandecida campanha eleitoral ele disseminou uma campanha voltada para o bem do povo, uma campanha justa, humana, decente voltada para o desenvolvimento e que soube respeitar o próximo, sem censuras e/ou sátiras ao governo atual, ele deu ênfase às suas propostas de governo, uma política voltada para o bem comum da sociedade e não unicamente em proveito próprio.humildade e trabalho fazem parte de seu cotidiano. idealização e coletividade são um dos marcos de sua biografia onde ele faz questão de manter na sua vida por onde andar (MANOEL GASPAR).

  2. Gostaria de compartilhar com vocês meus pensamentos sobre a luta que tivemos por quase dois séculos para conseguir algo que consideramos básico hoje em dia: a liberdade e democracia para todos os nossos cidadãos.
    Liberdade de Expressão: o direito de podermos dizer a qualquer hora e lugar o que pensamos – elogiar, criticar e influenciar. Liberdade de escolher governantes que transformem estes desejos em ações e substituí-los sempre que isto não ocorrer.
    Democracia – o passo seguinte da liberdade, quando governantes escutam os cidadãos, governando não para o que acham ser prioridade, mas para que o povo reclama ser mais urgente de ser resolvido.
    Numa democracia, o governo que teima em desprezar os pedidos do povo, de menos impostos, mais saúde, mais moradias e mais empregos – tudo isso com dignidade é castigado pelas urnas que se encarregam de dar um basta à sua arrogância.
    Continuamos hoje a lutar por estes mesmos direitos como fizemos no nosso primeiro 7 de Setembro: Lutando para que os governos ouçam nossos sofrimentos, necessidades, desejos, sonhos e aspirações de uma vida melhor.
    “Eu acredito que devemos promover o desenvolvimento econômico, social, cultural, político e educacional de nossas cidades e regiões. Assim, poderemos participar de forma mais justa e equilibrada das riquezas e potencialidades do nosso estado de São Paulo, que hoje estão concentradas em poucas e grandes cidades e regiões. Penso que podemos e merecemos receber muito mais, porém isso somente ocorrerá através de nossa união política e econômica. Sonho com nossos jovens estudando, trabalhando e vivendo em nossas cidades, junto de seus familiares e amigos. Esses jovens são o futuro de nossa região, o bem mais precioso que temos, nós todos precisamos de suas energias, inteligências e presenças em nossa região”.
    Definitivamente não estamos realizando os sonhos e cumprindo as promessas que fizemos á quase dois séculos nas margens do Ipiranga.
    Temos que voltar a ser Brasileiros ajudando Brasileiros.
    Governar é mais que Administrar. É ter a sensibilidade de assumir as necessidades do povo como se fossem suas – a humanidade de considerar cada pedido da população não como favor ou com humilhação.
    Todas as eleições deveriam nos lembrar do valor de nossa democracia, ainda que imperfeita, especialmente quando mais de 1/3 da população mundial ainda não tem este privilégio periódico de expressar sua alegria ou insatisfação pelo voto.
    Podemos valorizar este processo com uma disputa eleitoral sem o objetivo de vencer a qualquer preço, com falsificações de imagens, de dados e de pesquisas e o voto de cabresto que é um sistema tradicional de controle de poder político através do abuso de autoridade, compra de votos (cestas básicas, churrasco, dinheiro, camisetas e/ou uniformes de times e etc.) ou utilização da máquina pública. É um mecanismo muito recorrente nos rincões mais pobres do Brasil como característica do coronelismo.

  3. Em uma entrevista, um radialista contou uma história de um padre que falou sobre a difamação. Que tal agressor deveria lançar penas ao vento e recolhê-las uma por uma. Esse mesmo radialista foi um dos propagadores das difamações que Manoel Gaspar sofreu durante o horário político. Acho que não foi por conta própria, mas foi pago. Penso que esses agressores deveriam percorrer a Rua Brasil(anel viário) com um caminhão caçamba cheio de penas e abrir a tampa da caçamba com o caminhão em alta velocidade e voltar para recolher as penas… Mas Deus é perdão, mas desrespeitar a honra de ninguém, difamando-lhe não é certo…

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