As catracas também registraram como é fácil gastar o dinheiro dos foliões.
Foi assim em 2013. Um Carnaval memorável para os organizadores, cheio de luz, ação e câmeras. Muito dinheiro e muita gente se autopromovendo pelo suposto feito. Mais de R$ 1 milhão foi torrado em nome de um retorno que o município teria com a superestrutura montada na Avenida Tamoios.
O anuncio oficial foi em 26 de janeiro onde o prefeito Manoel Gaspar (PMDB) reuniu todo o seu staff e apresentou à sociedade a pompa da Festa de Momo. A “equipe” havia iniciado os preparativos ainda antes da posse, em 2012.
O objetivo era mostrar para os adversários políticos que o atual grupo mesmo apesar da exiguidade de tempo seria capaz de promover um evento maior e melhor em relação aos anos anteriores. A oposição dizia que o Carnaval ia se acabar se Gaspar vencesse a eleição. Não acabou, mas também não prevaleceu a ostentação dos dois primeiros anos.
Mas em 2013, todos os “amigos” (as) queriam aparecer na foto. Tinha a vereadora Telma Tulim (PSDB) recém-chegada da oposição e agasalhada na banda do poder. Ela ficou responsável por comandar a famigerada venda de camarotes e que até hoje a Casa do Garoto tenta se explicar com a Justiça.
Parte da renda com a venda dos camarotes e da área VIP seria destinada para a Casa do Garoto. “Mais informações, os interessados podem ligar para o celular (14) 9707-1230 e falar com Bruno”, propagandeava a parlamentar. Depois das cinco noites, a edil simplesmente desapareceu da “Sapucaí”.
SÁTIRA POLÍTICA
Tinha também o vereador Antônio Alves de Sousa, “Ribeirão” (PP). Esse não faltaria por nada onde há espetáculo, poder e dinheiro. Com dinheiro é fácil fazer e falar. As catracas que o digam.
Aquele “Tupã Folia” seria a redenção da Estância Turística de Tupã. As catracas eletrônicas seriam a solução definitiva para o Carnaval tupãense atrair empresas do ramo para bancar as próximas festas. E já se pensava no “Tupã Junina” na mesma proporção financeira do Carnaval.
Sonhava com patrocinadores renomados como bancos, Circuito Brahma, entre outros. Mas tudo não passou de uma fantasia. Especialista na conversa e em ações de bastidores, Ribeirão mascarou e personificou o próprio estilo teatral conhecido como Commedia dell Arte, nascido na Itália do século XVI, que conta sobre um triângulo amoroso entre Pierrô, Colombina e Arlequim, personagens de origem influenciada pelas brincadeiras de Carnaval.
Logo, as cenas do Carnaval tupãense apareceram na TV aberta com chamadas cheias de “swing” e oscilações entre devaneios e mentiras, daquelas contadas nas noites de festas do gênero – carnalidade. Não se trata de uma sátira política onde Pierrô era pobre, tinha roupas feitas de sacos de farinha, o rosto pintado e não usava máscara. A realidade tupiniquim é bem diferente.
O momento é de crise e de pé no chão. Sem dinheiro, os “amigos” do prefeito entendem que não dá para fazer festa. Manoel Gaspar comentou: “Parece que neste ano o pessoal abraçou com mais amor o evento, mesmo sem dinheiro para fazer uma grande festa”. Gaspar precisa ter um momento de lucidez, mesmo que ainda esteja amordaçado pelas serpentinas carnavalescas e as serpentes peçonhentas que os cercam no próprio “ninho” que as acolheu.
Ainda que a encenação seja a mesma, o nosso personagem principal não tem nenhuma afinidade com miséria. “Eu vou ganhar o mundo. Não quero nem aparecer na Avenida”, antecipou Ribeirão para seus assessores e correligionários.
A verdade é que, os reflexos dessa intriga amorosa de Carnaval entre o primo rico e o primo pobre, resultaram numa festa enxuta. Vai ficar provado que o gasto de 2013 seria suficiente para bancar todas os demais carnavais até o fim do mandato de Manoel Gaspar.
Daria para ser mais econômica se não existisse o “esquema” viciado e avarento implantado nos anos anteriores. O contrato da banda, é passível de questionamento na Justiça pela falta de licitação. Ninguém a conhece, ninguém encontrou nenhum vídeo de sua apresentação na internet e nem mesmo o nome foi divulgado corretamente. É S Marino, San Marino.
Existem duas com esse nome. Uma famosa no Sul do país e a prima do Mato Grosso do Sul, próxima a Ilha Solteira, cidade do empresário Márcio Eduardo Siminio Lopes que venceu o maior lote do pregão presencial. Os próprios participantes do pregão realizado em 4 de fevereiro admitiam que era necessária a licitação.
O blog também mostrou que possivelmente a mesma banda contratada através da mesma empresa que a Prefeitura de Tupã contratou W.P. Brussolo e Cia LTDA, em meados de 2014 custou apenas R$ 10 mil por um show na cidade de Sud Mennucci. Para Tupã cerca de R$ 150 mil.
Ainda que o contrato com a empresa W.P. Brussolo e Cia LTDA tenha sido assinado o ano passado e fora do período de Carnaval, a diferença de preço é 15 vezes maior. A explicação pode estar no fato de que em Tupã a Banda irá se apresentar 4 noites.
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