A admissibilidade aconteceu durante visita ao Paço Municipal. Mas, para a ex-secretária Jeane Rosin, se houvesse irregularidades ela e o ex-prefeito já estariam presos.
O ex-prefeito Waldemir Gonçalves Lopes (PSDB) visitou a prefeitura na semana passada. A “cortesia” teve como pano de fundo rever amigos, funcionários públicos que foram “arrastados” para a pratica da improbidade administrativa durante sua gestão – 2005/2012, e “aconselhar” os atuais administradores sobre o duro ofício de ser prefeito nos dias atuais.
“Eu posso ser preso, e perder tudo o que construí durante toda minha vida. O Manoel Gaspar vai no mesmo caminho, e o Ricardo será o próximo”, pontuou. Apesar de reconhecer que pode ser encarcerado após várias condenações, Waldemir não admite que tem culpa no cartório. Ele aponta para a espinhosa missão de ser prefeito.
É verdade que não está fácil ser administrador nos dias atuais. Sem dinheiro para nada, a crise econômica e política e as responsabilidades sociais que recaem sobre os “ombros” dos prefeitos inviabilizam realizações do dia a dia. A desconfiança do eleitor com a classe política foi ainda mais potencializada a partir da operação Lava Jato.
Mas, Waldemir não passou por todas essas dificuldades nos períodos de 2005/2008 e 2009/2012. Recebeu uma cidade dotada de 95 por cento de infraestrutura – com mais de uma dezena de bairros que receberam galerias, guias e sarjetas e pavimentação asfáltica, após décadas de reivindicação de moradores, mais três escolas municipais com quadras cobertas, dois ginásios de esportes, Unesp, ETEC Paula Souza e começavam a chegar as primeiras verbas do DADE – Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das cidades que possuem o título de Estância Turística.
Com uma administração voltada para dentro do município, Waldemir se deu ao luxo de sequer ir buscar mais recursos para Tupã, no seu primeiro mandato. Era de pouca viagem para São Paulo ou Brasília. Preferiu embelezar praças e canteiros centrais, ainda que o projeto de embelezamento constasse de seu plano de governo elaborado pela assessoria de seu criador – Manoel Gaspar que buscou no desenvolvimento e qualidade de vida as prioridades de sua administração.
PERDAS
Waldemir deixou de lutar pela FATEC – Faculdade de Tecnologia que foi conquistada por Adamantina, não viabilizou o Thermas, apesar de tê-lo “reinaugurado” ou reiniciadas as obras no local, em 2011. O fato foi testemunhado pela imprensa e os vereadores Antônio Alves de Sousa, o “Ribeirão” (PP) e Telma Tulim (PSDB).
Waldemir também perdeu o certificado de município Verde Azul, o que inviabiliza o fornecimento de maquinários, caminhões para triturar galhos entre outros. No seu governo, Waldemir se afastou da AMNAP – Associação dos Municípios da Alta Paulista como a principal cidade da região, e enfraqueceu a entidade.
LEGADO
Se tivesse adquirido uma área para implantar um novo cemitério teria deixado um grande legado, mas não teve nenhuma preocupação com o futuro. Administrou para si mesmo, e seus aliados. Os oito anos de mandato foi uma grande curtição, festas nababescas em mansões, queima de fogos e muita promiscuidade também com o dinheiro público.
A maior obra com o maior volume de recursos já viabilizado para Tupã – R$ 25 milhões para a macrodrenagem iniciada em 2010, até hoje não foi concluída.
O projeto foi executado de forma equivocada e potencializou alagamentos e a destruição no córrego – aumentando a erosão e deixando casas penduradas nos barrancos. Os piscinões são hoje a maior preocupação dos moradores vizinhos.
Para viabilizar o recurso a empresa contratada tinha que ser do esquema de “corrupção caipira” implantada pelos tentáculos petistas. Waldemir e seus aliados tomaram gosto. O lixo também foi terceirizado para a mesma empresa com sede em Ribeirão.
A Leão Leão arquitetou um esquema de propina em Tupã que provocou a ira entre os políticos tupãenses. O gabinete virou ringue de disputa: Ribeirão desferiu socos na cara de Adriano Rigoldi, e Danillo Aguillar Filho (MDB) fez acusações de balcão de trocas dentro do gabinete do prefeito. Waldemir admitiu: “agora acabou, aqui não vai ser mais balcão de trocas não”, esbravejou em coletiva após Ribeirão abandoná-lo após o episódio com Rigoldi.
O ex-secretário de Administração e Finanças, Walter Bonaldo deixou a pasta amaldiçoando o secretário de Governo – “vou voltar aqui para ver a sua carniça”, esbravejou. Voltou mesmo, trazido por Ribeirão e Gustavo Gaspar (MDB) para assumir a Secretária de Finanças e Economia, no terceiro mandato de Manoel Gaspar (MDB).
As coincidências entre os mandatos de Waldemir e o terceiro de Gaspar foram enormes em problemas e, talvez por isso, Waldemir antecipa que seu criador “também poderá ser preso pelas mesmas improbidades”.
SUJOU
Além disso, Waldemir permitiu ao longo de suas duas administrações que Tupã entrasse na relação de municípios envolvidos em escândalos de corrupção -, enriquecimento ilícito de agentes políticos e de terceiros – conforme condenação no “caso das tendas”, fraudes em concursos públicos para favorecer aliados políticos, e licitações direcionadas a um esquema que envolvia altas figuras do PT, através de seus secretários de Finanças, Walter Bonaldo Filho e o de Governo, Adriano Rogério Rigoldi.
Por isso, após seis anos de uma administração doméstica é que nos dois últimos anos de seu mandato Waldemir resolveu implementar ações e transformar Tupã num “canteiro de obras” – 33 no total. Todas ficaram inacabadas, algumas sequer saíram do papel, mas milhões desapareceram.
A Câmara instalou pela primeira vez uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar uma administração pública – desvios de recursos do Espaço das Artes. Já uma CPE – Comissão Parlamentar Especial apurou irregularidades ao menos em 26 obras e prejuízos ao erário público de cerca de R$ 30 milhões, conforme apontou o atual presidente da Câmara, Valter Moreno Panhossi (DEM).
As empresas beneficiadas no esquema “faliram”, os recursos sumiram e o município teve o nome incluso no CADIN – Cadastro de Informações de Créditos não Quitados de Órgão e Entidades do governo federal e ou estadual.
Essa herança permanece obstaculizando as administrações que sucederam – Manoel Gaspar e a de José Ricardo Raymundo (PV). Gaspar foi mais infeliz, e se envolveu em contratos com empresas fadadas ao fracasso, considerando o esquema viciado da licitação elaborada pela administração de Waldemir.
Os aditamentos à revelia feitos em contratos encareciam as obras em 25% do valor previsto, o pagamento era antecipado e os valores desapareciam. Todos os documentos contendo mais de 30 mil páginas estão sob investigação do Ministério Público.
Somadas as irregularidades do pseudo “canteiro de obras” e as condenações que o tornaram inelegíveis por improbidade administrativa com prejuízo aos cofres públicos, agora o caminho pode ser mesmo o da prisão.
LIMPOU
A nomeação da arquiteta Jeane Aparecida Rombi de Godoy Rosin (PSDB) foi um dos equívocos cometidos pelo atual prefeito Ricardo Raymundo. Durante sua entrevista de estreia no dia 10 de fevereiro de 2017 deixou claro a que veio. “Voltei para passar a limpo essas obras”. Seis meses depois abandonou o cargo.
“Se houvesse irregularidades nas obras, eu e o Waldemir estaríamos presos”, esbravejou Rosin aos repórteres. De fato, a arquiteta que comandou a então Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico não perdeu tempo: pelo menos seis obras de seu ex-chefe foram regularizadas junto à Caixa Econômica Federal de Presidente Prudente.
Até os técnicos da Caixa “acharam estranho o fato da secretária ter deixado de lado situações menos complexas da ex-administração de Gaspar, para agilizar processos de alto grau de complexidade da ex-administração de Waldemir”, observou um interlocutor. Acontece que em muitos desses processos, a ex-secretária também poderia ser responsabilizada com as mesmas penas de Waldemir. É uma pena!
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